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O Jardim era pequeno. O menor que já vi. Pela fonte ser apenas a árvore central do Jardim, imaginava que Ayllier fora construído em cima do lugar. Não havia problemas em matar as outras árvores, o problema sempre foi a do centro. Ela era a fonte. Era o que representava nossos reinos. É claro que, um Jardim bem cuidado sempre será bonito. Mas um Jardim corrompido, de folhas secas, só será mudado com muito custo.

Mas o Jardim também é feito daquilo que o alimenta. É por isso que se deve ter muito cuidado com o que é consumido.

E quanto a Fonte de água para de jorrar sobre o Jardim, as folhas caem, o tronco murcha e as raízes apodrecem.

Quando desci as escadas, não havia cúpula. A árvore, que outrora tivera folhas, agora parecia murcha, e sua energia pesarosa. Estava ligada a muitos fios. Tinha o tronco retorcido e torto. Os fios percorriam as paredes e pareciam extensões dos galhos de madeira, tortuosos, e erguiam-se ao chão, provavelmente para ficar no nível do subsolo e então, serem ligados aos portões.

Havia apenas três palmos de grama morta e seca.

Pelas minhas contas, naquele dia, o portão que deveria estar aberto era o Leste. Acabara de abrir na noite anterior, durante o badalar. Só esperava que a árvore estivesse seguindo um padrão, o que era provável de não ser verdade.

Qualquer portão poderia ser aberto ou fechado. Algumas vezes, eles ficavam até duas contagens de mês abertos. Mas nenhum portão abria junto ao outro. Sempre um de cada vez.

Com pressa, repuxei um dos galhos. O tempo reiniciou-se. Quarenta e cinco segundos até invadirem o porão para repor a cúpula.

Senti um nó no estômago quando me virei para subir as escadas correndo e vi, de relance, o corpo de Liana. Estava jogado do outro lado da sala e, de sua cabeça, escorria sangue. Dei dois passos em sua direção, na intenção de ir acudi-la, mas Liana abriu um pouco os olhos e piscou. Então, um sorriso possuído de dor e um sussurro distante. "Vá."

Aos prantos, subi as escadas.

Quarenta segundos.

Tinny apareceu na porta do escritório. Ao me ver chorando, entendeu o recado e lágrimas brotaram em seus olhos também.

Mas antes que minha amiga conseguisse fazer qualquer coisa, Markus a apunhalou pelas costas.

Arthora | A Ascensão dos Sete ReisOnde histórias criam vida. Descubra agora