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Duas batidas à porta me fizeram estremecer.

Eu estava ensinando, de forma breve, Barrie e Ercan a desmontar e montar uma arma, e para que cada peça servia. Era bastante útil saber disso, principalmente em momentos onde se utilizava armas de desconhecidos.

Apesar de não ter arma nenhuma, consegui idealizar em um papel, desenhando algumas peças para tentar explicar.

Comprimi os lábios. Não tinha certeza se queria visitas no momento. Talvez se fosse para trazer-me um chá... Mas, se fosse para discutir sobre qualquer assunto sério, não estava disposta a ouvir.

Abri a porta, revelando o rosto murcho de Osman. Ele abriu um sorriso.

Não retribuí.

— Vim discutir algumas coisas com você — disse, sem rodeios, e entrou no quarto, empurrando-me ao passar.

— Ei! Não te dei permissão para entrar.

Levei a mão onde eu deixava as armas enroscadas, mas lembrei-me que retiraram todas de mim.

Que droga de corte.

Sem ofensas.

— Mas eu posso entrar, já que está na minha corte.

— Que eu saiba, você não é lá grande coisa para ter qualquer parte de Parvin.

— Que eu saiba, toda sua família está submetida aos nossos exércitos, e posso matá-los quando eu bem entender, então segure sua língua.

Ah, se eu tivesse uma adaga. Poderia enfiá-la no estômago dele e retirar algumas tripas. Não era um pensamento muito pacífico, mas sentia que, quando o sangue fervia, eu não poderia ignorar tal ato.

— Diga logo o que você quer.

— Você é sempre assim tão grosseira?

— Você é sempre tão invasivo?

Osman bufou.

— Geração ingrata a sua.

O homem juntou as mãos, debaixo da barriga arredondada e grande, indicando os grandes anos de bebida. Algumas desses líquidos alcoólicos causavam inchaço no estômago, tão difíceis de reverter que praticamente te entregavam um novo corpo.

— Vim falar sobre o casamento.

— Não vai acontecer casamento nenhum.

— Ah, vai sim.

Osman se aproximou; um bafo de limão e álcool me enojou.

— Vamos dar uma volta.

Então agarrou meu braço, puxando-me tão forte para fora do quarto, que quando resisti, as unhas de Osman praticamente cravaram-se na minha pele.

Olhei para trás, como se os gêmeos pudessem entender o pedido de socorro. Não consegui ver a reação deles; aquele homem já estava me puxando para muito longe.

Tentei me desvencilhar algumas vezes, mas a força descomunal de Osman parecia querer partir meu braço e rasgar minha pele. Era difícil acompanhar os passos daquele homem.

Nós percorremos um longo caminho pelos corredores, virando algumas vezes, até chegar em uma sala.

Estava escura. A lareira crepitava, como única fonte de luz. Havia um sofá vermelho aveludado, uma mesa com três garrafas diferentes de bebida. Copos de vidro e um tapete de pele de urso.

Osman não fechou a porta quando passamos por ela.

Assim que ele me soltou, tentei voltar com um soco nele, mas logo me agarrou novamente e me empurrou contra a parede.

Arthora | A Ascensão dos Sete ReisOnde histórias criam vida. Descubra agora