Eu não disse uma palavra. Fiquei apenas imaginando ele sabendo o que estava acontecendo, deixando o coração doer e a ansiedade passar. Levou um tempo.
Quando voltei, todos ainda estavam do lado de fora. Entretanto, Aaden conversava com Alyssa. Seu rosto estava pesado, um pouco longe do Aaden brincalhão que eu conhecia.
Tinny correu até mim assim que me viu.
— Aaden disse que ela está bem — falou. — Mas ainda está perdida. Não se lembra de nada. Esqueceu-se de boa parte das coisas.
— Até mesmo de Hale?
Ela encolheu os ombros.
— Não tem como saber, ele foi bem direto e superficial, mas... acho que sim.
Comprimi os lábios.
Minha amiga ameaçou sair.
— Tinny — chamei. Ela virou-se. — Me desculpe. Eu não deveria brigar com você.
A garota abriu um sorriso tímido e cruzou os braços.
— Tudo bem, Gaëlle. Eu também sou assim. Você não faz ideia no quanto ainda me questiono. Sou tão ruim quanto você.
— Pelo menos você está um passo adiantado.
Ela sorriu.
— É por isso que te avisei. Agora estamos no mesmo degrau e podemos continuar subindo juntas.
Foi a minha vez de sorrir.
— Aaden!
Apenas um vislumbre dos olhos verdes foram vistos quando o soldado saiu em disparada para dentro da caverna.
Os gêmeos observavam, atentos.
Minutos se passaram.
Ayaz ficou lá, com o olhar perdido de preocupação, tomado pela angústia.
Alyssa retirou o próprio casaco, colocando sobre os ombros de Tinny. De imediato, retirei o meu casaco, indo até Aly e jogando sobre os ombros dela.
A princesa arregalou os olhos.
— Ah, não, Gaëlle. Pode ficar.
— Eu vou ficar bem. Estou com um pouco de calor.
Menti, não estava.
— Mas você tem alergia ao frio!
— Isso é apenas um detalhe — sorri. — Daqui a pouco vamos entrar, não se preocupe.
Eu sabia que me manter aquecida ajudaria muito na alergia do frio, mas isso era o que menos importava no momento.
Meus olhos se redirecionaram à entrada da caverna, de onde ainda não tínhamos notícias. Sabia que os soldados estavam fazendo de tudo para nos levar logo para dentro.
O tempo voava como flecha direto para o alvo, mas a noite me parecia lenta. Sentei-me próxima a Ayaz, esticando os joelhos. Havia som de grilos e mosquitos.
Até que o tique-taque incessante foi interrompido por Aaden, caminhando em nossa direção. Ele parou na minha frente. Parecia preocupado.
— Pode me acompanhar? Vou levá-la até Zylia.
Eu assenti, levantando-me.
Os passos de Aaden eram rápidos e pesados, como se fosse mesmo perigoso deixar apenas Zayin lá dentro. Eu não achava que Zylia o atacaria, mas achei importante manter o protocolo.
Zayin estava de pé. Zylia estava sentada, com as pernas dobradas e os cotovelos apoiados nos joelhos. As mechas estavam reluzentes.
Quando a tenente ergueu os olhos para mim, percebi que estavam vermelhos.
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Arthora | A Ascensão dos Sete Reis
FantasyGaëlle nunca imaginou que sua vida poderia se tornar um pesadelo tão cruel novamente: prisão, tortura e o desprezo constante. Cada dia é uma luta, e suas preces se tornam súplicas desesperadas por um retorno ao lar, ansiando pela oportunidade de exp...