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Eu pensei que não haviam embarcações há quase mil anos!

Zahara abriu um sorriso, girando o timão a estibordo, acompanhando o fluxo de navios.

— O Continente dos Sete Reinos realmente cessou tudo. Precisaram se virar para encontrar coisas que só existiam lá. Mas do lado de fora, o comércio continuou ativo. Acho impressionante que acharam alternativas para tudo.

— Mas disseram que o comércio havia se prejudicado.

A Dyriug retorceu a boca.

— Mentira não foi. Segundo meus avós, tudo ficou uma confusão durante os primeiros meses devido à materiais vindos direto do continente. Mas depois, eles conseguiram se estabilizar com o que tinham.

É claro que distorceram a verdade. Aparentemente, os reis tinham esse costume bastante fajuto.

Nosso convés encheu de vida. Foi um pouco confuso, mas nos adaptamos e trabalhamos bem para fazer aquele navio funcionar.

— Vamos — disse Zahara. — Acho que devemos jantar.

* * *

Nós nos reunimos no convés inferior, onde havia uma velha mesa de madeira, um pouco gasta pela maresia, forrada com uma toalha branca de renda.

Também haviam doze cadeiras com verniz gasto e cumbucas de barro e madeira. Os talheres eram de aço e os copos, de metal. Retiramos a pouca comida que tínhamos das mochilas e preparamos o melhor jantar que pudemos. Comemos o bezerro assado, ignorando os esquilos dentro das mochilas.

Não tínhamos muita comida para a viagem toda. Imaginava eu que precisaríamos dar um jeito de arrumar comida pelos oceanos se fosse assim possível.

— Ercan, pare! — reclamou Barrie. — Não coma dessa forma, é nojento.

— Nojento? Não tem como tirar minha mão para comer, Barrie.

— Mas é para isso que servem os talheres, seu Verme de Súlion!

— Argh! Pare de ser irritante!

— Pare de ser estúpido! Você se lembra do que o Guardião disse?

Ercan fez uma careta de desgosto.

— Para não ficar com as mãos engorduradas, se não as armas escorregam.

— Exatamente!

— Quem é esse tal de Guardião? — questionei-os.

Barrie levantou os olhos tempestade.

— Ele era esquisito. Dizia umas coisas que não batem tanto com o que vocês dizem.

— Que coisas?

A garota encolheu os ombros. O irmão desviou o olhar.

— Ele dizia que não existiam seres superiores a nós. E que podíamos dominar o mundo se desejássemos.

Franzi o cenho.

— Dizia isso mesmo, é?

— Ah, sim. E mais um monte de coisas. Ele nunca mencionou o Imperador.

Estranho. Muito estranho.

Observei-os. Os dois eram inocentes, mas aquele tal de Guardião já havia tentado fazer a cabeça deles. Ercan já havia mudado a forma de comer ao redor dos ossos do bezerro e começou a utilizar os talheres de aço.

— Vocês acreditam no que ele dizia?

Barrie deu de ombros.

— Algumas coisas fazem sentido. Outras nem tanto. Mas o Imperador nos ouviu, então eu acredito nEle!

Arthora | A Ascensão dos Sete ReisOnde histórias criam vida. Descubra agora