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Eu não sabia como funcionava bailes em Parvin. Mas, possivelmente, eram cheios de luxo e brilho pelo vestido que usei.

Ao voltar do treino com os gêmeos, depois de trocar o vestido cheio pelo meu traje, havia um caixote grande em cima da mesa. Era uma caixa bem espalhafatosa, azul, com um laço de fita vermelha no meio.

No centro, havia um bilhete de bordas douradas que dizia:

"Acho que deveria usar este vestido nesta noite. Combina com você.

Harvey."

De súbito, torci o nariz.

Então, desfiz o laço, vendo o cetim desfazer-se com facilidade.

Ao abrir a caixa, por entre o papel manteiga amassado, encontrei um vestido. E, sinceramente, o mais lindo que já vi.

Era verde. Um tom suave, porém ameno, nada chamativo demais. As pedrarias eram prateadas, e cursavam um caminho pelo vestido, desenhando-o de forma suave. O corpete era completamente trabalhado em prata e verde. A saia tinha babados, não muito extravagantes, que me deixava com uma meia calda. Elas caiam de forma suave ao redor da saia debaixo. As pedras traçavam linhas, formando belos adereços pendurados.

A ponta do vestido era bordada, à mão, em linhas suaves de prata brilhante, contornando o vestido como uma linda representação do vento. As mangas eram delicadas, de um fino tule, que formavam uma alça sobre os ombros.

Soltei um suspiro.

— Nossa.

Dentro da caixa, havia também um colar. Era de prata, suave, como a noite. Brilhava mais que tudo e estava acompanhado de brincos cintilantes de mesma forma.

— Aparentemente, é um baile de gala — murmurei.

Perguntei-me se os outros haviam recebido seus respectivos trajes, também. Ou será que Harvey estava apenas preocupado com o que eu usaria?

Balancei a cabeça.

Era melhor eu me aprontar logo. Esse baile podia nos render uma longa dor de cabeça.

* * *

Tique-taque.

Havia cheiro de chocolate, mirtilos e café. Havia também, muita luz e muita gente. Tantas pessoas que não me parecia um baile íntimo, nem mesmo apenas uma festa. Elas pulavam e dançavam ao som das músicas de violino e piano.

De longe, aerialistas desciam pelos tecidos com trajes brilhantes. Os garços, de um lado para o outro, deslizavam sobre o chão, mas não me pareciam ter nenhum tipo de sapato especial para isso.

Algumas pessoas usavam perucas estranhas, grandes demais para aquelas cabeças minúsculas, com laços extravagantes e fitas de cetim. Outras usavam roupas apertadas demais, quase do próprio tom de pele.

Torci o nariz. Mal gosto para roupa é algo sério.

Ao meu lado direito, no fundo do salão, haviam quatro tronos. Dois maiores e dois menores que estavam, estranhamente, vazios.

Pendurado nos tetos, havia bandeirinhas azuis e amarelas, escrito "Parvin" em uma letra relativamente torta. Havia também lâmpadas pendurada por fiozinhos e fitas de cetim finas amarradas nas taças, talheres e cadeiras do salão.

A música que soava me dava vontade de dançar e deslizar pelo salão, mas aquilo tudo não parecia nada com um baile de gala.

— Parece que alguém realmente veio.

Arthora | A Ascensão dos Sete ReisOnde histórias criam vida. Descubra agora