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Barrie estava com um vestido azul escuro. O cabelo loiro destacava-se pela cor que refletia bem sua pele. Os olhos cinzentos, vagearam o quarto.

Havia algumas horas que estávamos ali. Depois de cochilar, eu acordei, e Barrie também. Então nos juntamos em silêncio em uma cadeira de balanço, parecida com a que tinha no quarto de Zylia.

— Gaëlle, o que vai acontecer com a gente?

Observei Ercan dormindo, tão pacificamente que babava sobre o travesseiro, antes de responder. As vezes, precisava pensar duas vezes antes de dizer alguma coisa para eles. Embora não fosse preciso tanta cautela, a forma como é dita as coisas pode impactar demais sobre como a pessoa interpretará sua frase.

— O que você quer dizer com isso?

Ela encolheu os ombros do meu lado, tirando alguns fios de cabelo da testa suada.

— É que nós estamos em perigo, não estamos?

— Barrie. — Ela olhou para mim. — Por que diz isso?

— Pela forma como vocês falaram, este lugar parece perigoso. Ercan saiu correndo chamar Renoward quando você saiu com aquele homem.

— Osman?

— É. Eu não gostei dele.

A ferida na minha perna pareceu tomar uma ardência um pouco mais aguda. Comprimi os lábios. Barrie era esperta.

Se Osman decidisse fazer alguma coisa com ela, talvez eu fosse a primeira a apontar-lhe uma arma improvisada.

— Eu também não. Vamos fazer um combinado?

Ela me olhou e levou a mão à testa, pensante. Então, concordou com a cabeça.

— Se você se sentir desconfortável, ou vir alguma coisa que te incomoda, vem correndo me avisar. Ou pode avisar Zylia, se quiser.

— Tá bom.

— Pode me contar tudo, Barrie.

Ela balançou a cabeça, emaranhando os fios do cabelo loiro.

Não era a primeira vez que eu me questionava sobre os poderes dos gêmeos. Quando se desenvolveriam, quando apareceriam. Se eles teriam controle imediato sobre isso ou deveriam aprender a lidar.

Havia me esquecido de perguntar à Zylia. Costumava desejar momentos de paz e, quando eles chegavam, não queria encher a cabeça com outros assuntos que, inevitavelmente, iam e vinham.

Acariciei a cabeça de Barrie, depositando um beijo na testa dela.

— Quando vamos treinar juntos? — perguntei.

— Você realmente quer? — perguntou-me um pouco mais alto que o desejado, virando-se para mim. Ercan remexeu-se na cama, mas continuou a dormir.

— Claro que sim.

Era um bom momento para passar junto com eles e criar memórias. Acho que seria importante.

— Então podemos ir hoje — respondeu.

— Ah, e você sabe onde tem um bom espaço para a gente derrubar umas estantes?

Ela riu.

— Não, mas eu e Ercan podemos achar para você. Nós somos muito bons nisso.

Eu abri um sorriso.

— Então eu encarrego vocês dessa tarefa, pode ser?

— Sim. Aliás, onde está aquela sua espada superdivertida?

Arthora | A Ascensão dos Sete ReisOnde histórias criam vida. Descubra agora