Quando fechei os olhos, eu senti minha cabeça zonza.
Só podia ser brincadeira. A situação não podia piorar.
Eu queria, sim, casar um dia. E construir uma família, com filhos adotivos, já que meu útero não me permitiria continuar minha linhagem sanguínea. Não que isso importasse.
Queria poder dizer que amava alguém um dia, da mesma forma que Hale amou Zylia.
Mas casar-me por um Jardim? Acho que essa não era uma boa opção.
Quando observei Harvey novamente, ele estava com os dentes cerrados. Não sei bem o que ele pensava disso. Se ele concordava com essa regra, eu definitivamente eu o achava estranho.
Mas o homem permaneceu calado, com o olhar baixo.
— Eu posso ver meus amigos?
Queria conversar com Zylia. E com Aaden, e talvez com Ayaz. E com Renoward. Céus, como queria ouvir os conselhos.
— Você aceita? Casar?
— Eu não sei. Não esperava por essa proposta.
— Imaginei que não fosse gostar.
— Parece até mesmo que você não gosta.
— É porque não gosto.
— Eu vou ter que me casar com você, não é? — murmurei.
Ele me olhou, curioso. Dei de ombros.
— Não me parece uma opção muito feliz, mas parece que não há outro jeito. Imagino que está pensando o quão esquisito é casar com alguém que não conhece.
— Nem me fale.
—De qualquer forma, não aceitei.
— Você vai negar, então? — Ergueu as sobrancelhas.
— Não posso, ao menos, ter um tempo para pensar?
Ele ponderou. Até que seus ombros vacilaram.
— Tudo bem. Leve o tempo que precisar. Eu não tenho pressa.
— Nem eu.
— Vou acomodá-los nos quartos de visitas e você pode frequentar a ala do palácio que desejar. Se precisar de mim, é só pedir para te levarem até onde eu estiver.
Harvey levantou-se, retirou uma chave de ramos dourados do bolso e soltou as algemas. Eu me levantei, agora de frente para ele.
— Vou pedir para que te arrumem conforme os costumes do meu povo. — Então, encolheu brevemente os ombros. — Você sabe, para não desconfiarem tanto de ser de fora.
— Seus pais vão me matar se souberem disso?
— Não. Mas é possível que haja uma revolta da parte deles. Deixe isso comigo.
Ele caminhou até a porta, abrindo-a e dando acesso a um corredor de luxo.
— Seus amigos estão no andar de cima. Antes que vá até eles, vou encaminhar criadas para que cuidem de você. Só para não desconfiarem.
Assenti.
— Tudo bem.
Melhor aceitar esses termos, por mais desagradáveis que fossem. Harvey já tinha feito coisas terríveis. Se queríamos sair vivos dessa situação, era bom que fossemos cuidadosos.
E assim foi feito. Na próxima hora, eu fui lavada e vestida. Minha roupa era um vestido de pura seda. Oscilava a cada movimento e era tingido por uma cor azul céu. Haviam detalhes dourados por todo o vestido e flores desenhadas pelo mesmo fio de ouro na barra. As mangas do vestido eram de um azul transparente, mas as costas eram fechadas.
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Arthora | A Ascensão dos Sete Reis
FantasyGaëlle nunca imaginou que sua vida poderia se tornar um pesadelo tão cruel novamente: prisão, tortura e o desprezo constante. Cada dia é uma luta, e suas preces se tornam súplicas desesperadas por um retorno ao lar, ansiando pela oportunidade de exp...