Capítulo narrado à parte de
Gaëlle Provence
De forma involuntária, Zayin deu um passo à frente quando viu o corpo de Gaëlle ser lançado longe e bater contra a água, sumindo pelo meio das grandes ondas.
Angústia tomou-lhe o coração. A gárgula a afogaria. Vanella foi atrás, como se respondesse o chamado de sua dona.
Mas passou-se dez segundos, e depois vinte e depois quinze e depois trinta e depois um minuto.
E Gaëlle não emergiu.
— Ah, não, rapaz. Não vai me dizer que a ama — provocou Asriel.
Porém o príncipe se manteve em silêncio. Observando a água, esperando por qualquer sinal dos cabelos ruivos de Gaëlle.
Nada.
— Você a ama, Zayin Erverhart?
O soldado ficou em silêncio. Confessar levaria Gaëlle à perdição.
— Se não quiser me responder, tudo bem. Porém a garota continuará lá no fundo.
Não confessar também a levaria à perdição. Sabia que não dependia de sua resposta e sim que, o fato de responder, entregaria seu amor por ela. Nem em um milhão de anos Zayin seria capaz de reduzir isso a uma simples palavra. Não compreendia tamanha admiração e amor que tinha por ela.
Isso nunca poderia explicar o quanto ele estava mesmo disposto a sacrificar quase tudo.
E por que não tudo?
Porque havia apenas uma única coisa de que ele não abriria mão. Sua devoção.
Jamais se apartaria de Yüksek, nem mesmo se sua vida dependesse disso.
Tinha sorte de Asriel não saber. Se sabia, o Konathus nunca usou contra ele.
— Acho que ela vai se afogar... — ele cantarolou.
— Eu amo.
Asriel virou-se para Zayin tão rápido quanto uma serpente.
— O que disse?
— Eu a amo. Era isso que queria saber, não era? Eu amo Gaëlle Provence.
Quando o Konathus avançou, o príncipe agiu mais rápido e, em um movimento bruto e grotesco, bateu a criatura contra o mastro grande, o mesmo que Gaëlle se apoiara anteriormente.
Zayin apertou-lhe a garganta, fazendo questão de ver os olhos do Konathus oscilarem entre amarelo e dourado, expressando sua dor.
— Toque nela e eu mato você.
Asriel sorriu.
— Você se esqueceu que está onde não tem poder nenhum sobre mim.
O soldado foi arremessado, batendo com força do outro lado do navio. Suas costas foram tomadas pela dor. Sabendo que estes poderiam ser seus últimos atos, protegeria Gaëlle dali enquanto, sutilmente, sinalizava para que Aaden se jogasse do navio e nadasse até a menina, salvando a pele dela.
Morreria, mas talvez poderia vingar tudo o que Asriel já havia feito. Contra ele, contra sua irmã, contra Zylia, contra Gaëlle.
E contra Aaden.
Sentiu os órgãos espremerem-se dentro de si quando sangue jorrou por sua boca e também escorreu de seu nariz. Em um movimento de desespero, levou a mão até o dispositivo da máscara e o abriu, deixando seu sangue pingar no convés molhado.
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Arthora | A Ascensão dos Sete Reis
FantasíaGaëlle nunca imaginou que sua vida poderia se tornar um pesadelo tão cruel novamente: prisão, tortura e o desprezo constante. Cada dia é uma luta, e suas preces se tornam súplicas desesperadas por um retorno ao lar, ansiando pela oportunidade de exp...