Capítulo 19

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A ressaca na manhã seguinte foi épica. Quando ele desceu cambaleando até o Salão Principal meio morto, viu Snape sentado na mesa principal, lendo o jornal. Sentiu, mais uma vez, o peso dos olhos escuros sobre ele e olhou para cima.
Snape parecia bem. Claramente ele tinha tomado a poção. Harry fez uma careta e sentou-se cuidadosamente, tentando impedir o rebanho de hipopótamos que parecia estar pisoteando sua cabeça de ficar ainda mais agitado – sem muito sucesso. A comida diante dele quase o fez vomitar, a náusea quase o dominando por um momento. Ele concentrou-se no chá, puxou-o para mais perto e inclinou-se sobre a xícara.
Um batimento cardíaco depois, um pequeno frasco apareceu sobre a xícara e se despejou nela. Ele congelou, observando enquanto ele desaparecia novamente, antes de olhar para cima para Snape, que ainda o observava.
Ele sorveu cuidadosamente um pouco do chá quente, descobrindo que acalmava um pouco o tumulto dos hipopótamos. Ele tomou mais um pouco, quase queimando a língua ao fazê-lo, apenas para confirmar – Snape tinha lhe dado uma cura para a ressaca.
Ele sorriu, extremamente grato a Snape, e murmurou um rápido obrigado para ele, sem ter certeza se o outro homem podia ver. Snape sorriu fracamente, antes de erguer o jornal e esconder sua expressão.
Harry concentrou-se em seu chá e no doce alívio que ele trouxe. No final da xícara, ele até conseguiu se forçar a comer um pouco.
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Mal uma semana no trimestre, ele teve um encontro estranho com Snape. Pelo menos, comparado à estranheza usual de sua nova associação.
Não foi estranho de todo se comparado à sua animosidade de uma década. Ele passou por Snape no corredor, deu um pequeno aceno na remota chance de que o homem estivesse olhando, e se desviou para não esbarrar nele, esperando que Snape fizesse o mesmo. O outro homem fez o oposto, estendeu o cotovelo para que Harry esbarrasse nele. Ele resmungou quando tropeçou, parando assim que Snape fez.
O outro homem o encarou, com expressão furiosa.
"Detenção, Potter. Esta noite, na minha sala de aula." Ele rosnou - apenas para virar e sair novamente.
Harry ficou olhando para trás, confuso como tudo.
"Puxa, ele deve estar tendo um dia ruim." Ron disse ao seu lado. "Azar, companheiro."
"Sim." Ele concordou, apenas um pouco irritado. O que ele tinha feito ao outro homem, afinal?
Ele passou o resto do dia pensando sobre isso e não chegou a lugar nenhum. Eles não tinham tido nenhum problema - ele se saía bem nas aulas, entregava suas tarefas, cumprimentava Snape quando o via, e... nada. Nada estava errado.
Mesmo assim, desceu para as masmorras quando chegou a hora, franzindo o cenho furiosamente ao entrar na sala de poções.
Estava vazia. Ele esperou alguns segundos antes de ir hesitante até os aposentos de Snape e bater na porta lá.
"Você está atrasado." O homem rosnou.
"Você disse que era na sua sala de aula." Ele retrucou na mesma hora. Snape congelou por alguns segundos, a mandíbula se contraindo e relaxando.
"Eu... peço desculpas." Ele surpreendeu Harry ao dizer. Ele relaxou imediatamente, sem entender completamente, mas apreciando a desculpa mesmo assim.
"Ok... então você vai explicar, então? Porque, quero dizer, eu não acho que você esbarrar em mim justifica detenção."
"O que claramente isso não é, porque você está em meus aposentos e ainda está vivo." Snape disse sarcasticamente.
Harry bufou, apesar de si mesmo. "Ok então, o que é?" Ele perguntou, apoiando-se no braço de uma poltrona.
Para sua surpresa, Snape parecia vacilar, estranhamente. O homem parecia... nervoso, quase. "Você... gostaria de jantar comigo?" Ele perguntou.
Harry piscou confuso. "Bem, claro. Se você quiser. Por que, de repente?" Ele perguntou, confuso como tudo.
O homem mais velho suspirou. "Eu... não conseguia pensar em uma... maneira melhor de perguntar. Dessa forma, ninguém vai questionar se você perder o jantar."
Ele assentiu. "Claro. Alguma ocasião especial?" Parecia estranho Snape fazer isso tão repentinamente quando ele nunca tinha feito antes.
"Acontece que é... meu aniversário hoje." Snape admitiu quietamente, não olhando diretamente para Harry.
Ele olhou boquiaberto para o homem mais velho, absolutamente pasmo. Seus pés se moveram quase por conta própria enquanto ele se aproximava do outro homem e o puxava para um abraço. Snape estava rígido quando ele o fez, se curvando desajeitadamente para permitir que Harry envolvesse os braços em volta do pescoço dele. Harry teve que ficar na ponta dos pés de qualquer maneira, mas ele ainda os pressionou firmemente juntos.
"Feliz aniversário, Severus." Ele sussurrou, assim que braços finos se enrolaram em volta de suas costas e retribuíram o abraço, primeiro suavemente, depois um pouco mais firmemente. "Você deveria ter dito algo mais cedo. Eu teria comprado um presente para você." Ele disse suavemente.
"Não preciso de um presente. Mas eu... apreciaria sua companhia."
"Eu ainda gostaria de te comprar um." Harry insistiu. "Talvez possamos ir ao Beco Diagonal amanhã?"
"Está bem." Snape concordou, ainda não tendo o soltado, mantendo Harry pressionado contra si mesmo.
"Vou comprar mais um charuto se você quiser fumar um esta noite?" Harry ofereceu, seu coração batendo um pouco mais rápido.
Snape resmungou, com o rosto pressionando um pouco mais perto do pescoço de Harry. "Embora eu aprecie sua disposição para... desperdiçar sua fortuna, isso dificilmente é um uso justo dela."
Ele riu. "Eu recebo mais do que isso em juros por mês. Honestamente, está tudo bem. Eu posso não ser rico como Malfoy, mas seu aniversário é apenas uma vez por ano. Então, se você quiser..."
"Eu gostaria." Snape concordou em um tom baixo que fez Harry tremer.
"Bom." Ele confirmou, soltando quando seus ombros começaram a doer.
Snape recuou também, assim que ele o soltou.
"Você gostaria de sair para jantar?" Harry perguntou.
O homem mais velho resmungou. "Tenho certeza de que isso não seria notícia nos jornais. Espião Comensal e garoto-que-sobreviveu jantam em Londres." Ele disse ironicamente.
Harry fez uma careta - ele tinha esquecido como era, fora de Hogwarts.
"Desculpe." Ele disse com um pequeno sorriso.
"Não importa. Tomei a liberdade de conseguir uma garrafa de champanhe para nós, se você quiser." Snape disse, virando-se.
Ele sorriu. "Adoraria brindar ao seu aniversário. Nunca experimentei, no entanto."
Snape acenou com a varinha e uma garrafa apareceu, junto com dois copos. Ela se serviu, líquido dourado e espumante nos copos altos. Harry pegou um, Snape o outro. Ele percebeu imediatamente que os dedos de Snape pareciam tão elegantes segurando a taça de champanhe quanto segurando um charuto - combinava com ele.
Ele afastou o pensamento e estendeu o copo. "A...?" Ele hesitou, sem ter certeza da idade exata de Snape.
O outro homem bufou e desviou o olhar. "Trinta e nove." Ele admitiu.
Harry sorriu. "Ainda-não-quarenta... e que você tenha muitos anos pela frente." Ele disse.
Snape não respondeu, mas encostou levemente seu copo no de Harry, quase sorrindo ao fazer isso.
"Gostaria de jogar xadrez antes de comermos?"
"Outra chance de te massacrar no tabuleiro de xadrez? Deve ser meu aniversário." Snape zombou.
Harry riu e experimentou o champanhe - era leve, as bolhas sentindo-se um pouco estranhas contra sua língua, mas ele até que gostou.
"Vou tentar tornar isso um desafio, pelo menos." Ele prometeu, sabendo muito bem que Snape, de fato, absolutamente o massacraría.

Blowing Smoke [TRADUÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora