Capítulo 1

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"Você acha?"
"Quero dizer, ele deve ser, certo?" Ron perguntou, distraído.
Harry murmurou. "Mas ele se importa - ou se importaria?"
"Ele ainda é humano", Hermione sibilou enquanto fazia sua lição de casa.
"É mesmo?" Ron e ele disseram ao mesmo tempo.
Harry deu a Hermione um olhar vazio e encolheu os ombros. "Um humano teria morrido na Cabana."
Ela riu com desdém, batendo sua pena na mesa. "Ele não morreu porque é um Mestre em Poções e tinha antiveneno e repositor de sangue. Essa conversa é ridícula... e não vai te livrar da detenção, quer ele esteja solitário ou não." Ela retrucou.
Harry franziu o cenho para ela e saiu do sofá - já estava quase atrasado.
"Talvez você devesse apenas oferecer para tomar uma bebida com ele em vez de detenção, cara!" Ron chamou depois dele com uma risada, assim que o retrato da Dama Gorda se fechou atrás dele.
Ele mostrou o dedo médio para o retrato, recebendo um suspiro indignado dela. "Não era para você, Madame." Ele se desculpou desajeitadamente. Ela apenas bufou e virou as costas.
Sombriamente, ele desceu para os calabouços para sua detenção. Ele - um homem crescido, vencedor do Lorde das Trevas, lá embaixo por detenção. Porque de alguma forma, mesmo depois do que ele tinha feito, Snape não podia lhe dar o benefício de esquecer sua lição de casa uma vez.
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Ele entrou amargamente na sala de poções, não surpreso ao encontrar o velho rabugento inclinado sobre um caldeirão já. Foi recebido por um olhar carrancudo familiar, rapidamente derretendo para um esgar ainda mais desagradável. "Tarde, Potter", ele disse bruscamente. "Linhas. Duzentas delas."

Ele cruzou os braços. "Pensei que poderíamos fazer algo diferente hoje. Tomar uma bebida, talvez?" Ele disse sarcasticamente - isso mostraria a Ron quando ele voltasse para a sala comunal, mais tarde. Se ele voltasse e Snape não o desmembrasse ali mesmo.

"Você está louco, Potter? Isso é uma detenção. Não... não um bar", disse Snape, praticamente espumando pela boca.

"Tudo bem", ele retrucou. "Só achei que seria melhor conversar do que ficar sentado em silêncio." Ele sibilou, sentindo-se estranhamente obrigado a se defender - como se a sugestão de tomar uma bebida com Snape não fosse ridícula o suficiente.

Silêncio ecoou por um momento na sala - quando Snape não disse mais nada, ele se sentou em sua mesa sem dizer uma palavra. Claramente, nem valia a pena uma resposta agora - só sua sorte, é claro. Ele se sentou e pegou sem entusiasmo a pena. Nem sabia o que escrever. Normalmente, Snape lhe dava uma frase.

Ele olhou para cima, pronto para perguntar, apenas para congelar. Snape estava parado na sua frente, sua expressão quase confusa. Em suas mãos estavam... dois copos com um dedo de líquido âmbar cada um. Harry encarou, inexpressivo, sem entender nada - pelo menos não até que um dos copos fosse atirado em sua direção, com tanta força que quase derramou.

Ele o pegou apressadamente, colocando a pena de lado. Snape cruzou um braço sobre o peito, usando o outro para dar um gole na bebida. Ele olhou para baixo, quase surpreso ao encontrar, de fato, ainda um copo em sua mão. Ele deu um gole cuidadoso, reconhecendo a queima da uísque de fogo.

Ele tossiu levemente, soltando um pouco de fumaça negra. Snape fez um esgar, virou-se e se afastou, indo para a sua mesa. Totalmente surpreso, Harry decidiu... segui-lo. Claramente, algo estava acontecendo se Severus Snape lhe desse álcool durante uma detenção. Ele se inclinou cautelosamente contra a mesa depois que Snape se sentou em sua cadeira, franzindo o cenho tão ferozmente quanto sempre fazia.

"Você queria... conversar, Potter?" A voz do homem praticamente pingava de desdém, como se duvidasse que Harry fosse até capaz. Ele deu mais um gole no uísque, apenas para não insultar o idiota, procurando desesperadamente por algo que pudesse dizer.

"A mordida está curada adequadamente?" Ele perguntou, fazendo um gesto para o pescoço habitualmente bem coberto de Snape. A pergunta pareceu surpreender o homem, dedos longos e esguios subindo para tocar sua garganta.

Blowing Smoke [TRADUÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora