Olho para minhas malas prontas para ir embora. Eu não gostaria de ir, queria ficar mais um pouco. Mesmo que eu tive de fazer um trabalho, consegui relaxar e descansar.

O momento no SPA me fez lembrar que sou Malu também, não apenas uma mulher grávida que tem que comprar roupas de bebê e fazer exame.

Me sinto perdida, confusa e ao mesmo tempo me encontrando. Não vou dizer que estou nesse estado por causa da Agnes ou por causa de Felipe, mas sim por mim mesma.

Eu me matei aos poucos para caber em lugares que não me pertencia. Para ser algo que não sou, por exemplo, joguei muito com Carlos e Felipe. Com outros homens também.

Sabe, esses jogos de sedução.

Eu não sou má, também sou gentil. Mas gentileza não serve não é mesmo?

Aliás, nada serve.

Fiquei perdida entre essa história de namorar, casar, ter filhos e ter estabilidade, dinheiro e conforto, até porque amor não põe a mesa.

Mas ando percebendo que talvez eu não precise de nada disso. Não preciso viver esse modelo de vida que parece ser o mais certo. Quero dizer, o que é certo? O que é errado?

Passo a mão em minha barriga sentindo uma angústia em meu peito.

Meu coração foi dilacerado por mil mesma. Em partes, para caber na vida de Felipe aceitei o pouco que ele me oferecia.

Aliás, não sou eu quem estou dizendo que era pouco. Me ditaram isso. Era errado ser uma amante, homens não amam suas amantes, ele nunca vai mudar por você, logo será traída também.

"O que começa errado, termina errado"

Mas não, o que começa, termina e ponto. Nada é para sempre. Portanto, receio que esse amor também não.

Com os celular em maos olho as mensagens de Felipe que veio ignorado. Ele ainda senti ciúmes, ele ainda quer saber tudo sobre mim.

Ele ainda se importa e eu ainda sou a pessoa que moldei para caber ali, onde não me cabe. Talvez se eu fosse mais gentil, Felipe não gostaria.

Tudo o que é calmo, logo não é amor. As pessoas querem turbulência, mas não assumem. Quando estamos em paz criamos nossos próprios problemas, a paz é muito chata.

O que quero dizer é, eu não sei se quero viver nesse modelo imposto. Ficar, namorar, casar, formar uma família.

Me olho no espelho. Meu cabelo grita por uma hidratação, água do mar faz isso. Os meus peitos estão maiores, não muita coisa. A minha barriga ainda continua pequena, acho que não vou ser grávida de barrigao. E os meus olhos, andam tristes.

- O que tanto encara? - Bianca pergunta animada. Já vestida para ir ao SPA novamente. - Você está linda! Apesar de que amanheceu triste. O que foi, Felipe brigou com você?

- Eu tô com medo, Bianca. - revelo com voz de choro. - Era para eu estar feliz não é? Felipe me ama, seria fácil voltar para ele. Vamos ter uma filha. Podemos ser uma família, mas eu to com medo.

- Dá medo mesmo, mas se você não ficar com Felipe, você e Agnes ainda serão uma família.

- Eu não sei se quero. Porque a gente passa a vida tentando ter bom emprego, um bom salário, até aí ok. E aí a gente passa a vida inteira querendo um relacionamento, pra que? Casar para que Bianca? Olha que sem nexo.

- Por amor.

- Mas o amor não acaba se cada um morar em sua própria casa. Acaba não,Bi.

Ela dá um sorrisinho de canto.

Me EsperaOnde histórias criam vida. Descubra agora