Acordo com o som da campainha da minha casa tocando incansavelmente. Olho as horas no celular que estava jogando debaixo do travesseiro.

Vou para o banheiro me escorando nas paredes sem tocar o pé no chão. Como dói e coça essa praga. Sento no vaso tranquilamente e faço meu xixi, a pessoa apressada la fora que espera. Após, escovo meus dentes, lavo meu rosto, passo desodorante e um creme de pele bem cheiroso. Não dá tempo de tomar um banho.

Com a toca roxa de cetim no cabelo e a camisola no mesmo tom, atendo o interfone.

- Quem é?

- Vim trazer seu carro. - ouço uma voz um pouco familiar dizer.

- Abre o portão da garagem e deixe ele aqui dentro, por favor.

- Ok.

Ainda tentando processar de um onde conhecia aquela voz, coloco a mao no rosto enquanto sinto-me nervosa. Era de Felipe, óbvio. Como eu poderia ter esquecido? Merda de remédios fortes que arrumei com o farmacêutico ontem.

Sinto o abdômen doer novamente. Dessa vez uma cólica não tão forte como da outra vez, mas ainda assim dói.

Fico preocupada.

Pego um copo d'água e tomo. Resolvo esquentar minha bolsinha de água quente. Vejo a porta que dá acesso a garagem abrir e Felipe entrar.

Ele vestia uma calça jeans de lavagem clara, um tenis branco, uma blusa branca e uma corretinha prata no pescoço.

- Eu vim saber como você esta.

- Bianca mandou você trazer meu carro?

- Não. Eu pedi na verdade, mas ela nao deixou! Daí entregou para o Gabriel as chaves, ele me deixou vir desde que eu nao conte para Bi que vim. Eu queria te ver.

Sinto meu coração errar uma batida e se aquecer.

- Pois eu nao quero te ver. - sou firme. Eu sempre quero ver Felipe, mas nao dessa forma. Não mais.

- Malu, eu estava preocupado. Olha como ta sua perna e você morando aqui sozinha. Você poderia ter morrido.

- Poderia sim e graças sua namorada. Faz assim, Felipe se quiser me ver termina com aquela psicopata louca, se continuar com ela nao sera bem vindo na minha casa e nem na minha vida.

- Ela disse que foi um acidente, esta se sentindo super culpada e quer se desculpar.

- Escuta aqui, nem ouse trazer essa louca aqui na minha casa nao e nem mostrar onde moro. Se ela vier aqui na minha casa, Felipe... e você sabe, sabe que nao estou brincando. - a cólica aumenta mais um pouco e coloco a mao na minha barriga. - Se ponha para fora da minha casa e da minha vida. - acabo gemendo de dor. - Mas antes me leva pra minha cama, me ajuda Felipe. Depois traz minha bolsinha.

Todo agoniado e sem pensar em nada ele faz o que peço, me pega no colo e me deixa deitada em minha cama.

Começo a ficar preocupada com essas dores com medo de perder meu bebê. Eu nao quero ele, mas também nao quero perde-lo, pois é uma extensao minha e de Felipe.

É a prova do nosso amor.

É um pedacinho do Felipe dentro de mim e nao posso perde-lo.

Felipe me traz a compressa de agua quente e eu coloco onde dói.

- Agora pode ir.

- Nao vou te deixar assim. Deve estar sentindo dor pela queda, vamos pro hospital.

- Vai embora daqui, Felipe. - grito com ele impaciente. - Me deixa em paz, me deixa em paz. Eu nao quero a Sofia perto de mim, nao quero. - começo a chorar. - Entao sai, Felipe. Você esqueceu que eu estava com você e com Carlos. Esqueceu que esta com raiva de mim?

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