Ao chegar no hospital não demoro muito para ser atendida,  por pura sorte. Todos sabem o quão demorado o atendimento é, por mais que você tenha um plano de saúde.

Contei ao médico tudo o que estava sentindo, ainda apreensiva informei a ele sobre minha gravidez e minha queda. Tinha medo do que poderia estar acontecendo, talvez esteja perdendo o bebê,  dessa vez de vez.

Realizei um ultrassom, o médico me informa que o bebê está bem, mas que iria me internar para eu ficar em observação.

Após deitar na cama, a enfermeira vem me furar para colocar o soro. Sua mão é leve e ágil, de forma que foi bem rapidinho e pouco dolorido a agulhada.

- Você vai ver, vai melhorar rapidinho e seu bebê vai ficar bem. Vocês vão! Não se preocupe, você deve estar bem nervosa e com medo né!? - ela dá um sorriso doce.

Por um momento me pego questionando se eu realmente não ficaria feliz se perdesse esse bebe. De fato, agora não é um momento bom para ter um filho. Estou crescendo profissionalmente ainda, não sei se tenho condições financeiras de criar alguém, tampouco emocionais.

Porque a gente sempre acha que essas coisas não vão acontecer conosco? Sinto que a sensação de controle é completamente falsa, o que estamos controlando? Por Deus, eu não pude evitar nem uma gravidez.

E agora eu nem sei se o pai pode ficar sabendo. O que Sofia faria? Gosto nem de pensar nisso, muito embora isso não saia da minha cabeça.

- Seu acompanhante já vem, ok!? - a enfermeira informa me trazendo de volta. - Ele está bem ansioso para te ver, preocupado.

Droga, Felipe está aqui. Não demorou nem dois minutos para ele aparecer.

- Oi. - ele cumprimenta entrando no quarto.

- Ele que é o pai do bebê? - a enfermeira questiona, após ter finalizado a medicação. - Vocês são um casal lindo, esse neném vai ser bonitão. - comenta distraída saindo da sala.

Eu só pude arregalar os olhos e olhar sem graça para Felipe, que por sua vez me questiona com o olhar.

- Está grávida?

- Mais ou menos.

- Não existe mais ou menos, esta ou não? É por isso que está sentindo essas cólicas. Por Deus, se você não tivesse vindo para o hospital? Ia passar a noite sentindo dor sozinha e perdendo o meu filho? - ele indaga indignado.

- Como que é? Não tem nada seu aqui, Felipe. - Afirmo enquanto ele se aproxima com um olhar meio abobalhado, o que me irrita devida as circunstâncias. - Esse bebê é apenas meu e por isso eu decido o que é melhor.

- Se não é meu, de quem é então?

Felipe coloca a mão em minha barriga e sorrir tal como fazia antigamente. Aquele sorriso que eu tanto amava, que chegava nos olhos havia voltado.

- É claro que é meu filho, não venha de onda.

Tiro a mão dele de mim. Tomando ar para tirar coragem de onde não tinha.

- Não tem nada seu aqui. - afirmo com a voz falha. - Esqueceu que sou uma vagabunda? - questiono relembrando das tantas vezes na qual ele usou esse adjetivo e tantos outros para se referir a mim. - Não dou para todos? Não tem como esse bebê ser seu.

- Lógico que tem. - afirma com convicção e com uma certa mágoa por eu estar dizendo essas coisas. - É meu filho, sinto que é.

- Se quer um filho, faça o seu!

- Mas já fiz.

- Sai daí,  Felipe. Você não fez nada porque o bebê é do Carlos. Carlos é o pai! Jamais teria filho com um pobre.

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