Entro na hamburgueria e sento em uma mesa do lado de dentro, perto do ar condicionado. Gosto desse local, o lanche não é artesanal, é um podrão mesmo. Mas a lanchonete em si parece locais chiques e com hambúrgueres caro.

O piso está sempre limpissimo. O local conta com uma área com deck onde tem algumas mesas para pessoas se reunirem ali olhando a rua e tomando um vento.

Mas o que mais gosto mesmo é do ar condicionado aqui dentro, gosto de me sentir frequisnha e esse país faz calor demais.

Folheio o cardápio a fim de ver o que iria comer. Mas no final sempre peço a mesma coisa. Depois verifico as horas e mando uma mensagem para Felipe perguntando se ele de fato virá, pois está atrasado e não vou esperar por muito tempo.

Sinto o delicioso cheiro do bacon sentindo uma enorme vontade de comer. Hoje vomitei praticamente quase tudo o que comi, assim não dá sabe!? Esse negócio de tá grávida é um saco.

Digito uma mensagem para Felipe, mas antes de enviar o vejo entrar pelo salão.

- Desculpa a demora. - ele me dá um beijo na bochecha e se senta a minha frente.

Faço um biquinho e não respondo.

- Acabei agarrando lá no serviço.

- Tudo bem, Felipe. Vamos pedir? - respondo impaciente. - Eu quero um xbacon, com adicional de calabresa, cebola roxa, dois bifes de picanha e mussarela, bastante.

- Atah, você quer o BaconBet, o de sempre. - ele responde também impaciente. Felipe deve estar sem saco para me adular o hoje. A expressão está seria, cansada, emburrada e dá para ver que ele está exausto.

Ele chama o garçom e faz nossos pedidos. Já pedindo uma água de cocô e uma normal para deixar em nossas mesas.

- Como foi o dia?

- Exaustivo, Maria. - ele puxa o ar e depois solta. Os ombros complemente tensos, o homem não está para papo hoje. - Fiquei até mais tarde na empresa, tive que ir em casa tomar banho correndo. Peguei um transito horroroso agora.

- Hum, poderia ter mandado uma mensagem dizendo que iria se atrasar não é!? - pego meu celular na mesa e verifico minhas redes sociais. Estava nervosa demais para a conversa que teríamos. Não será fácil. Eu vim armada, mas pelo visto não fui a única.

Felipe toma o celular da minha mão. - Não fode, Maria Luisa. Foi só 10 minutinhos. - ele guarda meu celular em seu bolso. Apenas desvio o olhar e encaro a rua pedindo a Deus paciência para não brigar. - Como você está? Nem dá para ver que você tem barriga. - ele dá um sorrisinho suave, meio de lado. - Quem te conhece como eu, apenas diria que engordou um pouco.

Ao ouvir suas palavras Sinto meu sangue ferver, a pele chega a pinicar, a respiração entre cortada. Como assim gorda? Engordei?

- Como que é? Eu to mal Felipe. Como poderia estar diferente? Continuo enjoada, vomitando no mundo. Tenho muita vontade de fazer xixi, de comer coisas. Mas aí eu vou comer e vomitar? Isso é um saco, Felipe! Um saco. As vezes eu só quero chorar e chorar. E bater em alguém, em você por exemplo. Estou inchada, gorda e as vezes sinto uma colicazinha, a médica disse que em dias assim é melhor um repouso. Isso que é para não esquecer o que me aconteceu. E sem contar que o meu pé as vezes dói ainda, a cabeça dói! Tô ficando uma baleia orca e nem posso malhar, vou ficar toda flácida, horrorosa e você me pergunta como estou? E como fica meu shape?

- Malu, fica calma. - ele tenta pegar nas minhas mãos, mas as puxo antes dele concluir o movimento.

- Não dá! E estou odiando tudo isso.

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