Já faziam duas semanas que não conversava com mamãe direito, ela estava triste ainda pelo o que houve no chá revelação. É como se eu tivesse estragado um momento para ela, e a culpa cai.

Eu não quero ver mamãe triste, mas gostaria de ser compreendida. Ela anda tão sumida que nem sequer quis saber sobre sua netinha.

Por incentivo de Bianca resolvo passar no salão, por ser sábado vou convidar mamãe para almoçarmos fora e conversarmos.

Depois de estacionar o carro, dou um longo suspiro, aperto o volante sentindo um nervosismo crescente.

Saio do carro e ajeito minha saia jeans que tem o caimento até as coxas. Vestindo um cropped de faixa branco, exibo minha pequena barriguinha.

- Mas nem grávida, toma jeito hein menina. - comenta dona Conceição, me olhando de cima a baixo, parando em meu sapato de salto alto com um detalhe de pelúcia branco na frente. Parece que minha sandalia não é do gosto da senhora, mas não ligo.

- Hum, está incomodada com minha roupa?

- Poderia se tampar mais.

- Eu que gosto assim, dona Conceição. Mas agradeço o seu toque, a opinião de gente que se veste assim... - olho para a mulher de cima a baixo com certo desprezo. A sua saia jeans pega franga com uma rosa vermelha enorme costurada, uma blusa rosa escrito "Gratidão" e suas sandálias ortopédicas. - de maneira tão peculiar, ah é realmente muito importante.

A mulher fica me encarando com cara de tacho. Viro de costas e vou para o salão de mamãe. Ao entrar Suzana e sua cliente me encaram, mamãe para logo de falar.

- Hm, lembrou que tem mãe foi? - dispara rancorosa.

- Pois é. Você anda me evitando!

- Pensei que queria espaço. Te dei o seu espaço, não é? Agora vem aqui reclamar.

- Calma. Só queria saber se você quer almoçar comigo, precisamos conversar.

- Tudo bem. Vou só me arrumar.

Já ouviram a frase que o fruto nunca cai longe do pé. Pois é, mamãe me fez ir em casa para que ela trocasse de roupa. Vestiu um vestido que vai até o joelho, um tecido leve e gostoso, que abraça todas as curvas do corpo, em uma estampa floral.

Nos pés, um sapato como o meu. Aprendi a gostar dos sapatos com pelúcia com mamãe. A ponto de por vezes, mandarmos o calçado para o sapateiro, afim dele colocar as tais pelúcias nos saltos.

Levo mamãe em um restaurante bacana, com comida bacana. Tiro algumas fotos e até gravo uns stories afim de mostrar a beleza de mamãe.

Após escolhermos nossos pratos, a conversa ficou séria.

- Você sabe que Raul está com problemas no casamento? Carol encontrou ele com conversas suspeitas com outra mulher. Ela foi lá em casa em pratos, pobrezinhas. Seu pai nega até a morte, mas eu não ponho a mão no fogo nem por Raul.

- Poxa. Não esperava um negócios desses de Raul, mas ele sempre esteve com ela. Tem que viver um pouco e Carol também.

- Tá vendo? É por isso que ela não foi falar com você, olha como você é. - mamãe me dá um tapa.

- Aí mãe, vocês são todos uns chatos. Parece que a única forma se receber afeto é vindo de uma família. De um casamento e não é bem assim, podemos receber todas as formas de afeto de todas as formas de relacionamento e não há problema algum nisso. Quando a gente se junto ao outro, temos de viver como se fossemos um.

- Isso não justifica traição.

- Não. Mas amor é amor e sexo é sexo. Não são uma coisa só, são coisas individuais.

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