Sento na beirada da minha cama me sentindo apreensiva e nervosa. Felipe já estava zangado e não importa o que eu pudesse falar para ele, o sentimento continuará sendo o mesmo.

Ele já decidiu o que pensar sobre o assunto. 

Olho para a neném dormindo tranquila no carrinho. Eu queria estar tranquila também.

- É, essa mulher está passando por um problema no casamento. Está alterada, e é completamente normal.

Felipe apenas cruza os braços e trava o maxilar.

- Essa casa é de Carlos?

- Não. - respondo imediatamente me levantando da cama. - Não! A casa é minha. Tenho os documentos e tudo, ninguém pode me tomar.

- Como conseguiu essa casa? - ele pergunta sério, impaciente e como quem está entrando na beira de um colapso, mas está se esforçando muito para se controlar. - Responde! - exige. - Mas que droga, Maria Luisa. - ele acaba gritando.

- Não grita! Vai acordar a Agnes. - o repreendo saindo do quarto e indo para cozinha esperando que ele vá atrás de mim. É o que ele faz. - Carlos me deu a casa. Eu pedi ele uma casa e ele me deu.

Ele me olha ainda mais zangado. Mordi os lábios e dá um sorriso zangado.

- Ah claro, ele te deu. - ele ironiza. - O que é uma casa pra ele não é? E agora a mulher dele quer a casa.

- É, mas não tem como ela ficar com algo que não é dela. Ela que vá querer outra coisa. - dou de ombros achando um absurdo a folga da esposa de Carlos. - Eu não tenho culpa da crise no casamento deles.

- Não tem?

- Lógico que nao. Carlos que tinha um compromisso com a mulher e resolveu trair ela, com várias mulheres. - abro a geladeira e pego uma garrafa de cerveja, uma long neck, para mim.

- Cara, você é inacreditável. Você fez o mesmo comigo, me traiu.

- Eu não trai você.

- Ah não? Como você chama isso?

- Aí para com isso, Felipe! Tecnicamente o traído foi o Carlos, não você. - abro a cerveja e dou um gole. - Olha, nao é para tanto. Já superamos isso não é? Agora, quanto a casa não vou perde-la.

- Porque queria uma casa? Quis que esse homem te desse a casa?

- Porque eu queria uma casa para mim. - respondo me sentindo cada vez mais pressionada. Tentando soar convencente para amenizar a situação, mas a verdade é que estou surtando.

Uma onda de medo me invade. Medo de Felipe ir embora por aquela porta a fora e nunca mais voltar. Não o culparia. Talvez eu fizesse o mesmo.

- Eu tava construindo uma casa pra nós. Eu construí uma casa para nós. Eu aceitei a oferta do meu avô, apesar de tudo e fiz isso por nós. - Seu tom de voz é extremamente magoado. Eu pudia ver as lágrimas se formando em seus olhos.

- Felipe...

- Porque não é, Não foi o suficiente para você?

- Felipe...

- Eu não sou o suficiente para você? - ele me corta. Fecho os olhos sentindo meu coração doer e beberico um pouco mais da bebida tentando ser forte.

Eu fiz merda o suficiente para me dar o direito de cair agora. Tenho de segurar os trancos e barrancos. O mundo de Felipe está desmoronando novamente.

- Não diga isso, Lipe. Você sabe que é o suficiente para mim!

- Como? Me ajuda a entender.

- Emocionalmente, Felipe. Você é tudo pra mim. Eu te amo e não consigo imaginar minha vida sem você, ainda mais agora. Mas ainda quero conquistar minhas coisas, quero ser independente, quero chegar lá e não que você me dê.

Me EsperaOnde histórias criam vida. Descubra agora