Na segunda feira acordo cedo demais, aproveitando o horário faço uma corrida matinal. Faz algumas semanas que não corro ou faço exercícios de qualidade na academia, me sentia muito cansada ainda mais depois do que houve com Felipe. Entretanto não havia engordado, também mal estava comendo. Não ando sentindo muita fome.

Após a corrida tomo um banho tendo que arrumar o cabelo pra valer agora. Não sair com um mafuá na cabeça. Visto uma pantalona verde e uma blusa marrom, vou ate a cozinha e bebo um suco velho da geladeira e pego uma banana.

Calço um salto alto, pego bolsa, celular, chaves e saio de casa. Pego um pequeno trânsito até chegar no prédio onde Arthur trabalhava. Seu pai tem uma grande empresa de engenharia e o loiro trabalha com ele. 

Dou meu nome na recepção e peço para ver Arthur. A atendente de cabelo castanho preso em um rabo de cavalo muito puxado me olha com descaso, com uma cara de cansaço questiona o que eu queria.

- Arthur marcou comigo. 

- Hmhum. Olha se dependesse de mim poderia entrar, mas como Arthur não informou nada aqui vou ter que esperar a secretaria chegar.

- Jura? Mas ele não chegou ainda?

- Não. - responde desinteressadamente. - Mas se for currículo eu entrego ele. Se quer um conselho, é ruinzinho trabalhar aqui, pagam pouco para auxiliares e o pessoal da limpeza.

Entendi o ponto da garota. Ergo uma sobrancelha e a encaro com deboche.

- Cargo de auxiliar é pra você, não vim entregar currículo. Obrigada pela gentileza. 

Ela dá de ombros e se concentra em algo no celular. Resolvo sentar em um dos sofás pretos que tem. Cinco minutos mais tarde um homem de cabelo negro, num terno perfeitamente alinhado, mas de longe se vê que é barato vem da rua, conversa com a recepcionista e depois volta sua atenção para mim.

- A Thalia deve não ter explicado bem. - inicia com um jeito esnobe. - Mas não estamos contratando faxineiras.

- Bom pra vocês. - dou de ombros, tento não me irar, pessoas assim não vale a pena. Mantenho a classe. 

- Então pode se retirar.

- Tenho hora marcada com Arthur.

Ele me encara, repara minha aparência, minha roupa.

- Oh, prostituta loga de manhã? Arthur nunca toma jeito.

Rio debochada. - O jeito que finge ingenuidade me encanta! Mas se eu fosse uma prostituta alguém com um terno tão mequetrefe igual o seu nunca seria capaz de pagar trinta minutos comigo, nem um.

Ele fecha a cara e o ar de vitoria se vai. - E quem disse que eu iria te querer?

- Certamente. É esperar demais que alguem brega como você pudesse ter bom gosto.

Nesse exato momento Arthur entra no salão cumprimentando todo mundo. Sorri abertamente ao me ver e vem me abraçar. 

- Nao te deixaram subir? Me perdoe o atraso. Coisas de Arthur. - pisca para mim descaradamente. - O pessoal aqui as vezes é rude demais, parecem que nunca receberam educação igual aquelas mulheres do banco. - ele ri. - Vamos minha querida. 

- Bom dia seu Arthur. - o homem cumprimenta com certa expectativa. 

- Bom dia. - ele devolve de maneira formal, apenas por educação. Não parece conhecer o rapaz . - Está vendo, "seu Arthur", não sabem falar senhor e se não sabem porque não dizem apenas Arthur?

Vamos caminhando ate o elevador. O caminho ate o andar dele foi animado, com sua conversa que nunca cessa, Arthur parece ja amanhecer tomando vários energéticos. Ele nunca consegue ficar quieto , calado, sempre conversou fiado demais. 

Me EsperaOnde histórias criam vida. Descubra agora