- Como assim Felipe? Como assim você irá se morar com essa mulher?
O sorriso largo que todos carregavam em seus rostos, se desfaz ali mesmo. Assim, como todos presentes nesse quintal, encaro Verônica. A mulher vestia agora um vestido na cor vinho, elegante e modesta. Como sempre foi esse o estilo dela, passou boa parte da vida tentando provar ser uma mulher fina, coisa que nunca foi e nunca será.
Veronica é o tipo de pessoa que acha que está mais próxima da alta classe do que da classe média. Mas a verdade é uma só, ela nunca foi uma mulher de posses, sempre foi uma pessoa com bons estudos e bom faro para escolher um marido que lhe trará conforto, no qual ela sempre viveu. Ela foi criada para isso, para ser uma mulher para casar, fina e do lar, submissa. E muito embora ela tenha seu ensino superior, no qual conquistou depois de adulta, já sendo mãe e com apoio de seu Eugenio. E por mais que ela tenha se relacionado com um homem preto, na qual ela se arrependi e despreza, ainda assim foi se deitar com um homem de posses. Pouca posse, poucos bens, de maneira vulnerável, pois se esse senhor perder seus negócios em uma enchente, ele perderá tudo. Todavia, seu Eugenio não é nenhum miserável, mesmo na época em que namorava Veronica, ele tinha como se manter.
Tudo o que já ouvi falar do homem foi como ele sempre foi trabalhador. Quando jovem, ainda na infância já trabalhava na roça, era comum que os meninos trabalhassem cedo. Na juventude veio para a cidade começar vender quiabo, alface e couve. Tudo plantado no quintal de sua casa humilde. Começou a trabalhar em dobro, com seu pai e cuidando da plantação que havia feito em sua casa com o sonho de ir para a cidade, assim o fez. Foi dessa forma que conheceu Veronica. Ele fez seu negocio crescer, começou a ir para as feiras também, alguns anos depois abriu seu sacolão e mais algum tempo depois o local que vendia apenas verduras aos poucos se tornou um mercadinho.
- Como entrou aqui? - questiono estranhando tamanha falta de educação da mulher que se diz fina.
- Eu abri a porta e ela saiu entrando. - Elise justifica um pouco assustada.
- Me responda, Felipe. - Veronica exige. - Como pode ficar vindo almoçar sei lá quantas vezes nessa casa, mas não comparece a um almoço de família. Da sua família. - ela balança os braços e sua bolsa preta. A mulher parecia estar de fato chateada. - Nos despreza e os acolhe assim?
Felipe ficou por mais alguns segundos parado. Parecia estar em choque, foi pego de surpresa e se quer sabia o que responder. Em seu rosto deu para notar que estava se sentindo culpado com as acusações da mãe.
- Eu já não sei mais o que fazer para ter você perto de mim. Ter minha família toda reunida. - Veronica então começa a derramar suas lagrimas de crocodilo. Minha mãe foi correndo até a cozinha enquanto todos continuavam calados esperando o desenrolar da historia.
- Mamãe... eu já disse, semana que vem vou almoçar com a senhora. - ele se aproxima da mãe e lhe abraça tentando consola-la. - Eu já não almocei com você ontem?
- Mas eu queria um como esse.
Minha mãe volta da cozinha com um copo d'agua em mãos. Passa para Felipe para que ele entregue a mãe, assim o faz. Veronica bebe toda a agua e depois devolve o copo educadamente.
- Depois de organizar minha casa, organizarei um almoço. Hum?
- Vai mesmo morar com essa mulher? Onde meu filho?
- Na casa que construí mamãe. - ele respondi conduzindo sua mãe a se sentar numa cadeira.
Respiro fundo sentindo meu peito pesar. O clima pesa e minha filha sente, começando a ficar agitada em meu colo. E o silencio por toda a parte parecia fazer tudo ficar ainda pior.
![](https://img.wattpad.com/cover/252892972-288-k398281.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
Me Espera
Chick-LitO meu maior sonho, com certeza é, ter a vida digna que mereço e para isso sempre corri atrás, achava que qualquer preço poderia pagar, mas não é bem assim. Como no mercado, há sempre aquele produto que você não pode levar, na loja sempre tem aquela...