Acordo com o choro estridente de Agnes. Olho para o relógio e vejo que ainda sao 8h, já nem sei mais dizer quantas vezes essa criança acordou de noite.

Ontem a levei no pediatra, está resfriada. Fui um verdadeiro desafio fazer lavagem nasal nela, e eu gostaria dizer que fiquei com dó, mas apenas senti raiva. A menina nao parava quieta.

Fora isso Agnes está saudável e desenvolvendo bem. Apenas mais enjoada devido ao resfriado. Bebe doente é um saco.

Eu tento acalma-la, mas sempre demora. Eu só queria estar dormindo. Essa semana o rendimento no trabalho caiu bastante, pois ocupei muito do meu tempo com Agnes. E do que me restava, gastei discutindo com o perfil fake de Sofia zombando do meu bebê doente.

Não é de se estranhar que meu corpo esteja doendo, que me falte o ar, que os pés e as mãos formigam e que me sinto tonta. Mas ando aprendendo, da pior forma, mãe nao fica doente.

Fiquei pensando se tomava ou nao um comprimido. Optei por dipirona. Num desses remédios para ansiedade, durmo o dia inteiro. Já me sinto cansada. Não posso dormir.

Nino Agnes com uma irritação crescente ao recordar de Sofia. Como pode essa mulher ainda me perturbar? Ela está uma jararaca. Vive de criar perfis falsos para me seguir, tomar conta de minha vida e jogar o pior hater, apenas por perder o emprego na agência de Carlos.

Apenas por perder o processo e ter que indenizar por tudo o que me fez.

Mas para algumas pessoas, um processo é pouco.

Após Agnes se acalmar e voltar a dormir, a coloco no berço novamente e vou me fazer um café bem forte.

Enquanto a agua ferve, resolvo tomar um banho rapido. Desses que você se molha e joga no corpo o sabonete líquido. Coisa de dois minutos. Escovo os dentes e volto para a cozinha.

Está tudo uma zona.

Aí que horror. Queria ser rica para ter uma empregada e uma babá.

Pego a última xícara que me resta e me sirvo o café. Sento na cadeira e me delicio com um pedaço de bolo velho, comprado na padaria a três dias atras. Coloco uma música para me inspirar um pouco de paz enquanto penso em homicídio e suicídio.

Não há paz.

Nunca haverá.

A praga da campainha toca fazendo Agnes acordar. Atendo o interfone mal humorada.

- Quem é?

- Felipe.

Abro o portão sentindo meu corpo tremer mais ainda. Tamanha a raiva!

Volto a me sentar na cadeira, a tomar meu café e me deliciar com o som dos berros de Agnes.

- Porque Agnes está chorando desse jeito e você aqui tomando café?

- Ela quer você. Vai la.

Ele apenas bufa e vai atras da neném. Termino de tomar meu café, bebo agua e depois começo a lavar a montanha de vasilhas. Precisava de mais xícaras.

- Como você ta? - ele pergunta voltando pra cozinha com Agnes, agora em silêncio, no colo.

- Bem cansada. Sua filha doente é um porre.

- É. Bebes exigem cuidados.

- Acho que nao nasci pra maternidade.

- Não mesmo. - ele concorda bem humorado e para ao meu lado me observando lavar a louça. - E esse bolo velho?

- É o que tem.

Ele dá uma risadinha debochada, mas nao diz nada. Continuo lavando minhas vasilhas e ele vai para o quarto de Agnes lidar com ela.

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