Acordo sentindo uma pontada na cabeça, resseca. Bebi muito ontem, misturei tudo o que tinha direito. Flertei demais, beijei muitas bocas sem culpa nenhuma, mas não consegui transar com ninguém. A lembrança recente de Felipe está firme em minha cabeça, além disso as coisas estao perdendo a graça.
Ainda me sinto vazia, estou insatisfeita e nada parece estar fazendo sentido agora. Levanto do sofá desconfortável observando o salão antes cheio, vazio demais, apenas o lixo e eu.
Procuro o banheiro e faço minhas necessidades. Jogo agua no rosto e vou embora. Caminhando mesmo pra vê se quem sabe as calorias da cerveja não queima?
Suspiro lembrando dos rostos bonitos e corpos atraentes, muitos interessado em mim e mesmo assim não dei pra ninguém. Nem sequer senti vontade, só quero Felipe.
Não sabia que o amava tanto. Sem aguentar dar mais um passo, sento no meio fio da calçada e me permito chorar. Como fui tão burra?
Fui humilhada por aquela filhinha de papai, por Carlos, fui chutada e ainda perdi o Lipe. Como fui idiota?
Felipe não merecia isso. Ele não me merece, uma pessoa tão boa quanto ele merece apenas o melhor e apesar de eu agir como se fosse a última cocada preta, não sou nem a primeira, nem a segunda, sou mais uma, gostosa,mas te causa uma dor de barriga depois e se consumir demais sérios problemas no estômago.
Limpo o rosto, respiro fundo e levanto, volto a caminhar lentamente. Meus pés doem, os ombros doem, o peito dói. É o que mais dói. Depois de três horas de caminhada chego em casa, arranco as roupas e me jogo na cama dormindo logo em seguida. Dormir e trabalhar são as únicas coisas que me restam.
- Mãe, me escuta... Nao tem nada demais. - ouço Thales dizer. Ele e mamãe estão gritando na sala, me despertando.
Abro os olhos e me deparo com a escuridão do meu quarto, já devia ser noite.
- Eu ja disse, se quer usar essas porcarias se põe para fora de casa! - ela é firme. - Não quero saber de maconha na minha casa, Thales. Se for pra ser vagabundo que seja longe daqui.
Levanto da cama e visto uma camisola qualquer apenas para ir ate a sala e verificar o que esta acontecendo. Thales tem o hábito de fumar maconha, eu fumo as vezes também, mas mamãe tem horror a isso.
Papai é usuário de drogas, antes dizia mamãe que ele fumava apenas cigarro, depois foi a maconha. Ela não via nada demais nisso. Papai trabalhava como pedreiro, inventou de financiar uma casa para nós, escolheu a pior de todas. Lembro dessa casa caindo aos pedaços.
De repente papai começa a receber mais, mas ao invés de pagar as parcelas do financiamento, reformar a casa, comprar comida, papai esbanjava dinheiro em festas, bebedeiras, putas e depois de um tempo cocaína e pedra. Até que um dia a polícia veio aqui em casa, encontrou drogas escondidas e chegaram a levar mamãe pra delegacia, na hora papai não tava em casa. Mamãe disse que foi nesse dia que descobriu que papai era traficante.
Por isso mamãe tem pavor da ideia de um dos filhos usar qualquer tipo de droga. Ela não quer ver a polícia entrando em sua casa, não quer que a polícia dê uma surra ou ate mesmo um pulao em Thales, tampouco ver seu filho ir preso ou numa rodinha de viciados.
Eu a entendo, também não quero ver meu irmão nessa situação.
- Mãe. - Thales contesta manhoso.
- Não me questione! Não quero saber de você fumando nem cigarro. - ela se vira para trás e me encara. - Nem você, Malu. Ninguém! A casa é minhas, as regras são minhas. Não to criando filho drogado e nem filha piranha... Vocês dois sossegam o facho de vocês. - grita descontrolada, deixando sair para fora toda sua frustração e cansaço.

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Me Espera
ChickLitO meu maior sonho, com certeza é, ter a vida digna que mereço e para isso sempre corri atrás, achava que qualquer preço poderia pagar, mas não é bem assim. Como no mercado, há sempre aquele produto que você não pode levar, na loja sempre tem aquela...