Após dirigir por algum tempo chego a casa de Felipe. Na mesma casa em que alugou quando namorava com Sofia. Ele até hoje não teve coragem de se mudar para a casa na qual construiu. As vezes ele estava por lá, e algumas vezes não. Ele deveria parar de pagar o aluguel daqui. 

Isso aqui não é o porto seguro dele, é apenas um lugar para se destruir.

Abro o portão e me surpreendo um pouco por estar aberto. Felipe sempre foi muito cuidadoso para deixar o portão assim. A porta da sala se encontrava aberta, escancarada para quem quiser entrar a vontade. Primeiro deixo Agnes em sua cadeirinha em um cantinho da sala, depois pego o bolo no porta malas. Coloco o bolo na geladeira e aproveito para olhar o que tem para cozinhar. 

Depois coloco Agnes no berço que está no quarto de Belly. Reparo na decoro percebendo que está diferente, há quase nada aqui. Abro o guarda roupa e vejo que não nada da adolescente aqui, me questiono o que poderia ter acontecido. Troco o a roupa de cama do berço de minha filha e depois a deixo ali mesmo. 

Aproveitando o sono infinito da bebe após rodar de carro por mais tempo a fim de faze-la dormir, vou até o quarto de Felipe e o encontro bebendo enquanto assisti TV. Estava sem camisa, apenas de cueca. A garrafa verde estava em suas mãos enquanto bebia se lamentando, mentalmente, sua existência. 

- Felipe. - o chamo o vendo saltar de susto. 

- O que está fazendo aqui? - questiona um tanto surpreso e irritado com minha presença, invasão de seu espaço pessoal. - Vai embora. 

- Não vou. - determino. - Vou preparar algo para você comer, ja que não jantou. Deve estar com fome. 

- Não estou, não. Não quero ver e nem falar com ninguém , por favor, saia da minha casa. - ele diz sem nem ao menos olhar para mim. Encarava a TV que ficava na sala, mas em uma espécie de improviso a colocou em seu quarto. Seu tom de voz é completamente sentido. - Veio aqui só para ver minha destruição. Pode ir!

Me aproximo de Felipe. Me agacho em sua frente, para ficar em sua altura, já que ele esta sentado. Ele me encara irritado, completamente na defensiva. Ele não quer que eu o veja em sua ruína. 

E eu o entendo. 

- Eu não vou sair daqui e ninguém vai me tirar daqui. Não há nada do que você possa fazer. 

- Mas que droga! Como você é irritante. Por Deus. 

Pego a cerveja da mão dele e dou um gole, em seguido o devolvo indo diretamente para a cozinha. Resolvo preparar um miojo com pedaços de file de peito de frango picados em cubinhos, coloco também um pouco de cebola e tomate. Resolvo fazer um suco natural de abacaxi com hortelã, tudo isso para aliviar a ressaca. 

Volto para o quarto com uma cumbuca cheia do macarrão instantâneo e um copo de suco. Obviamente, Felipe já bêbado não quis comer, mas o obriguei o chantageando. 

- É assim que você vai me agradecer? Desfazendo da minha comida, do meu cuidado com você? - começo a fazer drama, apenas para entrar na cabeça dele e o convencer a fazer o que quero. - Como pode me desprezar tanto?

- Te desprezar? Você é uma puta ingrata mesmo. Eu briguei com minha família, com minha mãe e até mesmo a Belly ficou contra nossa mãe para me defender e agora está de castigo, sem poder vim me ver. Eu não posso nem ver minha irmã agora, por sua culpa. - seu tom de voz é completamente magoado, ferido. - E eu nem sei se você vai ficar. Porque ficaria? Eu não tenho nada a te oferecer mesmo. Não a vida que você gostaria. 

- Pare de falar palhaçadas! - brigo. - Estou aqui, fiz esse macarrão e você aí com esse drama até hoje. Come a porra do miojo. - lhe entrego a cumbuca, ele pega recuado. - E coma tudo. Beba o suco também.

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