Acordei as 17h até assustada, olho para o lado e encontro Felipe desmaiado. Levanto da cama, faço as necessidades e escovo dentes. Após isso, vou correndo para a cozinha afim de ajeitar tudo.

Arrumo ela rapidamente e dou uma ajeitada mais ou menos na casa. Na sala forro meu tapete grande e felpudo. Em cima coloco os dois colchonetes de casal que comprei recentemente e posiciono meu mini projetor na parede para assistirmos a um filme, visto que não vou mudar a TV de lugar.

Elise chega correndo do trabalho e já vai tomar um banho, logo se arruma. As 18h em ponto, meu irmão chega em casa. Meio mal humorado, já vai logo tomar um banho.

Enquanto isso peço para a pizzaria me entregar duas pizzas grandes. Na cozinha organizo numa vasilha alguns salgadinhos chips que Thales gosta, umas frutinhas, chocolates e duas garrafas de vinho. Com ajuda de Elise coloco tudo na sala. Na TV já deixo pronto para assistir o filme Mad Max.

- O que esta acontecendo? - Felipe questiona chegando na sala. O cabelo todo arrepiado, a cara amassada de sono.

Chego perto dele e o puxo novamente para meu quarto.

- Oh meu bem, vai tomar um banho vai! Vamos fazer a surpresa para Thales. Eu te dou uma muda de roupa sua.

Ele dá um sorrisinho convencido.

- Você tem roupa minha aqui? Ah, voce não consegue me esquecer né!? Eu sei, o pai é inesquecível. - ele passa a mão no peito dele, em seguida vai tomar um banho.

Separo uma das roupas dele e deixo na cama. Espero ao menos que ele tenha a decência de me devolver, pois apenas estou emprestado. Se esta na minha casa é meu.

Aí eu me lembro dessa roupa. Foi num dia em que ele foi dormir lá em casa, mas esqueceu uma mudinha de roupa. Ele sempre se esquecia, acho que era de propósito, pois por vezes ele bem queria ficar por lá e dizia que deveria ter uma roupa em minha casa, eu o mandava embora e dizia que não tinha nada.

Vou para a cozinha e encontro Thales questionando Elise sobre o que está acontecendo.

- Uai, resolvemos fazer uma noite diferente, de casal. - respondo desconversando já que Elise estava até paralisada buscando por alguma desculpa. Ela é assim, se pressionar um pouco abre o bocão.

- Só tem eu e Lis de casal. - Thales respondi desconfiado.

- Não, Felipe está aqui.

- Hum. - ele nos encara desconfiado. - Então tá bom. Vamos comer os chips então. Delicia. - ele pega uma das vasilhas e leva para sala. Elise e eu levamos o resto.

Já tudo pronto na sala abro a garrafa de vinho e vou servindo as quatro taças com a bebida, quando Thales me questiona de quem era a quarta taça.

- Minha uai. Todo mundo vai beber e eu não? Só um golinho.

- Lógico que nao, está louca Malu? - ele questiona sério. - Não, você só pode estar maluca. Mas não vai! Raul tem razão, viu!? Você dá trabalho.

- O único que dá trabalho é você, Thales. Eu sou irmã mais velha, sei o que faço.

Sento ao lado de Elise.

- Mas ele tá certo, você nao pode beber. - Elise concorda com meu irmão, sua voz doce, porém certeira.

- Um gole não faz mal a ninguém. - pego a taça e bebo um golinho. - Delicioso. Relaxem!

- Tá, mas sua gravidez não é muito das saudáveis não é? Você sofreu um acidente. - Elise argumenta preocupada.

- Mas agora está tudo bem! Uma tacinha não faz mal. - explico para a menina enquanto seguro minha taça. De repente sinto alguém toma-la da minha mão.

- Mas todos aqui sabemos que você não para em uma taça, né Malu!? - Felipe argumenta atrás de mim. - Seu irmão e sua cunhada estão certíssimos.

- Nada disso. Eu posso!

- Pode nada, Malu! Claro que você não pode beber. Já bebeu demais! Se bobear meu sobrinho nasce bêbado de tanto que você bebeu e se drogou no início da gestação. Parece maluca, tá louco! A gente chega do trabalho e tem que se estressar com irmã doida. Não come direito, vive vomitando, dormindo, passando mal, um dia desses se deu ao luxo de desmaiar. Ah valha-me! Vive trabalhando e estressada. Coitado do meu sobrinho. Lá vou embora daqui, mas já falei para mamãe ficar de olho em você. Parece doido.

- E você tá chato igual o Raul.

- Mas Raul tem razão, juízo falta em você. - Thales apronta. - Você anda muito surtada, maninha. Seja razão pelo menos hoje, pô.

- Vamos ver o filme. - solto o filme respirando fundo. Completamente contrariada, eu pesquisei e tudo. Uma taça não faz mal.

Felipe se senta ao meu lado e depois me abraça.

- Fica chateada. - ele diz no meu ouvido causando arrepios. - Pensa bem, você está de barriga vazia e já vomitou bastante hoje. Todos queremos te ver bem.

Não digo nada, apenas me concentro no filme. Já travei uma guerra grande hoje, agora quero que tudo seja perfeito. Um bom momento.

Acabo por não comer nada durante uma parte do filme. Como apenas da pizza quando ela chega. A cara de Thales toda vez que vê uma pizza de calabresa é impagável, ele sempre fica muito feliz com a comida.

Durante o filme acabamos por conversar um pouco sobre o dia do meu irmão e de Elise. Depois Felipe fala sobre o chá revelação deixando meu irmão completamente empolgado, sinto que Thales vai estragar meu filho.

- Thales... - chamo atenção do meu irmão. - Tenho uma surpresa para você que realizei com a ajuda de Elise. - pego a mão da minha cunhada. - Essa noite foi com a ajuda dela e eu a agradeço por isso, pois foi um momento muito especial. - revelo. Me levanto do chão e vou até meu quarto pegar o embrulho de presente e entrego meu irmão.

- O que é isso? - questiona pegando o embrulho com uma pequena caixinha. Ele rasga o papel de presente, abre a caixinha de papelão e pega a chave da moto. - Malu... - ele já começa meio emocionado. Olho para Felipe para vê se ele tá gravando direitinho.

- Vem ver. - chamo ele.

Ele se levanta e me dá um abraço apertado. Estava tremendo um pouco, os olhos brilhando de alegria.

Todos juntos vamos até a garagem. Abro a porta da cozinha que dá acesso a ela e atrás do meu carro mostro a moto azul para ele.

- Presente de aniversário adiantado. - grito para ele.

- Não acredito que você fez isso, maninha. Uma moto! É muito caro. É...

- É sua... a primeira de muitas que ainda virão. Você merece, Thales. Eu te amo demais e eu daria o mundo por você. - ele me abraça de novo. - Aí para de melaçao comigo, vai da uma volta. Sobe nela.

Thales parecia mais um menino pequeno quando ganha um brinquedo novo. Ele merecia essa moto, o ajudará demais. Não demorou muito para ele de fato ir da uma volta, depois buscou Elise para ela ir também.

Eu faço é gosto desse relacionamento. Entro para dentro de casa e vejo algumas caixas prontas, organizadas em um cantinho. Amanhã cedo eles estariam desocupando a casa e eu ficaria sozinha.

- Você é uma boa irmã, sabia? - Felipe comenta escurado na bancada da pia me observando juntar a bagunça.

- Na medida do possível, tento ser.

- Você é boa quando quer e quando quer também trava uma guerra. Nunca vi mulher mais teimosa.

- Você que é muito mandao. Acha que todo mundo tem que te respeitar.

- Só estou tentando cuidar de você, porque gosto de você. - ele se aproxima de mim me roubando o ar. - Será que não percebe? Percebe, óbvio que sim. Você só gosta de ser má e esse seu jeitinho, me deixa doido.

Felipe acaba por me puxar pela cintura e me beija. Eu o correspondo. Como eu sentia vontade, desejo desse beijo. Era tudo o que eu queria. Entretanto deixou todos os meus hormônios a flor da pele. O que passei tempo tentando controlar, foi tudo para o ar. Foi tudo perdido.

Felipe também sabe jogar e ele sabe, sabe que eu posso gritar. Esbravejar, fazer tempestade. Mas eu não tenho forças nenhuma contra ele.

E talvez essa seja minha total perdição.

Me EsperaOnde histórias criam vida. Descubra agora