Acordei tarde naquele dia, mas não precisei me preocupar com o horário ou com o fato de ter um bebe dentro de casa. Sempre tive o cuidado de tirar leite do meu peito e mantê-lo armazenado no congelador, ainda mais depois que voltei a trabalhar. Dessa forma, Felipe deu de mamar para nossa filha em sua mamadeira num tom claro de rosa e com desenhos de coruja. Fora que ele se encarregou de dar banho a neném, a trocar, levar para passear e até mesmo fez almoço. 

Eu jamais poderia me queixar de Felipe como pai, pois cumpri com todas as suas obrigações. Ao me compara com outras mulheres que enfrentam a maternidade, poderia apontar ou até mesmo me gabar sobre como sou uma mulher de sorte. No entanto, penso que Felipe está fazendo apenas o que deveria fazer, cuidar de sua filha. 

Ao me levantar os dois já não estavam em casa. Aproveitei o momento para almoçar a comida que ele havia deixado pronta. Arroz, feijão, bife, banana da terra e salada de alface com tomate, além de um delicioso suco de acerola. Após o almoço me encarregado de começar a trabalhar para entregar todo o material para Vicente antes mesmo da data em que ele pediu. Não estou em momento de me enrolar com trabalho, visto que tenho muito acumulado. 

Meu período de licença a maternidade de certa forma foi um tiro no pé. Benicio não colocou uma pessoa boa para me substituir, trabalhei o que pude de longe, mas toda mãe sabe como um bebe demanda tempo. Fiquei prejudicada e sempre prezei por entregar um bom resultado, focando sempre na excelência. 

Enquanto ainda editava o video do show, recebo uma mensagem de Felipe me fazendo olhar o celular a primeira vez durante o dia. Ele já havia mandado outras informando estar na casa de seu pai e agora diz que está quase chegando, mas caiu na bobeira de ir visitar minha mãe e agora ela esta travando ele, isso significa que Felipe quer me ajuda para se livrar dos paparicos de dona Maura.

Sim, minha mãe é a maior baba ovo desse homem.

Ligo rapidamente para ela que não demora a atender, obvio que já reclamando.

- Como pode, meu genro ter mais consideração por mim do que minha própria filha? Ele sim, se importa comigo. Já você nunca me visita. - dispara indignada pelo celular.

Reviro os olhos. - Ah mamãe, por favor! Toda semana eu vou aí.

- Raramente um domingo.

- Aí mamãe, nada está bom para você! Olha, eu estou precisando que Felipe conserte minha pia imediatamente. - invento uma mentira rápida. - Imagina, está tudo entupido. Impossível fazer comida nessa casa e a torneira ainda está vazando. E eu estou amamentando, mamãe. Tenho que comer bem! Além do mais, Agnes precisa mamar no peito. Os meus seios já estão doendo e nada de Felipe voltar. Me ajude, mãe. Pede a ele para vir aqui, ele te escuta.

- Oh filha, ele já está indo ta bom!? Mamãe vai te mandar uma salada de frutas bem gostosa, ok!?

- Muito obrigada, mãe. É sempre bom contar com você. Durante a semana vou ir aí te ver.

- Isso mesmo. Precisamos conversar. Quero saber porque você não voltou com Felipe ainda. Preciso conversar com os dois!

Dou um longo suspiro. Mamãe mesmo de longe continua uma intrometida.

Me despeço dela e encerro a ligação voltando a me concentrar no trabalho. Mas logo paro me dando conta de que ainda não escovei nem os dentes, fora que ainda vestia pijama. Levanto correndo, troco o pijama por um short jeans larguinho e uma camisa de alça finas na cor cinza, bem básica, mas funciona. Escovei os dentes, passei creme de pele e perfume. Ajeitei o cabelo. Coloquei um colar, uma pulseira, brincos delicados e uma tornozeleira. Felipe não poderia me encontrar de qualquer jeito.

Por fim, passo um hidratante labial, que de quebra dá uma corzinha na boca.

Assim que termino escuto a campainha tocar. Calço os meus chinelos e vou rapidamente atender ao interfone, curiosa para saber quem está me chamando em pleno domingo. 

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