Depois da tarde com direito há muito barraco na casa de Bianca, resolvo fazer uma janta para mim já que Felipe fez o favor de continuar na rua.

Enquanto a comida cozinha no fogo, vou até meu quarto e junto os pertences do pai de Agnes. Aqui ele não dorme hoje. Está pensando que é quem? Vai ficar com a Júlia, num é ela que ele gosta de defender?

O defensor das mulheres, é?

Olha, eu não gosto nem de lembrar porque já fico estressada. Ele tem que defender apenas a mim, não outra mulher. Mas que absurdo!

E o pior de tudo, defendeu aquela lacraia me atacando como se eu merecesse tal coisa. A biscoiteira passando a mão nele e ele ainda vem defender.

Passo mal.

Fecho a mala dele na força do ódio e a levo para a sala. Assim que a deixo lá, Felipe abre a porta da sala.

Porque ele é tão folgado que deu um jeito de ter até a cópia das chaves da minha casa, com a desculpa de ter que vim ver como a filha está.

- Porque minha mala está aqui? - ele pergunta confuso.

- Porque está chegando só agora? - visto que já faz umas duas horas que saí da casa de Bianca.

- Não te devo satisfação nenhuma, não somos um casal. Não temos nada.

- Sabe, você é bem canalha! Quando lhe convém não somos um casal, mas quando convém quer até bater nos outros. - Coloco a mão na cintura  tentando manter a ordem dentro de mim, mas é inútil. O meu caos interior está me engolindo, estou sendo comida viva.

Falta pouco, muito pouco para eu começar a tremer feito um pinscher.

- Você queria que eu deixasse o cara te assediando?

- Eu me viro sozinha. Não te pedi nada! Agora vamos, pega sua malinha e vai embora. Vai lá ficar com a Julia.

- Você é louca, Luisa? Tá doida? Eu não tenho nada com a Julia e nunca terei. - ele passa a mão no cabelo irritado. - Porque você é assim, cara?

- A Julia tava relando em você, Felipe e depois você vem defender ela?

Ele trava o maxilar e me encara por alguns segundos. Abre a boca para falar algo, mas logo desisti.

- Vou dar um beijo de boa noite na Agnes e vou embora. - informa impaciente já se dirigindo ao quarto de nossa filha.

- Não, não vai. - me ponho frente a ele para impedi-lo de ficar mais tempo dentro da minha casa.-  Você só vai ir embora!

- Não vai me deixar ver minha filha?

- Não. Agora vai embora, Felipe! Ande logo.

Ele me lança um olhar indignado, decepcionado. É como se eu o tivesse acertado em cheio, onde mais dói.

Mas eu não estou o impedindo de ver a filha, não é nada disso. Não é um plano de vingança, não quero atingi-lo e nem travar uma guerra. Eu só quero minha paz. Só quero me resolver, me controlar e me acalmar.

E por mais que eu ame Felipe, por mais que ele me traga milhares de bons sentimentos e a sensação de bem estar em vários momentos da minha vida, tenho que reconhecer que ele é meu desequilíbrio total.

De todas as pessoas que poderiam me acalmar agora, Felipe não está nem na lista.

Quando envolvemos esse amor romântico, essa paixão, um sentimento de insegurança toma conta da gente. O medo de perder nos invade de forma que pode facilmente nos fazer perder o rumo e propósito.

Me EsperaOnde histórias criam vida. Descubra agora