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Então, meu pai não estava no telefone. Ele estava conversando com o Tom.


— Você me ama mesmo, né? — perguntei, brincando. — Estavam falando mal de mim?

— Ah, sim, falamos muito. — Tom riu. — Estávamos conversando sobre seu aniversário. Aliás, você não tinha me dito que estava chegando. Seu aniversário é no domingo, não é?

— É, eu não costumo comemorar muito. — Dei de ombros.

— Como não? Esse ano você vai comemorar sim! — Tom disse, entusiasmado.

— Ah, tanto faz. — Respondi. — Meu pai já saiu?

— Sim, por isso subi. Quer ir lá para casa? Ou prefere que eu chame o Bill para vir aqui?

Eu preferi ficar em casa. Estava com um pouco de cólica, espinhas, e meus seios estavam doloridos. Bill veio até aqui e ficamos no meu quarto. Eu deitei e os meninos começaram a fuçar nas minhas coisas da penteadeira.

— O que é isso, Mia? — Bill perguntou, segurando um OB. Expliquei como funcionava e eles ficaram visivelmente desapontados. Bill jogou o absorvente de volta na gaveta. — Não acredito.

— Ainda bem que eu sou homem! — Tom exclamou, aliviado. — Posso passar isso aqui? — Perguntou, segurando um gloss.

— Pode, só não estraga. — Eu permiti.

Os dois passaram o gloss e logo estavam se exibindo na frente do espelho.

— Amiga, estou diva, né? — Tom brincou.

— Sim, amiga, eu também estou. — Bill concordou, imitando Tom.

Não sei como aguento esses dois. Parecem duas crianças. O que eu não contei a eles é que o gloss ardia.

— MIA, TÁ FORMIGANDO! — Tom gritou, desesperado, lambendo a boca.

— Não lambe, senão vai arder a garganta! — Comecei a rir.

— NÃO ESTOU SENTINDO MINHA BOCA! — Bill exclamou, correndo para o banheiro para lavar a boca.

— COMO VOCÊ AGUENTA ISSO? — Tom perguntou, ainda chocado.

— NÃO PARA DE ARDER! — Bill continuava a reclamar.

— Seus bocós. — Levantei e peguei lenços demaquilantes. — Passa isso aqui. É para vocês aprenderem como é difícil ser bonita.

— Eu sou bonito e não sofro assim. — Tom riu.

Com o ardor finalmente aliviado, eles se deitaram na minha cama, que por sorte tinha espaço para os três. Eu estava encostada na parede, Tom no meio e Bill na ponta. Coloquei uma série que estava terminando e, para minha surpresa, eles ficaram quietos assistindo.

Tom se virou, deitou em meu peito e colocou a mão na minha cintura, fazendo carinho. Eu mexia nos seus dreads.

— Mia, vou pegar algo para comer da dispensa, tá? — Bill perguntou, percebendo Tom se aconchegando em mim.

— Vai lá. Traz um doce para mim, por favor. — Comecei a pedir, mas fui interrompida por Tom.

— Não, Bill, não traz. Ela não comeu nada salgado hoje. — Tom disse.

𝐌𝐞𝐮 𝐕𝐢𝐳𝐢𝐧𝐡𝐨 - 𝘛𝘰𝘮 𝘒𝘢𝘶𝘭𝘪𝘵𝘻Onde histórias criam vida. Descubra agora