Saí do banho e capotei na cama, ainda de roupão. Eu estava exausta, meu Deus.

21:04

Me vesti e saí do quarto, imaginando se ainda haveria algum lanche para mim.

— Resolveu acordar, foi? — perguntou meu pai, que estava sentado no sofá assistindo ao jogo.

— Nossa, eu nem percebi. Só dormi, estava muito cansada — respondi.

— Sua sorte foi que o Tom guardou um lanche para você, senão você ia ficar sem — disse meu pai, terminando com um sorriso.

— Ele não fez mais do que a obrigação dele — brinquei. — Homem é pra isso, não é, Melanie?

— Verdade, querida — respondeu ela, dando uma risada enquanto meu pai fazia uma careta. — Mia, vai lá fora. Eles estão na mesinha conversando há um tempo.

— Claro, vou comer lá — falei, abrindo a porta de vidro para sair. Vi Tom e Cloe conversando animadamente. Eles pareciam tão próximos, e uma onda de ciúmes me invadiu. O que eu tinha de tão diferente? Por que Cloe parecia tão perfeita para ele?

Sentia um nó no estômago toda vez que via Cloe e Tom rindo juntos. Eu deveria estar mais incomodada com Antonella, que tinha dado em cima dele, mas a insegurança começou quando vi os dois na cozinha e depois soube que estavam saindo juntos.

Decidi que precisava entender melhor a relação deles. Quando vi os dois conversando tão animadamente, minha mente começou a criar cenários. E se eles estivessem se apaixonando? E se Cloe fosse uma ameaça?

Assim que me aproximei, notei a maneira como Tom olhou para mim, quase aliviado.

— Acordou, bela adormecida? Você acordou e a Antonella já foi dormir — disse Cloe. — Senta aí, escuta o mar e relaxa.

Mas eu não conseguia relaxar.

A conversa fluiu e eu tentei agir normalmente, mas a cada risada de Cloe, o ciúme dentro de mim crescia. O que estava acontecendo? Era só uma amizade, certo? Mas por que eu não conseguia me livrar da sensação de que havia algo mais?

[...]

— Gente, eu vou para o meu quarto. Boa noite — disse, pegando o prato do meu lanche e os guardanapos.

— Mas já? O que foi? — perguntou Tom.

— Estou com dor de cabeça — menti.

— Quer remédio? Eu tenho — ofereceu Cloe.

— Não, obrigada. Vou deitar — respondi e segui para a cozinha.

Bebi um copo de água, desliguei a televisão e apaguei a luz. Meu pai e Melanie estavam capotados no sofá. Depois, fui para o meu quarto.

Fechei as janelas e a cortina, liguei o ventilador de teto e me deitei na cama. Mexi um pouco no celular e vi que Cloe tinha me enviado uma foto. Fiquei olhando a foto por alguns minutos.

Logo, Tom entrou no quarto e eu desliguei o celular, ajeitando-me na cama.

— Você não está com dor de cabeça — disse Tom.

— Tá no meu corpo para sentir se eu estou com dor ou não? — perguntei sarcasticamente.

— Não, mas... — começou Tom.

— Que bom. Boa noite — disse, me virando para dormir.

Um tempo depois, senti a cama afundar. Tom tinha se deitado e me abraçado, eu estava de costas para ele.

Não consegui guardar para mim. Depois de um tempo, perguntei para Tom:

— Tom, podemos conversar um minuto? — me mantive na mesma posição. Eu sabia que ele ainda estava acordado.

— Claro, o que foi? — Tom disse, se sentando na cama e ligando o pequeno abajur ao seu lado.

Falei sobre a insegurança que a amizade dele com Cloe me causava. Ele me ouviu atentamente, com um sorriso confuso no rosto.

— Mia, Cloe é minha amiga, mas você não precisa se preocupar com nada — disse ele. — Ela é lésbica, sabe? Nunca foi nada além de amizade entre nós.

Eu congelei. As peças começaram a se encaixar. O alívio e a vergonha se misturaram dentro de mim. Como eu pude pensar que Cloe poderia ser uma ameaça?

Rimos juntos da minha insegurança, e, naquele momento, percebi que o amor pode ser complicado, mas a amizade também. Aprendi que, às vezes, é preciso perguntar e confiar, ao invés de deixar os ciúmes tomarem conta.

Tom segurou minha mão, e eu soube que, independentemente das amizades, ele estava ao meu lado. Cloe se tornou parte do nosso círculo, e eu percebi que podia conviver com a amizade deles, agora com uma nova perspectiva.

Com isso, percebi que a comunicação é essencial. A partir dessa situação, aprendi a confiar mais em mim mesma e no Tom. A amizade dele com Cloe não era uma ameaça, era apenas uma parte da vida dele.

[...]

07.08 Segunda-feira

09:19

Acordei com Tom dormindo bem agarrado a mim, com o rosto em meu pescoço. Ouvi algumas pessoas falando lá fora e deduzi que já tinham acordado. Deveria estar sol, pois nem a cortina nem a janela estavam fechadas.

Tentei acordar Tom cautelosamente para que pudéssemos tomar café e ir à praia.

— Tom — falei, fazendo carinho em suas costas —, amor, acorda.

— Hm — ele começou a despertar, ainda sonolento.

— Vamos nos arrumar para tomar café. Está mais sol do que ontem. Vamos aproveitar — disse eu, e ele me deu vários beijos no pescoço.

— Tá bom, vamos — Tom se sentou na cama, me olhou e disse — Bom dia, princesa, e me deu um selinho.

[...]

— Bom dia, família — Tom cumprimentou o pessoal na cozinha. "Família?" Achei fofo.

— Bom dia, acordou de bom humor — meu pai me olhou com uma expressão estranha. Meu Deus, já sei até o que passou pela cabeça dele.

— Bom dia, gente — eu falei.

— Vou lá comprar algumas coisas. Querem ir comigo? — perguntou meu pai, e nós pedimos desculpas.

— Vou sozinho? — fez bico meu pai.

— Hm — Tom mastigou. — Não, eu vou com você. Vamos.

Os dois saíram, e ficaram apenas as meninas e Peter em casa, que largou o vídeo game só porque estava carregando.

Tomei meu café da manhã e fui me vestir com o biquíni. Passei protetor solar e levei minha cadeira para a praia. Queria pegar uma marquinha de sol, e o tempo estava perfeito.

𝐌𝐞𝐮 𝐕𝐢𝐳𝐢𝐧𝐡𝐨 - 𝘛𝘰𝘮 𝘒𝘢𝘶𝘭𝘪𝘵𝘻Onde histórias criam vida. Descubra agora