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Terça-feira, 18:43

Fiquei um bom tempo conversando com Matteo, mas não disse nada sobre o que rolou com Tom. E, não me matem, eu acabei ficando com o Matteo. Poxa, o Tom só dá mancada, não ia me prender a ele pra sempre, né? Mas é complicado, porque, no fundo, eu gosto dele.

Matteo me levou para casa. Já estava me sentindo melhor, graças a ele.

— Tchau, gatinha. Te pego amanhã às 20h? — ele perguntou, com aquele sorriso que sempre me deixa à vontade.

— Quando você quiser — respondi rindo. Ele me deu um selinho antes de eu entrar.

Assim que entrei, levei um susto. Tom e Bill estavam lá, jogando videogame com meu irmão. A mãe deles estava na sala, resolvendo algumas coisas da empresa com meu pai.

— Oi, Mia, tá bem? Você está meio pálida — disse Bill, se levantando para me dar um abraço.

— Estou sim. É que eu bebi três doses sozinha e só comi doce o dia todo, estava me sentindo mal — falei de propósito, para Tom ouvir. Ele ficou visivelmente preocupado. — Mas o Matteo me ajudou, estou bem agora.

— Por que você fez isso? — Bill perguntou, preocupado.

— Pergunta para o Tom — respondi, e subi direto para o meu quarto.

Fiquei lá até eles irem embora. Depois, desci, jantei e voltei para o quarto. Fiz minha higiene e me joguei na cama. Não tinha vontade de fazer nada. O que o Tom fez comigo? Por que me sinto assim? Mas, enfim, vou me distrair com Matteo. Ele nunca vacilou comigo, só eu com ele.

### Quarta-feira, 12:06

Acordei com uma ressaca, o que não era novidade. Matteo tinha me convidado para ir a uma boate mais tarde. Ele sabe que eu amo dançar, mas eu vou evitar beber, e ele também não vai deixar.

Fiz minha higiene e desci para conversar com meu pai. Sempre conversamos sobre tudo, mas ultimamente sinto que estamos distantes.

— Oi, pai, está de boa para conversar? — perguntei, sentando no balcão.

— Oi, filha. Pode falar — ele disse, enquanto preparava o almoço.

— Eu sei que a gente tem ficado distante. Não conversamos mais, não passamos tempo juntos, e sinto muito por isso. É culpa minha. Estou aproveitando meus amigos e não dando valor para você e para o Peter — falei com lágrimas nos olhos.

— Filha, fico chateado, mas, ao mesmo tempo, entendo. Você está vivendo sua vida. É uma garota de 16 anos, conhecendo o mundo. Eu já conversei com você sobre o que é certo e errado, e você tem consciência disso. Não vou te impedir de curtir a vida. Você sempre terá tempo para seus amigos e para a família. E você está de férias. Sei que não aproveitava a vida antes por causa da sua mãe doente. A única pessoa com quem você conversava era o Matteo, e a Lydia, mas você nem saía de casa. Eu te entendo — disse ele, enquanto eu não conseguia segurar as lágrimas.

— Obrigada pelas palavras, pai. Fico feliz que você entenda. E quero falar sobre o Matteo...

Contei sobre o que tinha acontecido, mas omiti a parte de estar bêbada. Disse que estava tomando açaí sozinha. Em algum momento vou ter que contar que bebo, mas não hoje.

— Sempre percebi algo entre vocês dois. Matteo te olha diferente. Sabe quem mais te olha assim? — meu pai perguntou.

— Quem? — perguntei rindo.

— O Tom, nosso vizinho.

— Ué, por que você acha isso?

— Ele te olha com brilho nos olhos, faz de tudo para chamar sua atenção e te ver bem.

— Você acha? — perguntei, e ele confirmou.

Depois de conversar por um bom tempo com meu pai, me senti melhor. Mas fiquei pensando no que ele disse sobre o Tom. Até meu pai percebeu esse comportamento dele. Será que não é apenas um showzinho? Esse menino me deixa louca.

19:47

Eu estava terminando de me arrumar para sair com o Matteo. Coloquei uma roupa simples, mas elegante. Fiz uns cachos no cabelo e finalizei a maquiagem. Matteo já estava na sala, conversando com meu pai. Ele é sempre pontual.

Me despedi e fomos. Matteo chamou um Uber.

Chegando na boate, estava cheia, com um clima animado. Sentamos no balcão do bar e pedimos um drink. Prometi que não ia exagerar.

— Gata, vou ao banheiro, já volto — disse ele, e eu assenti.

— Tá curtindo? — ouvi uma voz atrás de mim.

— Tô si... O que você quer? — me virei e dei de cara com Aaron.

— Nada, só vim te dar um oi. Pelo visto, já trocou de namorado, né, sua putinha — ele disse, com um tom de deboche.

— Quem você pensa que é para me chamar assim? — me levantei, mas ele me puxou de volta.

— Hoje você não me escapa — sussurrou Aaron no meu ouvido. Não entendi bem o que ele quis dizer, mas me sentei de novo e esperei Matteo voltar.

— Voltei, que cara é essa? — Matteo perguntou.

— Nada, o Aaron veio falar comigo.

— Aquele desgraçado. Ele não quebrou a cara toda? O que está fazendo aqui? — Matteo ficou bravo.

— Fica tranquilo, ele não encostou em mim. Vamos esquecer isso — disse, tentando acalmar. Ele concordou.

Virei meu drink e fui para a pista. Puxei Matteo para dançar. Minha música favorita estava tocando.

Depois de um tempo, comecei a me sentir mal. Fiquei tonta, com dor de cabeça, mas achei que fosse a ressaca de ontem. Ignorei e continuei dançando, mas não deu para disfarçar por muito tempo. Tudo começou a girar e a escurecer.

— Mia? O que foi? Você está bem? — ouvi Matteo perguntar.

— Não, estou meio tonta... — tentei responder, mas minhas pernas perderam a força.

— Mia?! Senta aqui! — Matteo, desesperado, me colocou em uma cadeira.

— Tá tudo ficando preto... — murmurei. Não conseguia mais falar. Me senti muito mal e, depois disso, não ouvi nem senti mais nada. Desmaiei.

𝐌𝐞𝐮 𝐕𝐢𝐳𝐢𝐧𝐡𝐨 - 𝘛𝘰𝘮 𝘒𝘢𝘶𝘭𝘪𝘵𝘻Onde histórias criam vida. Descubra agora