Assim que terminei de falar, ouvi o som da campainha.

— Parece que ela chegou — disse, levantando da cadeira.

— Vou lá abrir — Tom se ofereceu, com aquele sorriso travesso no rosto.

— Nem tenta fazer graça, hein? — avisei, apontando o dedo pra ele.

Tom deu de ombros, mas continuou rindo, enquanto se dirigia à porta. Logo depois, escutei as vozes dele e de Camilly chegando à garagem.

— Gente, essa é a Camilly — apresentei, assim que ela entrou. Ela parecia um pouco tímida, mas sorriu ao ver todo mundo reunido.

— Oi, prazer! — Camilly acenou meio sem jeito.

— Prazer! — respondeu Georg, levantando-se e sorrindo para ela.

— Esse é o Georg, nosso baixista. — Bill fez a apresentação de forma casual, mas percebi o leve constrangimento dos dois.

— Ah, legal... Eu sempre quis aprender a tocar baixo — Camilly comentou, tentando quebrar o gelo.

— Se quiser, eu posso te ensinar — Georg respondeu, com um sorriso tímido, mas sincero.

Tom, claro, não perdeu a chance de provocar:

— Aí, olha só, o clima já tá rolando! — ele disse, dando um leve empurrão no Georg, que revirou os olhos.

— Tom, dá um tempo, vai! — Georg disse, tentando disfarçar o desconforto.

Eu apenas ri e balancei a cabeça, sabendo que Tom não perderia nenhuma oportunidade de zoar.

— Vai ter música hoje ou só piada? — perguntei, tentando mudar o foco e aliviar a situação.

— Música, claro! — Tom respondeu, pegando sua guitarra. — Vamos mostrar pra Camilly como a gente arrasa!

Enquanto Tom pegava a guitarra, notei Karine e Estella rindo em um canto da garagem. Estella estava ao lado de Bill, ambos próximos à mesa com alguns petiscos que Melanie tinha preparado antes. Karine, por outro lado, não tirava os olhos de Gustav, que estava afinando sua bateria com uma expressão concentrada.

Eu sabia que ela tinha uma queda por ele, mas não tinha certeza se Gustav percebia. Ele parecia sempre tão distraído quando estava com a banda.

Camilly ainda estava um pouco nervosa, mas percebi que ela se soltava mais à medida que conversava com Georg. Ele, apesar de ser mais quieto, parecia genuinamente interessado no que ela falava.

— Sério? Você gosta de música eletrônica também? — Georg perguntou, enquanto mexia nos cabos de seu baixo, o rosto iluminado por uma rara curiosidade.

— Sim! Eu amo, e misturar com rock fica incrível. Você toca há quanto tempo? — Camilly perguntou, tentando puxar mais assunto.

— Ah, faz alguns anos... Não sou nenhum gênio, mas me viro bem — ele respondeu, encolhendo os ombros de forma modesta. O sorriso tímido de Camilly mostrou que a conversa estava fluindo bem.

Enquanto isso, Tom, que estava afinando sua guitarra, não conseguiu se segurar e lançou mais uma provocação.

— Tá rolando química aqui, hein? Georg até tá falando mais do que cinco palavras seguidas! — ele disse, rindo alto.

— Vai se fuder, Tom! — Georg respondeu, jogando uma palheta em direção ao irmão de Bill. Tom desviou, ainda gargalhando.

— Parem de brigar! — Estella brincou, revirando os olhos e se aconchegando ao lado de Bill, que apenas ria, acostumado com a dinâmica dos amigos.

O ensaio começou logo depois, com a banda apresentando a nova música. Eu me encostei ao lado de Karine, que não disfarçava o quanto estava vidrada em Gustav. Ela sorria a cada batida mais forte da bateria, como se fosse uma fã assistindo seu ídolo.

— Ele tá arrasando, né? — comentei, cutucando-a de leve.

— Nem me fala, menina! — Karine sussurrou de volta, o rosto levemente corado. — Será que ele algum dia vai notar?

— Não sei... mas ele tá te olhando agora — provoquei, e Karine ficou ainda mais vermelha, disfarçando com uma risadinha nervosa.

Quando o ensaio terminou, Gustav se levantou, enxugando o suor da testa. A banda tinha dado o melhor de si, e Camilly parecia genuinamente impressionada, aplaudindo junto com Estella e Karine.

Foi nesse momento que algo inesperado aconteceu. Gustav, que normalmente era o mais quieto e focado, pegou o microfone com uma expressão séria, e todos pararam para olhar.

— Pessoal, queria pedir um momento de atenção — ele começou, olhando diretamente para Karine, que parecia completamente confusa.

O silêncio se instalou na garagem, e Tom, sempre irreverente, fez uma cara de quem estava esperando mais uma piada. Mas não era uma piada.

— Karine... — Gustav continuou, com a voz firme. — Eu já tô enrolando há um tempo, e acho que hoje é o momento certo. Você quer namorar comigo?

O choque tomou conta de todos. Karine arregalou os olhos, surpresa. Ninguém esperava que Gustav fosse fazer um pedido assim, muito menos no meio de um ensaio!

— O QUÊ?! — Tom gritou, levantando-se de uma vez, com um sorriso gigante no rosto, sem acreditar na cena.

Karine, ainda sem palavras, levou alguns segundos para processar, mas logo sorriu, emocionada.

— Sim! — ela respondeu, a voz meio falha de tanta felicidade.

Todos começaram a aplaudir e gritar, até mesmo Bill e Estella, que não paravam de rir da surpresa. Tom, claro, foi o mais exagerado, gritando e pulando em volta de Gustav, enquanto Georg observava a cena com um sorriso discreto.

No meio da confusão, notei que Camilly e Georg tinham ficado mais próximos, quase sem perceber. Eles trocavam olhares e sorrisos tímidos, e a conexão entre eles estava ficando evidente. Talvez o clima de romance que pairava no ar tivesse dado uma ajudinha.

— Bom... parece que o amor tá no ar hoje — Georg comentou baixinho para Camilly, que sorriu, parecendo um pouco corada.

— Parece que sim... — ela respondeu, olhando diretamente para ele com um brilho diferente nos olhos.

Enquanto todos ainda comemoravam o pedido de Gustav, eu percebi que a noite estava longe de terminar sem mais surpresas.

𝐌𝐞𝐮 𝐕𝐢𝐳𝐢𝐧𝐡𝐨 - 𝘛𝘰𝘮 𝘒𝘢𝘶𝘭𝘪𝘵𝘻Onde histórias criam vida. Descubra agora