Chegamos em casa já bem tarde, e eu ainda estava em choque com a surpresa que os meninos prepararam. Passagens para Londres. Londres! Não era só o fato de viajarmos juntos, mas o gesto deles, o cuidado em planejar tudo sem que a gente desconfiasse de nada. Eu mal conseguia conter a empolgação enquanto subia as escadas de casa, com Tom logo atrás de mim.

— Eu ainda não acredito que vocês armaram isso — falei, rindo enquanto tentava colocar a chave na porta da frente.

— E vocês caíram direitinho — ele respondeu, com aquele sorriso travesso que ele adorava fazer. — Nem desconfiaram.

— Eu deveria ter desconfiado quando vocês saíram pra “conversar” — retruquei, empurrando a porta. — Mas estava tão focada na entrevista que nem me passou pela cabeça.

Quando entramos, a casa estava relativamente silenciosa, mas eu conseguia ouvir alguns murmúrios vindos da sala. Provavelmente meu pai e Melanie estavam assistindo alguma coisa. Soltei minha bolsa no corredor e segui em direção à sala, onde os dois estavam sentados no sofá, acompanhados da Cloe e do Peter.

— Cheguei! — falei, animada, entrando na sala.

Meu pai olhou para mim, levantando uma sobrancelha.

— Finalmente! — ele disse. — Achamos que você ia demorar mais. Como foi a entrevista?

— Foi incrível! — respondi, me jogando no sofá ao lado da Cloe. — Mas antes de falar disso... *vocês assistiram?* Estava passando na TV.

Melanie sorriu e balançou a cabeça.

— Claro que assistimos! Você apareceu, né? Não íamos perder isso por nada.

— E como foi? — Cloe perguntou, virando-se pra mim com um sorriso malicioso. — Falaram sobre vocês e seus namorados na TV?

Revirei os olhos, mas não pude evitar sorrir. Cloe sempre tinha uma piadinha dessas na ponta da língua.

— Ah, claro, as fãs estavam curiosas — eu respondi. — Mas foi tranquilo. Na verdade, a melhor parte aconteceu depois da entrevista.

Meu pai franziu a testa, curioso.

— O que aconteceu?

Tom apareceu atrás de mim, apoiando-se na moldura da porta, com aquele sorriso de quem sabia que a bomba estava prestes a explodir.

— Bom, vocês vão ficar felizes de saber que... — comecei, pausando para fazer suspense. — *A gente vai pra Londres!*

As reações foram imediatas. Melanie arregalou os olhos, surpresa, enquanto meu pai ficou boquiaberto.

— Londres? — ele repetiu, ainda processando a informação.

— Sim! — falei, rindo da reação deles. — Os meninos planejaram uma viagem surpresa. A gente vai daqui a dois dias!

Cloe soltou um assobio impressionado, olhando de Tom para mim.

— Londres? Tipo, todos vocês? Isso é muito chique, hein.

— Só o melhor pra minha garota — Tom comentou, dando de ombros e piscando pra mim.

Eu joguei uma almofada nele, rindo.

— Não dá trela pra ele, Cloe — disse, me virando de novo para meu pai e Melanie. — Mas enfim, é sério. Eles nos deram as passagens hoje, depois da entrevista. Uma semana em Londres!

— Uau, que surpresa maravilhosa! — Melanie exclamou, claramente impressionada. — Vocês merecem um descanso. E Londres é uma cidade incrível.

Meu pai ainda estava meio atordoado, mas deu um sorriso orgulhoso.

— Fico feliz por vocês, Mia. Você trabalhou duro, se esforçou, e agora está aproveitando o resultado. Só espero que tomem cuidado, é uma cidade grande.

— Pode deixar, pai — garanti, sorrindo. — A gente vai se cuidar.

Peter, que até então estava quieto, olhou pra mim com um sorriso.

— Londres, hein? Vai ser uma boa aventura. Aproveita por todos nós.

Tom entrou na sala de vez, sentando ao meu lado e colocando o braço em volta dos meus ombros.

— É isso aí. Vamos fazer essa viagem ser inesquecível.

Depois de contar a novidade para todo mundo, o clima em casa ficou ainda mais leve. A empolgação da viagem estava no ar, e eu ainda estava processando tudo. Tom e eu ficamos mais um tempo conversando com o pessoal na sala, mas logo senti o cansaço do dia batendo. Além da entrevista, a adrenalina da surpresa me deixou exausta. Era hora de descansar, e como sempre, Tom ia dormir aqui em casa.

— Vou subir, tô morta — anunciei, levantando do sofá e esticando os braços. — Você vem, Tom?

— Claro — ele respondeu, levantando logo atrás de mim.

Cloe olhou pra nós dois e soltou uma risadinha.

— Boa noite, casal — ela provocou, mas com um sorriso genuíno.

— Boa noite — respondi, revirando os olhos e pegando a mão de Tom enquanto o puxava para o andar de cima.

Subimos as escadas em silêncio, mas o silêncio confortável, aquele que só acontece quando você está com alguém que conhece de cor. Chegamos no meu quarto, e eu fui direto pegar uma roupa confortável para dormir. Tom, como de costume, já foi tirando o tênis e largando o boné em cima da minha escrivaninha, se jogando na cama como se fosse a dele.

— Cansado? — perguntei, enquanto tirava os brincos e me preparava para o banho rápido que eu sempre tomava antes de dormir.

— Você nem imagina — ele respondeu, com os olhos já meio fechados. — Esse negócio de entrevista é muito mais cansativo do que parece.

Soltei uma risada baixa, pegando a toalha.

— Acho que você tá ficando velho, Tom.

— Velho? — ele perguntou, abrindo os olhos e me encarando com um olhar de fingida ofensa. — Eu sou a juventude em pessoa.

— Claro que é — provoquei, entrando no banheiro e fechando a porta atrás de mim. Eu sabia que, em poucos minutos, ele ia estar dormindo.

Tomei um banho rápido e, quando voltei, Tom já estava praticamente apagado na minha cama, com a cara enfiada no travesseiro. Sorri de leve, secando o cabelo com a toalha. Era engraçado como ele sempre tentava manter essa pose de bad boy, mas no final das contas, ele era a pessoa mais tranquila quando estava comigo.

Apaguei as luzes, deixando só o abajur ligado, e deitei ao lado dele. Tom se mexeu um pouco, se ajeitando, e logo puxou minha cintura para mais perto, me abraçando de um jeito meio desajeitado, mas aconchegante. Ele sempre fazia isso, como se não quisesse dormir longe de mim.

— Boa noite, velhinho — sussurrei, já fechando os olhos.

— Boa noite, Mia — ele murmurou, com a voz baixa e sonolenta.

— Mia, Tom? — Eu fiz um drama

— Não, desculpa. Minha princesa, dorme bem.

E assim, adormecemos, com o pensamento de que em dois dias estaríamos embarcando juntos para Londres. Eu não conseguia imaginar uma forma melhor de encerrar o dia, sabendo que o futuro próximo seria uma aventura com ele ao meu lado.

𝐌𝐞𝐮 𝐕𝐢𝐳𝐢𝐧𝐡𝐨 - 𝘛𝘰𝘮 𝘒𝘢𝘶𝘭𝘪𝘵𝘻Onde histórias criam vida. Descubra agora