Seis anos se passaram desde que deixei a Alemanha e me mudei para a Itália. O tempo voou, e a vida tomou rumos que eu nunca imaginei. Hoje, estou morando sozinha em um apartamento aconchegante em Florença, cercada pela beleza e pela história que essa cidade oferece. O aroma do café fresco e o som distante dos artistas de rua se tornaram parte da minha rotina diária.

Após me estabelecer, decidi seguir a carreira que sempre sonhei: me tornei psicóloga. A jornada não foi fácil; estudei muito, mas cada esforço valeu a pena. Ajudei muitas pessoas a lidarem com suas dores e desafios, e isso me trouxe uma satisfação que nunca pensei que encontraria. Meus pacientes me ensinam tanto quanto eu a eles, e isso me faz sentir que estou fazendo uma diferença no mundo.

No entanto, o que mais me marcou nesses anos foi a distância que se formou entre mim e meus amigos de infância. Após três anos vivendo na Itália, percebi que o contato havia se perdido. As mensagens foram diminuindo, as chamadas se tornaram mais raras, e os encontros que prometíamos nunca aconteciam. Eu ainda me lembrava de cada um deles: Karine, Estella, Georg, Bill, e especialmente Tom. O término foi doloroso, mas ao longo do tempo, eu aprendi a me desapegar e seguir em frente. Eles se tornaram parte de um capítulo precioso da minha vida, mas agora eu estava focada em construir meu futuro.

A banda de Tom, que um dia foi o centro da minha vida, agora está em outro nível de fama. Eu não pude deixar de ver reportagens e cartazes espalhados por toda a Itália. O nome deles ecoava em todas as rádios, e suas músicas tocavam em eventos e festas. Eu costumava parar para ouvir, sentindo um misto de nostalgia e orgulho. Eles eram uma sensação e, apesar de não acompanhar a trajetória deles de perto, a parte de mim que ainda se importava sempre torceu para que tivessem sucesso.

Certa manhã, enquanto tomava meu café da manhã, encontrei uma reportagem sobre um show que eles fariam em Florença. O coração deu um aperto. As memórias voltaram à tona: as risadas, os ensaios, a conexão intensa que eu tinha com Tom e como tudo parecia tão simples naquela época. Me perguntei como ele estaria, se ainda pensava em mim de vez em quando.

Decidi que não iria ao show. Era melhor deixar as memórias onde elas pertenciam. O que eu queria era continuar seguindo em frente, vivendo minha vida e fazendo o que amo. No entanto, a curiosidade sempre esteve lá, como uma sombra que eu não conseguia ignorar. Meus pacientes às vezes traziam à tona as conversas sobre relacionamentos passados e as lições que aprendemos, e eu compartilhei minha experiência com eles, sempre enfatizando a importância de seguir em frente.

Um dia, ao sair do trabalho, encontrei um cartaz enorme do próximo show da banda na entrada de uma livraria. O evento estava marcado para o próximo mês. Eu olhei para a imagem de Tom, com seu sorriso contagiante e aquela mesma energia que sempre teve. O impulso de entrar e comprar um ingresso foi forte, mas eu hesitei.

— O que você está esperando? — me perguntei em voz alta, percebendo que ainda havia uma parte de mim que estava presa ao passado. Mas, ao mesmo tempo, sabia que era hora de viver o presente.

Por um momento, considerei a ideia de ir ao show. Mas, ao olhar para a imagem de Tom, percebi que meu verdadeiro caminho era continuar seguindo em frente, permitindo que a vida me surpreendesse. Eu tinha construído algo novo, e não precisava reabrir feridas antigas.

Nos dias que se seguiram, a vida seguiu seu curso. O trabalho me mantinha ocupada, e o sol de Florença parecia brilhar mais forte a cada dia. Eu conheci novas pessoas, fiz novos amigos e, lentamente, percebi que minha vida na Itália tinha seu próprio brilho, independente das memórias do passado.

E assim, a vida continuou, com suas surpresas e desafios. Eu estava vivendo de acordo com minha própria narrativa, e, embora Tom e os amigos de antes tivessem se tornado memórias, eu estava finalmente pronta para abraçar o futuro que me aguardava.

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𝐌𝐞𝐮 𝐕𝐢𝐳𝐢𝐧𝐡𝐨 - 𝘛𝘰𝘮 𝘒𝘢𝘶𝘭𝘪𝘵𝘻Onde histórias criam vida. Descubra agora