Uma Semana Depois
A rotina tinha mudado bastante. Desde que consegui o trabalho no shopping, mal via Tom. Ele passava boa parte do tempo livre com os meninos, ensaiando as músicas da banda, e o tempo que passávamos juntos na escola parecia tão curto… Afinal, estávamos em salas diferentes e, com meus horários, quase não conseguíamos nos encontrar depois das aulas.
Naquela quinta-feira, fui direto do colégio para o trabalho, chegando às 14h. Era meu terceiro dia oficialmente, e eu já estava me acostumando com o ritmo, o ambiente da loja e até com as interações com os clientes. No entanto, à medida que a noite avançava e a loja começava a esvaziar, senti uma pontinha de saudade apertar.
21:45
Estava organizando a última prateleira do dia quando ouvi o som da porta automática abrindo e fechei a cara ao ver… Tom! Ele estava ali, com aquele sorriso despreocupado, como se fosse a coisa mais natural do mundo.
— Ei, garota trabalhadora — ele disse, dando um sorriso brincalhão enquanto se aproximava. — Pensei em te fazer companhia no fim do expediente.
Eu sorri surpresa, enquanto guardava a última peça no lugar. — Mas e o ensaio?
— O ensaio pode esperar — ele respondeu, encostando-se ao balcão, me observando com aquele olhar que fazia meu coração acelerar. — Eu percebi que estava com saudades de uma certa alguém.
Eu ri, balançando a cabeça. — Nossa, isso foi muito charmoso. A Cloe te ajudou a ensaiar essas falas?
Ele riu, fingindo-se de ofendido. — Não preciso de ajuda pra lembrar que você é minha fã número um, lembra?
Enquanto terminava os últimos detalhes da organização, conversávamos como se não tivéssemos passado dias longe um do outro. E, por um instante, aquele trabalho difícil e a rotina cansativa desapareceram.
— Me desculpa por não passar mais tempo com você essa última semana, eu estava muito interessado na banda e nos ensaios que — Tom foi interrompido por mim
— Ei, eu sei que isso é importante pra você, mesmo que eu tenho ficado com saudades, eu sei que você está feliz, e que isso pode mudar a sua vida, tá tudo bem.
Tom me olhou com um sorriso misto de gratidão e surpresa, como se não esperasse que eu fosse entender tão facilmente. Ele suspirou, passando uma mão pelos cabelos.
— Como você consegue ser tão incrível, Mia? — ele perguntou, se inclinando para mais perto. — Eu queria te fazer feliz também, do jeito que você faz comigo.
— Você já faz — respondi, tocando o rosto dele. — Eu não te trocaria por nada, nem por todo o tempo do mundo. Só de saber que você tá realizando um sonho, isso já me deixa feliz.
Tom ficou em silêncio por um momento, parecendo pensar em algo mais profundo. — Às vezes eu fico com medo de te perder, sabia? Tipo... com essa rotina toda diferente, com a banda, seus horários, parece que tá tudo meio incerto.
Eu apertei a mão dele, sorrindo para tranquilizá-lo. — Nada disso vai mudar o que eu sinto por você. Tá tudo bem, Tom. A gente só tem que aprender a equilibrar, sabe? Mas a gente consegue.
Ele riu suavemente, como se eu tivesse acabado de aliviar um peso enorme dos ombros dele. E então, sem dizer mais nada, me puxou para um abraço apertado, daqueles que dizem tudo o que as palavras não conseguem.
22:00
Meu horário havia terminado e saímos da loja de mãos dadas, aproveitando a brisa da noite enquanto caminhávamos em direção à saída do shopping. Ele sugeriu uma volta pela pracinha próxima ao shopping, para termos um tempo só nosso antes de cada um voltar para suas responsabilidades. Era um momento tão simples, mas que parecia especial demais, como se cada instante estivesse sendo armazenado para os dias que ainda viriam.
A noite estava calma, e enquanto andávamos lado a lado, senti que, mesmo com a correria, nós dois estávamos onde deveríamos estar.
22:15
A pracinha estava quase deserta, só com algumas luzes amareladas iluminando o caminho. Paramos em um banco de madeira, meio escondido pelas árvores, e sentamos lado a lado, aproveitando o silêncio.
— Eu sei que a gente não tem passado tanto tempo junto, mas... — Tom entrelaçou os dedos nos meus, com um olhar intenso. — Prometo que vou compensar cada minuto longe de você.
Sorri, apertando sua mão. — Olha, Tom, você já tá compensando só de estar aqui agora. Além do mais, o jeito que você tá tão envolvido com a banda… é inspirador. Mesmo que às vezes eu me sinta um pouco… sei lá, tipo uma fã do Tom Kaulitz, aquele cara misterioso que é guitarrista de uma banda secreta. — Dei uma risadinha, tentando descontrair.
Ele riu também, balançando a cabeça. — Pois saiba que você é a única fã que importa pra mim. Mas agora é sério: um dia, quero te mostrar tudo. Ver você na plateia, ouvindo as músicas e sabendo que você sempre foi a primeira a acreditar em mim.
A intensidade do olhar dele era de deixar qualquer um sem fôlego. Eu o puxei para perto, e ele passou os braços ao meu redor, como se quisesse me proteger de tudo. Ali, no silêncio da noite, nossos sorrisos e olhares falavam mais do que qualquer promessa poderia expressar.
22:30
Ainda sentados, o celular dele tocou, quebrando o encanto do momento. Era Bill, provavelmente querendo saber se ele estava bem ou onde estava. Tom fez uma careta antes de atender, mas manteve um sorriso no rosto.
— Fala, Bill… Sim, estou com ela… O quê? Agora? — Ele franziu o cenho, olhando para mim com curiosidade. — Ok, vou perguntar pra Mia e já te ligo de volta.
Ele desligou, ainda com a expressão intrigada.
— O que foi? — perguntei, rindo da cara dele.
— Bill quer que a gente vá pra um “lugar especial” agora. Ele e o Gustav já estão lá, só falta a gente. Ele disse que é surpresa, mas acho que tem a ver com a banda.
Não consegui esconder a animação. — Vamos, claro! Quero ver o que vocês estão aprontando dessa vez.
23:00
Pegamos um táxi até o endereço que Bill mandou, e quando chegamos, parecia um galpão meio improvisado, com luzes coloridas piscando de forma meio desajeitada. Lá dentro, encontramos Bill, Georg e Gustav nos aguardando, com um sorrisão.
— Surpresa! — Bill exclamou, abrindo os braços.
O galpão estava transformado numa espécie de mini estúdio. Tinha um palco pequeno, com equipamentos de som, instrumentos e até um microfone no centro.
— Quando éramos pequenos, criamos algumas músicas aqui — Bill explicou, com um brilho nos olhos. — A gente ficou tanto tempo sonhando com isso, mas agora… finalmente estamos colocando em prática de verdade.
— E vocês guardaram esse segredo tão bem! — exclamei, impressionada. Eu já tinha escutado o Tom praticando com a guitarra, mas vê-lo com os outros, na atmosfera de uma banda de verdade, era algo totalmente novo.
Tom me olhou e sorriu. — Então, o que acha de ver o show mais privado de todos? E você e Cloe são as primeiras convidadas.
Eu nem precisei responder. Meu olhar e o sorriso já disseram tudo.
![](https://img.wattpad.com/cover/373611506-288-k452830.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
𝐌𝐞𝐮 𝐕𝐢𝐳𝐢𝐧𝐡𝐨 - 𝘛𝘰𝘮 𝘒𝘢𝘶𝘭𝘪𝘵𝘻
FanfictionMia Schmitz, uma jovem de 15 anos, vê sua vida mudar radicalmente, após a morte de sua mãe, quando se muda da Itália para a Alemanha com seu pai e seu irmão mais novo. Perdida em um país onde não conhece ninguém além da distante família paterna, Mia...