24.07 - Terça-feira
Minha madrugada foi um pesadelo. Vomitei, senti falta de ar e tontura. Até que meu pai chegou em casa e me levou ao hospital. Era por volta das 3h da manhã. Eu estava inconsciente no carro, mas sabia que era Tom quem estava comigo na parte de trás. Ouvia apenas alguns fragmentos de conversa: "Você vai ficar bem", "Eu estou aqui", "Está me ouvindo?" Era a voz do Tom, cheia de preocupação.
07:19
Acordei melhor, mas ainda internada. Estava deitada na cama do hospital com um acesso no braço esquerdo, e o direito estava todo roxo, de tanto que tentaram encontrar uma veia.
— Pai? — perguntei ao ver meu pai todo torto no sofá ao lado da minha cama.
— Oi? Filha!? O que foi?! Está passando mal? Quer vomitar? Ir ao banheiro?! — meu pai disparou uma série de perguntas em menos de um minuto.
— Não, pai, estou bem. Onde está o Tom? — perguntei.
— Levei ele para casa. Não podia ter mais de um acompanhante. Quer ligar para ele? — meu pai ofereceu.
— Quero. Vou avisar que estou bem. — falei.
— Bem você não está. Estamos esperando os resultados dos exames ainda. — meu pai me entregou o celular. — Vou pegar algo para beber.
Ele saiu do quarto, e eu liguei para Tom.
— Senhor Schmitz? — Tom atendeu com uma voz sonolenta.
— Tom? Sou eu.
— MIA?! Como você está? Já saiu o resultado dos exames?
— Estou melhor, toda furada. Os resultados ainda não saíram. Eu até iria te ver agora, mas visitas só são permitidas a partir das 13h.
— Não tem problema. Só queria te avisar que estou bem. — Tom respondeu, e eu senti um alívio ao ouvir sua voz.
— Que bom, moreninha. Fica bem, e qualquer coisa me liga.
— Pode deixar. Eu te amo. — As palavras caíram como um peso no meu coração. Elas tinham um significado imenso para mim.
— Mia? — Tom chamou.
— Eu te amo, Tom. — disse antes de desligar.
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Meu pai voltou com uma garrafa de água e uma latinha de coca.
— Voltei, filha. — ele disse, entregando a água. — Aqui está para você.
— Obrigada, pai. Vocês não avisaram ninguém sobre a minha internação, certo? — perguntei.
— Não. Todos ficariam preocupados. Só a mãe do Tom, Melanie e a Cloe sabem. — meu pai respondeu.
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11:34
Finalmente, meu pai conseguiu dormir. Tentei não perturbá-lo muito, já que ele havia passado a noite em claro.
— Licença, os exames saíram. Preciso acordar seu pai para conversarmos — a enfermeira entrou no quarto com papéis e ajustou o soro.
Ela acordou meu pai e saiu com ele. A ansiedade era palpável. Era tão grave assim?
— Filha... A enfermeira vai explicar para você o que você tem — meu pai disse, parecendo abatido.
— Então, Mia, você tem anemia ferropriva, que é um quadro grave e pode colocar o paciente em risco se a hemoglobina estiver abaixo de 11 g/dL. Isso impede a realização de cirurgias. — a enfermeira explicou.
— Mas por que ferropriva? — perguntei.
— É quando há uma quantidade insuficiente de glóbulos vermelhos saudáveis devido à falta de ferro no organismo. Sem ferro suficiente, os glóbulos vermelhos não conseguem transportar a quantidade necessária de oxigênio para os tecidos do corpo. — a enfermeira disse, e eu fiquei preocupada. Minha mãe havia morrido de leucemia, e tudo começou com uma simples anemia.
— Eu vou morrer? — perguntei, enquanto lágrimas começavam a encher meus olhos.
— Não diga isso, filha. Vai dar tudo certo. Descobrimos cedo. — meu pai tentou me confortar.
— Avise meus amigos, por favor. — pedi, com um nó na garganta.
Meu pai saiu do quarto e eu desabei em lágrimas. Fiquei pensando que, de fato, era recente. Fui ao hospital há menos de um mês por causa de uma overdose que o Aaron me causou, e meus exames na época não mostraram nada. Então, a anemia estava se desenvolvendo silenciosamente.
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Meu pai voltou ao quarto.
— Seus amigos virão te visitar às 13h. — ele disse, e eu me senti aliviada.
Aproveitei para dormir um pouco, mas as enfermeiras estavam sempre entrando para me dar medicação ou comida.
12:30
— Vamos acordar, seu almoço. — a enfermeira disse, deixando uma bandeja na minha cama antes de sair.
Comi lentamente, não estava com fome, mas precisava comer para colaborar com o tratamento. Estava mais atenta à televisão do que à comida na minha frente.
13:30
Recebi uma bronca da enfermeira porque não tinha terminado de comer.
— Se você não comer pelo menos metade dessa comida, não vou deixar seus amigos entrarem — a enfermeira disse.
— O quê? — eu perguntei, colocando a comida na boca rapidamente.
— Já já eles vão vir te ver. — a enfermeira completou antes de sair do quarto.
Eu sabia que ela deixaria os amigos entrarem de qualquer forma, mas usei isso como motivação para comer. Consegui terminar a maior parte, só restou um pouco de arroz. Agora, tinha que enfrentar o suco de beterraba, que eu detestava.
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𝐌𝐞𝐮 𝐕𝐢𝐳𝐢𝐧𝐡𝐨 - 𝘛𝘰𝘮 𝘒𝘢𝘶𝘭𝘪𝘵𝘻
FanfictionMia Schmitz, uma jovem de 15 anos, vê sua vida mudar radicalmente, após a morte de sua mãe, quando se muda da Itália para a Alemanha com seu pai e seu irmão mais novo. Perdida em um país onde não conhece ninguém além da distante família paterna, Mia...