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Mia's Pov

Terça-feira, 09:26

Eu dormi até o dia seguinte. Não foi bem assim, na verdade. Acordei, tomei banho, comi qualquer coisa e voltei a dormir. Meu pai está de folga, então, sem ter que disfarçar para ele, me permiti "dormir direto". Acho que ele notou a minha tristeza.

Quando finalmente peguei o celular, vi várias mensagens das meninas. Elas queriam ir ao parque aquático aqui perto. Eu? Sem a mínima vontade de sair de casa.

A ideia surgiu espontaneamente na noite anterior, depois de uma conversa animada no grupo de mensagens. Só vi as notificações pela manhã.

"O parque abre às 10h. Vamos aproveitar!", escreveu Estella.

"Amei a ideia! Estou dentro!", respondeu Karine.

"Eu também! Que horas vamos?", confirmou Bill.

"Podemos nos encontrar às 9h30 em frente ao parque, sugeriu Gustav.

Seria divertido, mas eu realmente não estava no clima. Talvez passar um tempo sozinha fosse o que eu precisava.

Levantei da cama, fiz minha higiene, mas continuei de baby doll. Não fazia sentido me trocar se a intenção era passar o dia jogada no sofá. Desci com algumas cobertas e fui direto para a sala. Meu pai e meu irmão estavam na cozinha, comendo. Dei bom dia, peguei umas tranqueiras — bolachas, energético, chocolate — e joguei tudo em um balde improvisado para levar comigo.

— Filha, não é cedo demais para comer essas coisas? — perguntou meu pai.

— Ah, pai, tô de TPM, deixa só dessa vez, vai. — menti. Não estava de TPM, já tinha passado, mas nada mais parecia apetitoso.

— Tudo bem, só dessa vez. Mas come um prato de comida mais tarde, tá? — ele disse, antes de subir as escadas.

Passei a manhã assistindo série até acabar a temporada.

13:32

— Filha, eu e seu irmão vamos ao shopping passar a tarde. Quer ir? — perguntou meu pai, ajustando o relógio no pulso.

— Não, pai, tô com cólica. Me desculpa. — menti de novo. Meu pai não tinha culpa de nada, mas eu precisava desse tempo sozinha.

— Tudo bem, vou trazer algumas coisas pra você. Se cuida e qualquer coisa me liga. — ele disse. — Vou deixar a chave com você, então tranca a porta depois.

Assim que eles saíram, voltei para minha maratona de filmes, afundei no sofá com mais doces e, pela primeira vez, pensei em ir a uma adega. Comprar algo pra me tirar dessa realidade, sei lá.

14:13

Eu estava quase cochilando quando alguém bateu na porta. Não ia levantar nem a pau.

— Quem é? — gritei, pausando o filme.

— É o Bill.

— Ué, você não foi ao parque com o pessoal? Entra, tá aberta.— voltei a atenção ao filme.

Mas quem entrou não foi Bill, era Tom. Ele fechou a porta com cuidado.

— Achei que era o Bill. Já que não é, pode sair por onde entrou, por favor. — falei, sentando no sofá.

— Por favor, Mia. Você tem motivos para estar assim comigo, mas deixa eu explicar. — ele disse, se aproximando. — Você não responde minhas mensagens, não atende minhas ligações. Tive que vir aqui. Era a única maneira.

— Explicar o quê? Que você mentiu pro Georg, jogando a culpa em mim? Não tenho nada para conversar com você, Kaulitz. Agora sai da minha casa. — me levantei, e percebi o olhar dele de cima a baixo. Claro, eu estava de baby doll.

— Porra, você é linda. — Tom disse, ainda distante. — Eu não vou embora enquanto você não me ouvir.

— Se fode, Kaulitz. Fala logo.

— Eu meio que usei o Georg pra me aproximar de você. Vocês eram muito próximos, e eu aproveitei isso pra falar mais com você. Mas eu já sabia dos sentimentos dele por você, então distorci a história pra não magoá-lo. Mas eu te magoei.

— E você achou que ia esconder isso de mim? Que ele não iria me contar? Me poupe, Tom. Se quiser continuar com isso, com a gente, vai precisar mudar muito. Não sei se acredito mais em você.

— Me desculpa, eu gosto muito de você, de verdade. Não quero perder você, nem o Georg.

— Tá bom, Tom. Se vira. Não quero que essa mentira se espalhe, entendeu? Porque, como sempre, vai parecer que só mais uma garota caiu de amores por você, e eu saio como idiota. Não sei nem se acredito que você realmente gosta de mim.

— Você pensa isso de mim? Beleza, então. Acredite no que quiser. Passar bem.— ele disse, com a voz embargada, e saiu.

Assim que ele saiu, me troquei. Coloquei um short, uma camiseta e chinelos. Fui até a adega mais próxima.

14:39

Cheguei lá, pedi uma dose de maçã verde e sentei na praça em frente. Não tinha muito movimento, apenas alguns pais com seus filhos. Eu só queria desligar a mente, esquecer de tudo por um tempo. Tomei três doses e ainda estava consciente, mas a língua já enrolava um pouco.

Até que alguém sentou ao meu lado.

— Você não era assim, boneca.

— Eu só quero sumir. — respondi, olhando para os copos no chão.

— Princesa, quer ir lá pra casa? Eu cuido de você. — olhei para a pessoa e era Matteo. Ele sempre foi carinhoso comigo.

— Eu tô bem. — menti de novo. Não estava nada bem.

— Vamos, você não pode aparecer em casa assim. — disse ele, me ajudando a levantar. — Me dá seu celular, vou falar com seu pai.

Sem pensar duas vezes, entreguei. Ele se passou por mim, avisando que eu estaria com ele.

15:29

Com todo carinho e paciência, Matteo me levou até a casa dele. Fui tropeçando o caminho inteiro, mas conseguimos. Ele me deitou na cama dele e eu apaguei.

16:19

Acordei com uma dor de cabeça infernal. Matteo estava do meu lado, mexendo no celular.

— Como você tá? — perguntou ele, se aproximando.

— Com a cabeça doendo. Obrigada por me salvar. — ri, mesmo sem vontade.

— Por nada. O que deu em você? Bebeu tudo aquilo sozinha?

— Só tentando fugir da realidade, né?

— Entendo. Mas não faz mais isso, tá? Se precisar, me chama. A gente resolve sem bebidas. — ele disse, colocando meu cabelo atrás da orelha. Tinha me esquecido o quanto ele era lindo. Meu Deus, o que tá acontecendo comigo?

𝐌𝐞𝐮 𝐕𝐢𝐳𝐢𝐧𝐡𝐨 - 𝘛𝘰𝘮 𝘒𝘢𝘶𝘭𝘪𝘵𝘻Onde histórias criam vida. Descubra agora