017

142 8 4
                                    

Nunca tinha ficado tão mal depois de beber. A sensação era horrível, e eu só tinha flashes da noite passada. Me lembrava vagamente de Matteo me entregando uma bebida e, em seguida, alguns momentos desconexos com Aaron, me arrastando para um quarto e uma voz gritando... Depois disso, nada. Meu estômago revirava e minha cabeça latejava. Será que Matteo teria feito algo comigo? Não... Ele não parecia ser o tipo. Mas então, o que Aaron fez comigo?


— Já acordou, princesa? Achei que você fosse dormir até mais tarde. — Matteo saiu do banheiro do quarto, me assustando.

— Ah... sim. — Respondi, confusa. O que eu estava fazendo no quarto dele? — O que aconteceu ontem? Não me lembro de ter vindo pra cá...

Ele suspirou e se sentou na ponta da cama, o semblante sério.

— Aaron tentou se aproveitar de você. Ele subiu com você para o quarto da Mirella dizendo que você estava muito bêbada, mas Natália percebeu que você não estava bem. Você tentou pedir ajuda, mas estava muito mal para conseguir. Então, ela foi falar com as meninas, que falaram com um tal de Bill. Ele chamou um cara chamado Tom, e esse tal Tom arrebentou a porta do quarto e deu um soco tão forte em Aaron que ele desmaiou. Ele te pegou no colo, achando que você tinha sido drogada. Mas você só disse que estava com sono. Aí eu vi a confusão e te trouxe para o meu quarto para dormir.

Meus olhos se encheram de lágrimas. As memórias, antes desconexas, agora faziam mais sentido. Eu sentia alívio e pânico ao mesmo tempo.

— E essa roupa? — Perguntei, notando a camiseta e a bermuda largas.

— Você vomitou no vestido, então trocamos. Suas amigas te ajudaram.

— Quer dizer que você me viu de lingerie? — Perguntei, nervosa, tentando aliviar a tensão.

Matteo deu uma risada.

— Não, suas amigas cuidaram disso. Só trouxe as roupas para você.

— Meu Deus, que vergonha... — Escondi o rosto nas mãos, sentindo-me um pouco mais à vontade com a situação.

— Gostei desse tal de Tom, sabia? Ele arrebentou o Aaron. Eu teria feito o mesmo, mas decidi cuidar de você. — Matteo sorriu, me olhando com carinho.

— Obrigada, de verdade. E desculpa pela confusão... — Falei, sentindo-me grata e envergonhada.

— Não precisa pedir desculpa. Fico feliz que você esteja bem. Mas acho que deveria agradecer ao Tom. Ele dormiu no sofá e não quis ir embora.

Matteo acariciou meu rosto, se aproximando. Nossos olhares se encontraram e por um momento me perdi. Mas então notei uma marca em seu pescoço, um chupão.

— E esse chupão aí? — Desviei do beijo, voltando à realidade.

— Ah, não é nada... — Ele ficou sem graça, afastando-se.

Suspirei. Não queria passar por outra decepção, como com Tom. Não queria ser apenas mais uma.

— Acho melhor eu ir embora... — Passei a mão na cabeça, sentindo a ressaca.

— Quer um remédio? — Matteo se levantou, pegando um comprimido na gaveta e me entregando com um copo d'água.

Tomei o remédio com gratidão e, de repente, uma dúvida me atingiu.

— Vocês falaram com meu pai?

— Não, fica tranquila. — Matteo respondeu, e eu soltei um suspiro de alívio.

A campainha tocou, e ele saiu para atender enquanto eu tentava colocar minha cabeça no lugar. Ouvi vozes no corredor e logo Karine e Estella entraram, carregando minhas coisas.

— Trouxemos suas roupas para você trocar. — Karine disse, com um sorriso reconfortante.

— E um café da manhã básico. — Estella completou, mostrando uma sacola com pães e suco.

Elas ficaram comigo no quarto enquanto me trocava e Matteo saiu para dar privacidade. Ele logo voltou e se sentou na cama com a gente, até que alguém bateu na porta.

— Oi, gente. — A voz de Tom soou do outro lado. — Posso falar com a Mia a sós?

Eu sinceramente não queria vê-lo, mas precisava agradecer. Se não fosse por ele, eu nem sei o que teria acontecido. Todos saíram do quarto, e Matteo me deu um beijo na testa antes de ir. As meninas disseram que iam ajudar a limpar a bagunça.

Tom entrou, parecia exausto, mas aliviado ao me ver.

— Está melhor, moreninha? — Ele perguntou, fechando a porta.

— Sim... — Respondi, tentando não parecer tão desconfortável. — A propósito, obrigada por ontem.

— Não foi nada. — Ele se sentou ao meu lado, me encarando. — Trouxe isso para você.

Tirou um pacote de trás dele. Percebi que sua mão estava inchada, machucada.

— Tom! Sua mão! — Peguei-a, preocupada. — O que aconteceu? Você... matou ele?

Ele riu, balançando a cabeça.

— Queria ter matado, mas não. Só dei um soco. Não se preocupa, já passei remédio.

Ele fez um carinho leve em meu rosto, e eu senti meu coração acelerar.

— O que tem aqui? — Perguntei, olhando para o pacote.

— Um kit ressaca. — Ele riu, me fazendo sorrir também.

Dentro havia três garrafas de água, um lanche, chocolate, remédios e até bolinhas de menta.

— Obrigada, Tom. De verdade. — Falei, abrindo uma das garrafas de água.

— Por nada. — Ele continuou acariciando meu colar, mexendo nele de um lado para o outro. Aquilo me deixava nervosa de um jeito bom, como se estivesse mexendo mais do que apenas no meu colar.

Peguei meu celular e abri a galeria. A primeira imagem que apareceu foi um vídeo meu.

— Ai, não! — Soltei um gemido. — Olha ali, Leoni virando a garrafa de vodka na minha boca! — Ri, e Tom riu junto.

— Caralho, você dança demais. — Ele riu ao ver um vídeo meu rebolando. — Não que eu não tenha visto ao vivo, né?

Ele segurou meu colar e me puxou para mais perto. Eu senti meu coração acelerar, mas então lembrei de tudo o que aconteceu entre nós. Não queria repetir os mesmos erros.

— Não, Tom. E o lance de “só amigos”? — Perguntei, tentando manter a distância.

Mas ele ignorou, selando meus lábios com os dele. Por um momento, resisti, mas então me entreguei ao beijo, um misto de desejo e raiva explodindo em mim. Que droga, Tom Kaulitz!

𝐌𝐞𝐮 𝐕𝐢𝐳𝐢𝐧𝐡𝐨 - 𝘛𝘰𝘮 𝘒𝘢𝘶𝘭𝘪𝘵𝘻Onde histórias criam vida. Descubra agora