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Quarta-feira, 02:15

Eu não sabia o que tinha acontecido, mas provavelmente foi muito álcool de uma vez só para o meu corpo digerir. Acordei em uma ambulância, com Matteo segurando minha mão. Logo depois, apaguei de novo.

Quando finalmente abri os olhos novamente, vi que estava em um quarto de hospital. Havia vários acessos nas minhas veias, e Matteo estava dormindo no sofá ao lado. Ele tinha me socorrido.

— Licença, sou a enfermeira responsável. Recebemos os resultados dos seus exames. Vou trazê-los para você — disse a mulher de branco, enquanto eu assentia, tentando me situar.

Peguei meu celular. Estava explodindo de mensagens. Meu Deus... Será que Matteo avisou todo mundo? Acho que não. Provavelmente, eles se avisaram entre si. E agora meu pai está vindo para cá... Que ótimo. É assim que ele vai descobrir que eu bebo.

A enfermeira voltou logo depois, com um semblante sério.

— Os resultados indicaram que você foi drogada. Infelizmente, isso é bem comum em boates — ela explicou.

A frase dela ecoou na minha mente. Tudo o que Aaron disse passou pela minha cabeça. "Hoje você não escapa." Foi ele. Só podia ser.

Não conseguia parar de pensar nisso. Meu pai chegou pouco depois, e a enfermeira explicou a situação para ele, omitindo a parte das bebidas. Eu nem me importava com isso agora.

— Filha, como você está? O que aconteceu? Sabe quem foi? — ele perguntou, preocupado.

— Tá tudo bem, pai. Já passou. Calma — respondi, tentando tranquilizá-lo.

No meio da conversa, Matteo acordou e pediu para falar com meu pai. Eles saíram do quarto, e eu fiquei sozinha por um tempo, tentando absorver tudo. Pouco depois, todo mundo chegou. Estella, Gustav, Georg, Karine... Todo mundo, menos Tom. Ele realmente ficou bravo comigo. E, por mais que eu tentasse ignorar, doía saber que ele não estava ali. Ele fez merda comigo, mas eu gostaria que estivesse aqui agora.

— Matteo quase matou a gente de preocupação. Ele não respondeu mais depois — disse Estella, nervosa.

— Eu fiquei super preocupado — acrescentou Gustav.

— Eu tava desesperado, ninguém me respondia! — Bill exclamou.

— Eu não sabia o que fazer — disse Georg.

— Eu entrei em choque — completou Karine.

Enquanto eles falavam, eu olhava para o nada, pensando no quão desgraçado o Aaron foi. Como ele conseguiu fazer isso comigo? Ele vai destruir minha vida. E, mesmo assim, eu não conseguia parar de pensar no Tom.

— Foi o Aaron — falei de repente, interrompendo a conversa. Todos me olharam, confusos.

— Como assim? — perguntou Georg.

Expliquei a história do zoológico e o que aconteceu hoje. Eles ficaram indignados, começaram a falar que iam matar o Aaron, que ele ia pagar caro, e outras coisas assim.

— Parece que a surra que o Tom deu nele não resolveu. Acho que vai ter que levar outra — disse Gustav, com raiva.

— Talvez precise de uma surra e de ser preso. Você sabe quem foi, Mia. Denuncia para a polícia — disse Karine, tentando manter a calma.

— Mas ele é menor de idade. Ou o B.O. vai cair nos pais dele ou ele vai para uma instituição para menores. Você que escolhe, Mia — disse Georg.

Eu apenas olhava para o nada, tentando processar tudo. Não queria falar com ninguém. Só queria dormir. Confesso, estava sentindo falta do Tom.

Incrível, vou passar o resto das férias no hospital e, depois, trancada em casa. Quero só ver se meu pai vai me deixar sair para festas ou boates de novo. Tenho que resolver isso com o Aaron, senão minha vida só vai piorar.

— Mia, posso conversar com você? — Bill perguntou, sentando-se ao meu lado.

— Claro, pode sim — respondi.

— O Tom ficou muito preocupado, mas ele não quis vir. Vocês estão brigados, né?

— Estranho ele não ter vindo. Estamos sim, mas, mesmo assim, eu deixaria a briga de lado. É o Tom, né — disse, tentando esconder a decepção.

— Você conhece o Tom, Mia. Ele ficou preocupado. Se precisar de qualquer coisa, me avisa. Quando receber alta, vou te visitar — disse ele, se levantando.

— Tá bom, Billy. Boa noite — respondi.

Todos vieram me dar boa noite antes de sair, mas pedi para Matteo ficar um pouco mais. Quando ficamos sozinhos, olhei para ele e agradeci.

— Obrigada por me salvar, mais uma vez — disse, sorrindo. Ele riu de volta.

— Por nada, princesa. Vou estar aqui para você sempre. Me avisa qualquer coisa. Se precisar, eu venho para cá ou vou para sua casa — ele disse e me deu um selinho.

Depois que ele saiu, meu pai se ajeitou no sofá do quarto, enquanto meu irmão foi para a casa da minha avó de novo. Ele está adorando ficar lá.

### Quinta-feira, 09:32

Acordei de novo, cansada. Tinha passado a noite acordando várias vezes com as enfermeiras entrando para me dar remédios. Agora era hora do café da manhã. Sentei na cama e recebi a bandeja com a comida.

Mandei uma foto no grupo para o pessoal ver que eu estava bem. Eles responderam rápido, todos preocupados. Amo esses idiotas, sempre cuidando de mim. Mas nenhuma mensagem do Tom, claro.

O tempo passou devagar. Fiz mais exames. A droga ainda afetava meu corpo, e eu teria que ficar no hospital por mais alguns dias, tomando soro e fazendo mais exames.

Estava no meu quarto quando meu pai chegou com uma cesta de chocolates e um ursinho de pelúcia. Achei que fosse do Matteo, até que ele disse que tinha encontrado no grupo.

"Se eu não posso estar aí agora, pelo menos um pouco de mim vai estar. Melhora logo, Mia." — Tom.

Meu coração deu um salto. Apesar de tudo, ele ainda pensava em mim. Eu queria tanto que ele estivesse aqui. Mas, por enquanto, os chocolates vão ter que esperar. Tenho que ficar de olho na minha saúde. Parece que ainda vou passar um bom tempo de observação.

𝐌𝐞𝐮 𝐕𝐢𝐳𝐢𝐧𝐡𝐨 - 𝘛𝘰𝘮 𝘒𝘢𝘶𝘭𝘪𝘵𝘻Onde histórias criam vida. Descubra agora