O Imprevisível Sempre Acontece | Parte 2

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O clínico geral, Dr.ª Talita, liberou Frank uma hora após ele despertar e o aconselhou a fazer terapia para lidar com o problema pelo qual estava passando. Ela indicou alguns médicos da casa que poderia avaliá-lo melhor, mas Frank rejeitou alegando que estava bem, e ela acatou a sua vontade.

Ele estava impressionado pelo fato de Patrick ter passado a noite toda ali ao seu lado, mas percebeu que o empático homem parecia ansioso e angustiado, como se quisesse dizer algo, e Patrick queria, mas não tinha coragem de contar o que havia feito, porque tinha certeza de que sua atitude não foi certa e de que Frank não reagiria bem quando visse. O medo se tornou uma tortura que foi aumentando gradativamente conforme deixaram o hospital e foram para o estacionamento.

Frank estava incomodado com o jeito estranho dele, mas ao se aproximar do carro e ver as pilhas de caixa até o teto na parte traseira, tudo fez sentido, estava mais do que surpreso.

Patrick sentiu todo o seu estômago se contrair em nervosismo, e, quando Frank o olhou de modo sério, não levou mais do que dois segundos para entrar na defensiva:

— Eu posso explicar...

— Isso não era uma decisão sua, Patrick — disse Frank, inconformado, apontoando em direção ao carro.

— Eu sei. Na verdade, foi sua — rebateu Patrick, apreensivo.

— Minha? — indagou Frank, confuso.

— Você disse que daria a ele o que ele quisesse. E ele disse que queria que você não retornasse mais para o apartamento.

Frank arfou, incrédulo.

— Ele disse. — reforçou Patrick. — E ele parecia muito convencido sobre isso. Ele disse que havia cumprido a parte dele, e que você tinha que cumprir a sua.

— Quem esse cara pensa que ele é?

— Eu não sei. Mas ele... ele me assusta, Frank. Ele parece perigoso. A forma que ele me olhava ao dizer... — Patrick tentou o interpretar Leto. — Vocês não irão me querer como inimigo.

— Vocês? — indagou Frank.

— É... bem... eu perguntei a mesma coisa, e ele disse que a escolha de me incluir nisso foi sua ao me deixar ficar.

— Ah! Mas esse filho da... Eu não vou deixar esse infeliz me manipular. — Frank se viu furioso.

— Mas foi você quem disse que daria a ele o que ele quisesse, Frank.

Frank respirou fundo, amaldiçoando a sua impulsividade. Afinal de contas, onde estava com a cabeça para ter feito um acordo daqueles?

— Olhe, Frank, eu não estou dizendo para você se deixar ser manipulado, mas você devia evitar mais problemas. Você já está passando por muita coisa agora. As últimas horas te levaram ao colapso. Este é o momento de você parar e esfriar um pouco a cabeça. Você já tem problemas demais para resolver...

— Você quer que eu me dobre as vontades desse cara, Patrick?

— Eu quero que você cumpra a sua parte do acordo. Você aceitou dar a ele o que quisesse. Você estava correndo risco de perder o seu apartamento mesmo. Qual a diferença? Pense bem, ele podia ter pedido algo muito pior. Não sabemos quem ele é? Ele disse que é seu primo, mas quem pode confirmar isso? Ele invadiu a sua casa daquele jeito. Sem falar que é um insano. Eu não acho que você devia confrontá-lo. Não agora. Não com tudo isso acontecendo.

Frank não retrucou, tinha algo na voz de Patrick que estranhamente o acalmava. Olhando para tudo que vinha acontecendo, enxergava que ele tinha razão, mas não fazia ideia de como começar a lidar com tudo aquilo. Existia somente uma pessoa naquela cidade com quem podia contar e era a única pessoa que lhe vinha à cabeça agora.

TLIAC (Frerard)Onde histórias criam vida. Descubra agora