Emoções de Um Pequeno Espaço

147 9 196
                                    

Emoções de Um Pequeno Espaço


O mundo gira e nada para no mesmo lugar....

— Carlos! — gritou Donald.

Trajano não conseguia expressar o tamanho da surpresa. Ver aquela arma apontada em sua direção através das mãos tremulas de seu próprio filho. Aquele olhar imperscrutável o fez sentir-se a pior coisa do universo. E como Carlos teve a audácia de tomar esta atitude depois de tudo que sacrificou por ele? Onde estava o respeito? Onde estava a consideração?

A palpitação se fez presente em seu peito, mas Trajano era um homem mais forte do que todos podiam imaginar e estava para nascer alguém que pudesse derrubá-lo, porque este não seria Carlos.

Donald sentiu as pernas bambas e se apoiou na mesa. Não conseguia correr até eles, não conseguia achar forças para falar.

Trajano se levantou com um olhar tão severo e assustador quanto o de Carlos, e o filho em reconhecimento se viu oscilante e pendeu um pouco a arma. Lembranças passadas referente as ralhas que já levou o trouxe consciência sobre seus atos de impulso. Entretanto um olhar arregalado já não seria o bastante para impedir Trajano.

— Está louco?! — O pai lançou uma tapa sobre a mão do filho, e Natasha escapou derrapando pelo piso. Em seguida pegou o pequeno globo de ferro e lançou contra ele que tentou desviar, mas o objeto acabou o acertando no mesmo braço que já estava ferido.

Carlos levou a mão sobre o braço emitindo uma pequena careta. Viu o pai contornar e pegar a luminária sobre a mesa a puxando com um arranque violento que fez o cabo de energia sair do bocal. No mesmo instante ele se abaixou esperando pelo pior, e sem dúvidas a repreensão explosiva de Trajano veio à tona.

— Seu mau-caráter! Como ousa apontar uma arma para mim?! — Assentou-o o plug do fio da luminária por diversa vezes e não sendo o suficiente para si, acertou-o com a própria luminária. Carlos tentou se proteger posicionando o braço a frente como um escudo, porém não tinha tanta eficácia. E mesmo Trajano sendo um velho, ainda tinha uma grande determinação.

— Pai! Chega! Pai! Pare! — pediu Donald ao conseguir ir até eles. — Pai!

— Não o defenda! — mandou Trajano.

— Pai! — Donald tentou tirar a luminária dele, todavia Trajano o empurrou e ergueu a luminária pronto para acertá-lo também quando a voz de Carlos ecoou:

— Quem é Rachel?

Trajano congelou no mesmo segundo. Olhou para o filho vendo uma pequena fileira de sangue escorrer do canto da testa dele. Os olhos levemente marejados, os lábios que haviam acabado de pronunciar o nome verdadeiro da mãe. Uma dor se rompeu no peito de Trajano, parecia que seu coração estava sendo rasgado. Uma dor tão grande que paralisou seus músculos e dificultou o ar. Seu braço pendeu, seus dedos sofreram espasmos, e a luminária veio ao chão. Empalideceu bruscamente, o corpo rateou de lado e sem equilíbrio caiu.

— Pai! — Desesperou-se Donald não demorando para se pôr de joelhos perante a ele e tentar ajudá-lo de alguma forma. — Amanda! Amanda! — Afrouxou a gravata do pai e desabotoou os primeiros botões da camisa.

Assim que a empregada surgiu, Donald ordenou:

— Chame o doutor Matinez! Agora! Diga que é uma emergência, que venha depressa, que pagamos o quanto ele quiser. Agora!

Amanda prontamente obedeceu.

Carlos não estava entendendo o que estava acontecendo, mas quando Donald começou a pedir ao pai que não morresse, ele rapidamente engatinhou até este.

TLIAC (Frerard)Onde histórias criam vida. Descubra agora