TLIAC (Frerard)

A Noite É Uma Criança

A Noite É Uma Criança

— Como você está se sentindo?

— Aterrorizado — respondeu Brendon. Estava sentado na ponta do banco da cela, sua cabeça estava encostada na grade. — Eu acho que eles não acreditaram no meu depoimento.

Segurando nas grades, Bert se agachou frente a ele.

— Eles chamaram Ray Toro para depor. Ele já chegou e está falando com o capitão.

— Isso é constrangedor. Mesmo tendo sido estranho eu ser induzido ao coma, não muda o fato de que ele salvou a minha vida. Me sinto horrível por gerar esse transtorno a ele. — Brendon corou.

— Eu tenho certeza de que ele entende a situação. Não pareceu aborrecido por ter sido chamado na delegacia. Parecia preocupado com você.

— Ele é um cara legal.

Bert concordou.

— Você acha que irei ficar aqui por quanto tempo? — perguntou Brendon, ansioso.

Em seu jeito sincero, Bert optou por contar a verdade.

— Eu liguei para a mansão. Não conseguiram um advogado. Já reviraram a agenda, já tentaram achar pela internet, mas ninguém quer pegar o seu caso.

— O que isso quer dizer?

— Sem um advogado, eles podem te manter aqui por quanto tempo quiserem. Podem te manter até o final da investigação sobre o Clauton Hanz. Pode levar dias.

Brendon fechou os olhos desejando profundamente que aquilo não acontecesse. Tudo o que mais queria era voltar para casa. Só de pensar em passar mais um dia ali todo o seu âmago se afundava em agonia.

— O que eu fiz de tão ruim na vida passada para merecer tudo isso? — perguntou arrastando os dedos sobre a calça jeans na direção do joelho.

Bert passou a mão através da fissura da grade e a apoiou sobre a dele acariciando com gentileza.

— Eu não vou te deixar sozinho. Eu vou estar aqui para você, independente de quanto tempo leve — deu um sorriso singelo o qual Brendon retribuiu. Havia algo em seus olhares, havia algo na forma como Bert o tocava; não que Brendon pudesse notar as reais intenções, ou não que ele realmente quisesse acreditar naqueles sinais.

— E o Josh e Tyler? — indagou Brendon quebrando o clima. — Eles estão por aqui? Ainda não os vi.

Bert arqueou as sobrancelhas por um momento.

— Eles estão. Mas, tenho que dizer que a coisa está feia. Principalmente para o Tyler.

— É tudo culpa minha. Por que fui inventar de ir naquela boate?

— Não é só sua. Todos nós temos uma parcela de culpa nisso. Até mesmo o Tyler. Eu e o Josh éramos responsáveis por você. E o Tyler estava na liderança do caso. Todos nós erramos.

— E o que vai acontecer com ele?

— Eu não sei. Mas, você se machucou e ficou desaparecido. O Hanz morreu. E tudo isso — Bert balançou a cabeça — Acho que ele vai ser punido de alguma forma.

****

Os dois parceiros aguardavam no corredor das salas de interrogatório. Tyler encarava constantemente a porta no final do corredor correspondente a sala na qual Ray Toro dava seu depoimento. Ainda não havia o visto pessoalmente, pois quando Ray chegou estava comprando um café.

— Isso é muito estranho.

— O que é estranho, Tyler? — questionou Josh.

— Esse cara. Para que induzir o Brendon ao coma? Não faz sentido.