A Teoria do Velho Grisalho

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Ainda naquele momento...

Patrick pôde ver Gerard se afastar do balcão ao que terminava de servir um casal, recebendo seu agradecimento. O curioso até queria segui-lo com os olhos, mas sua atenção foi roubada por um senhor que adentrava em seu bar. O homem aparentava ter uns sessenta e cinco anos, era um tanto alto e forte, usava um chapéu preto que contrastava com seu cabelo grisalho a altura do pescoço, vestia calça jeans escura acompanhada de botas afiveladas, sua blusa de botões era preta como a jaqueta de couro por sobre ela, os olhos castanhos eram misteriosos tomando todas as análises do intrigado proprietário do local.

— Quem é esse cara? — Surgiu a voz do funcionário próximo ao seu ouvido o despertando:

— Não sei. Nunca o vi antes. — Patrick respondeu sem desviar os olhos do esquisito que agora se acomodava exatamente no lugar ao lado onde Gerard antes estava.

— Ele é muito estranho. — Joe tinha os olhos um tanto arregalados e terminava de secar as mãos depositando o pequeno pano sobre a bancada inferior da parte interna do balcão.

— É eu sei. Parece aqueles caras de filmes de faroeste né?! Meio nada a ver com Parkson. — Desta vez Patrick comentava com certo ar divertido.

— Parece aqueles caras de filme de terror, que espera você se virar para pegar uma garrafa na prateleira e te enfia uma faca nas costas.

— Joe! Não força! — E lá estava o patrão e seu tom de repreensão novamente.

— Vai lá, atende você. — O medroso impulsionou seu chefe em direção ao mais velho o fazendo dar passadas largas que quase o fizeram se desequilibrar e cair. Droga! Patrick queria xingá-lo e esmurrá-lo, mas já tinha a atenção do homem em si então tinha que se recompor, todavia Joe tomaria uns bons puxões de orelha depois por quase tê-lo feito se espatifar no chão. Ah! Com certeza ele tomaria!

— Desculpe! Boa noite! O que posso oferecer? — O proprietário se mostrava simpático, entretanto o senhor não pronunciou nenhuma palavra, apenas apontou para uma das garrafas de Whisky na prateleira – de uma marca diferenciada da qual Gerard bebia. – O homem nem disse um boa noite. Um simples, boa noite! E Patrick se perguntava o que havia de errado com o povo daquela cidade. "Bando de mal-educados! " — Ah sim! Eu vou pegar para o senhor! — Ele mostrava seu doce sorriso, mas por dentro pensava coisas como: "Ele acha que sou psíquico? Médium? Vidente? Ou coisa assim?!"

Por um momento Patrick teve receio de se virar para pegar a garrafa, pois vai que o esquisitão decidisse enfiar uma faca em suas costas. Em seguida ele balançou a cabeça desacreditando que chegou a imaginar isso e cogitou que talvez fosse a hora de dar umas férias para Joe.

Após pegar a garrafa Patrick passou a servir o senhor que desta vez até o agradeceu.

Gerard cansou de disfarça aos arredores da mesa onde Frank estava. Não era falta de coragem, era apenas estranho abordá-lo depois de tanto tempo, estava um pouco sem jeito, porém não tinha mais tempo para enrolações. Ele e Max fariam aquela invasão e fariam naquela noite, só precisavam do Iero então era o momento de dar um ponto final naquela bandeira branca. Por isso Way se achegou rapidamente decidido, e puxou a cadeira da mesa ao lado a trazendo para frente de Frank, sentando-se nela com as pernas abertas, deixando seu peito encostar nas costas do acento e seus braços repousar sobre a madeira fresca da mesa.

A cabeça de Frank se ergueu no mesmo momento, os olhos surpresos cravaram-se naquela imagem egocêntrica a sua frente, esquecendo-se completamente do copo que agora ele nem mexia mais. Para ser mais claro, Frank estava em choque, os olhos não piscavam, mas os lábios se distanciavam um pouco. Foi questão de um minuto de transe e logo aqueles olhos amêndoas pareciam dois fuzis, deixando aparente para alguns conhecidos do local que a coisa estava prestes a pegar fogo – era possível ouvir algumas cadeiras sendo arrastadas e ver algumas pessoas se levantando.

TLIAC (Frerard)Onde histórias criam vida. Descubra agora