TLIAC (Frerard)

Amigos de Plantão

O sol vinha a sorrir sobre Crosfilt, dando adeus a mais uma longa madrugada. Enquanto as áreas noturnas enfim descansavam, as áreas de Tompson começavam a ficar movimentadas. As empresas iniciavam mais um dia de rotina, e cada vez que o sol se tornava mais presente a agitação naquelas ruas aumentava.

O relógio batia por volta das oito e quarenta da manhã. Nas Empresas Toro o fluxo de funcionários nos saguões dos prédios já era constante. No entanto, em um dos edifícios principais, no quinto andar, a quietude era predominante e o único barulho que ecoava vinha do escritório do filho de Russel:

- Townes nunca esteve tão perto!

- É verdade Ali! O famoso e valioso evento está chegando! O sigilo das famílias participantes estão deixando todos muito ansiosos. E os juízes do evento, não veem a hora de conhecer todos os projetos.

- E nós estamos muito curiosos para saber quem vai ser o novo vencedor deste ano.

- Será que os Toros ganharam novamente?

- Eu não sei Edu! Mas acredito que eles têm a impressionar...

O silêncio se instalou ao que Ray desligou a televisão - presa ao lado direito, em um suporte daquela vasta estante de livros que abrange a sala -, chocando em seguida o controle contra a mesa em um baque violento, ao mesmo tempo que abrigava a testa a mão livre de seu braço apoiado na estrutura.

- Eu sei que a pressão é grande, mas o que vai fazer agora? - Questionava James Dewees - seu amigo gandaieiro desde a época do colégio -, após assistir o noticiário com ele. - A parada sumiu. Você passou todo esse tempo tentando recuperar e não conseguiu. Townes está chegando, e o seu pai nem sabe sobre isso ainda. O pré-evento é daqui a algumas semanas. E depois da festa todo mundo vai começar a checar se tudo está certo com o projeto. Os chatos dos Weekes vão ser os primeiros a descobrir que ele não existe mais. E aí, você vai está ferrado...

- Dewees! - Ray o interrompeu impaciente, o vendo se sentar no estofado de couro marrom - ao lado esquerdo da sala - a encará-lo em silêncio. E então ele suspirou. - Droga! - Atordoado, passou as mãos pelos cabelos cheios. - É muito pior Dewees. É pior do que você imagina. Eu não apaguei o projeto sem querer. Eu tinha certeza que alguém tinha deletado. Desconfiei dos Ieros porque isso aconteceu logo depois que eles substituíram os Ways. Mas eu descobri que a coisa vai muito além, muito além do pior.

- Como assim? - Dewees franziu o cenho.

- Sofremos um golpe.

- O quê?

- O projeto não foi só deletado. Ele foi roubado. - Ray confessou vendo James ficar pasmo e se levantar depressa para ir até a mesa, puxando a cadeira e se sentando a sua frente.

- Me conta sobre isso direito. - O amigo pedia intrigado.

- Teve um alerta vermelho de um crachá no sistema. O pessoal disse que o crachá estava expirado e que não era nada grave. Mas eu descobri que as câmeras foram sabotadas. Elas ficaram repetindo imagens dos dias anteriores, ilusionando um plantão comum. E por incrível que pareça o horário da sabotagem ocorreu no mesmo dia do alerta no sistema. E no dia seguinte.... Puff! O projeto desapareceu.

- Como você descobriu isso?

- Eu tenho meus métodos. Você me conhece. Sabe que quando eu quero investigar algo, eu vou com tudo.

- Cara isso é loucura! Digo, não o que está na sua cabeça, mas a situação em si. Se você estiver certo...

- Eu estou certo. Nós sofremos um perfeito golpe. Eu tenho certeza! E a pessoa que armou tudo isso é um gênio. Porque eu estou tentando descobrir quem é a muito tempo, mas até agora eu não consegui.