O beijo - Parte 2

218 29 83
                                    

Gerard desacreditava no que estava vendo. Depois de dez meses, ele tinha certeza que Frank havia deixado Crosfilt para sempre, porém, ali estava ele naquele exato momento preenchendo sua visão, o fazendo se questionar sobre a possibilidade de ser uma miragem causada pela embriaguez. Além disso, ele já tinha imaginado Frank antes, havia o projetado na mente por várias vezes e de diversas maneiras, mas não havia o montado daquele jeito ainda: com o visual parecido com o Frank de sete, talvez oito, anos atrás. Aquilo podia ser uma ilusão, mas se fosse, então Patrick também seria certo? Sendo assim, Gerard sentiu a necessidade de checar de mais perto somente para ter certeza de que não era trabalho da criatividade através de seus pileques. Portanto, ele se levantou do banco o qual estava procurando um pouco de apoio na lisa madeira gelada do balcão.

Way podia sentir a leve tonteira mais presente e até deu um pequeno tropeço entre a troca das pisadas. Mesmo assim, ele continuou a se apropinquar de Frank que ao notar a aproximação se achegou um pouco para o lado um tanto receoso. Gerard parou a centímetros dele deixando os olhos o percorrer de cima a baixo. Por diversas vezes cogitou que Frank teria deformações do acidente, mas não havia nada ali, todos os membros dele estavam no lugar e não existia nenhum dano sério visível. Então Gerard passou a encará-lo de forma descarada notando aquelas amêndoas também cravadas em sua face. O que mais impressionava Gerard, era o fato de Frank está com aquele rosto tão visível sem todo aquele cabelo. Ele havia se esquecido de como as linhas expressivas dele eram marcantes. Droga! Ele estava encantado com aquela beleza. Ok! É preciso confessar que ele já estava atraído antes, dado ao fato de que desde de sua alta do hospital vinha tendo sonhos e mais sonhos com o insano Iero, fantasias até muito picantes para sua imaginação. Por causa disso, toda vez que acordava estava duro e com bombas de confusão na mente que o bombardeavam penosamente até que o efeito do álcool voltasse para seu consciente. Nos pequenos momentos lúcidos que passava tudo o consumia, desde Max ao acidente, desde a conversa com o velho grisalho aos flashes dos sonhos libidinosos com o arqui-inimigo. E naqueles instantes ele se perguntava sobre como Frank estaria, sobre onde estaria. Gerard sabia que estava sentindo algo diferente o qual não conseguia entender, apenas sentia e isso o enlouquecia. Era por isso que ele passava as noites na casa de Billie, afinal o amigo tinha o modo certo de afastar seus pensamentos atormentados.

— Algum problema? — Frank questionou um tanto rude com seus intensos olhos a fuzilá-lo.

Sim! Tinha um problema. Tinha um desespero que tomava Gerard por dentro e fazia seu coração querer sair pela boca. Uma carga elétrica em seu corpo que fazia as veias pulsar, o estomago girar, o corpo esquentar e as mãos suar. Tudo havia mudado depois da noite do acidente, e agora Gerard sempre sentia esses efeitos estranhos. Ele havia sentido quando avistou Frank através da janela naquela cama de hospital, havia sentido em todas as vezes que pensava nele, havia sentido nos sonhos e estava sentindo naquele momento. Way xingava mentalmente o velho grisalho por toda aquela coisa que ele chamava de maldição e se recusava a aceitar qualquer tipo de afeto por Iero. Negava a possível probabilidade de estar se apaixonando, por mais que, bem lá em seu interior, uma parte gritasse que ele estava. Existia algo que o puxava: uma força inevitável. Mas, poxa! Ele nunca havia tocando ou beijado Frank, a não ser nos sonhos dos dez últimos meses. Como aquilo podia está acontecendo?

— Eu Preciso ir ao banheiro. — Por fim Gerard disse saindo de seus devaneios. Ele precisava sumir dali, queria fugir da presença de Frank antes que seus impulsos alcoólicos o levassem ao desiquilíbrio da situação. Assim sendo, ele seguiu um tanto cambaleante em direção aos sanitários deixando Frank estagnado.

Joe e Patrick ficaram sem entender absolutamente nada.

****

Frank tomou o último gole de cerveja que restava na tulipa. Estava tentando relaxar e esquecer do ocorrido, mas Gerard parecia ter ficado impregnado em sua mente como um vírus que matou toda a sua tranquilidade. Ele estava impactado e por mais que tivesse superado tudo o que aconteceu naquele terrível capítulo finalizado, ainda existia uma ponta solta, uma pedrinha balançando em sua cabeça que antes não, mas agora o perturbava insistentemente. Talvez porque o dono dela estava ali sob o mesmo teto enfurnado em um banheiro. Isso mesmo! Gerard era o único que tinha a ferramenta certa para tirá-la dali. Ele tinha a reposta que Frank precisava saber, as palavras para prender aquele ponto largado durante tanto tempo. E por mais que Iero quisesse deixar para lá, não conseguia e seu corpo não sossegava no banco, porque ele tinha aquela necessidade estranha de saber os motivos de Gerard ter o salvado. Frank precisava ouvir. Algo em seu interior o impulsionava e o enlouquecia naquele exato momento.

TLIAC (Frerard)Onde histórias criam vida. Descubra agora