Assim Nasce Um Vilão

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ASSIM NASCE UM VILÃO


Frank Iero tinha o mesmo nome do avô, mas não foi por uma linda homenagem que Linda deu este fático nome para ele. Em Crosfilt o sobrenome de famílias ínclitas torna-se único nos registros e, sendo assim, antes de se chamar Frank, ele se chamava apenas de Thomas Iero. Depois de fugir com seu marido levando o seu precioso filho para longe daquele brasão amaldiçoado, Linda decidiu investir uma boa quantia para mudar o nome do pequeno Thomas.

Retirar o sobrenome Iero e acrescentar o nome Frank ao seu filho, foi uma ideia que Linda achou excepcional para mantê-lo fora de qualquer rastreio, afinal, em Crosfilt, só existia um famoso Frank, portanto toda e qualquer pesquisa sempre se voltaria para o seu sádico pai.

Linda foi refém do temor deste nome em seu filho, mas, depois de alguns anos, quem a fez ter um verdadeiro medo foi o seu filho caçula. Frank podia ter o nome do avô, mas era um amor de menino, todavia, Ryan Ross não tinha o nome, mas tinha algo muito mais em comum com a linhagem.

Observando o quintal da sacada, ela viu Frank brincando de bola com as outras crianças, contudo Ryan estava sempre num canto, analisando mais do que interagindo. A angústia que isso despertava nela não era pela aparente introversão dele, mas sim, porque as características de seu pai eram extremamente visíveis nele. Ryan sabia sorrir e encantar, um menino de palavras fáceis, não se destacava dos outros porque tinha vergonha, fazia isso para estudá-los. Ele não era tímido, era calculista. Nestes momentos, como quando os olhos dele se desviaram das crianças para ela, ciente de que estava sendo observado, que Linda via nos lumes dele que havia puxado toda a personalidade das raízes mais fortes da sua árvore genealógica.

Estes eram os olhos que refletiam no espelho ao alcançar a sua plena juventude. Mais do que ter facilidade para ler pessoas, Ryan conhecia muito bem a si mesmo, conhecia as suas qualidades e seus considerados defeitos. No início era tudo muito confuso, conviver com outros jovens cheios de energia, uma sociedade cheia de limitações para o certo e o errado; o bom e o mau.

Ryan se pôs em um pedestal de alto julgamento, porque é isso o que acontece quando se tenta viver pelas expectativas dos outros, pelo que eles esperam que você seja. E bom, é aí que começa a auto depredação. Primeiro você conhece a si mesmo, depois você ver que não é como eles esperam, então você começa a lutar contra o que é tentando se moldar para ser o quadrado que se encaixa na caixa ambulante de pessoas e você encontra dois resultados: o ódio sobre si mesmo, e a despersonalização; aquela sensação de não saber mais quem é, de ter se perdido em algum canto dentro de si mesmo.

O caçula de Linda estava assim. Ryan não suportava mais lutar consigo mesmo para alcançar as expectativas dos Crosfiltinianos a sua volta. Ele perdeu seus pais muito cedo, e seu irmão se isolou em responsabilidades de adultos, então ele estava sozinho e carente por encontrar algo em que pudesse fazer parte. Foi isso que o Colégio Central de Crosfilt trouxe a ele, uma imensa caixa de jovens eufóricos, e ele só queria fazer parte daquilo, parte de um grupo, parte de algo que pudesse considerar família. Gerard e a sua turma de amigos representavam isso naquela época.

A dificuldade que Ryan sentia para fazer parte de um grupo era gigante, não porque ele era vexado, mas porque ele inibia o que considerava ser seu principal defeito; a manipulação. Sem ela, ele não sabia como fazer parte de algo. No fundo ele tinha a plena ciência de que podia conseguir tudo o que queria, mas aquele modo era o errado. Certo?

Muitos se acoplam a caixa e, mesmo em altos e baixos, seguem em frente. Mas Ryan era extremante Iero para permanecer nela. Depois de entrar para o grupo, as coisas só pioraram. Ele queria alcançar a expectativa deles, tentando se forçar a ser o cara bonzinho e simpático, mas aquele seu considerado lado negro sempre estava lá. A cada dia ele estimava continuar fazendo parte daquele grupo, porque era bom, e ao mesmo tempo se odiava mais por não conseguir ser quem não era.

TLIAC (Frerard)Onde histórias criam vida. Descubra agora