O Que o Corpo Quer, A Alma Não Deixa

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O Que o Corpo Quer, A Alma Não Deixa

Gerard carregava dois planos em seus bolsos ao que deixou sua casa sendo abraçado pela graça de uma noite fria, porém estrelada. No bolso direito levava as alianças que selaria o pedido mais inesquecível ao amor de sua vida, no bolso esquerdo levava o pen drive que estava decido a dar fim junto com o seu amado. Eles começaram aquilo em conjunto e precisavam terminar do mesmo jeito.

O sorriso empolgado surgia involuntariamente no rosto dele mesmo com toda a fraqueza e dor que tomava todos os seus músculos. A felicidade cintilava em seus olhos apesar do abatimento explícito em suas linhas de expressão.

Gerard mal esperava o que vinha pela frente, mas no momento em que Frank mancou até o carro de Matthew e eles adentraram no veículo, a batida da porta selava um caminho sem volta. Não havia um sorriso no rosto de ambos, é como se alguém tivesse acabado de morrer; o espelho do velório. Frank fechou os olhos sentindo os pedaços de seu coração desmoronando aos poucos.

Matthew assistia a tristeza de Parkson em suas moradias opacas sob a massa de ar gélido, mas tinha certeza de que aquela tristeza não se comparava ao que seu amigo estava sentindo. Seu olhar preocupado se voltou para Frank, era como se as emoções dele estivessem exalando do corpo contaminando toda a atmosfera.

Apesar da devastação, não existia maior inquietação que a de Trajano. Seus filhos ainda não haviam voltado para casa e ele só conseguia sentir aquele incomodo persistente em seu peito, seu olhar se voltou para a foto de sua esposa em um porta-retratos sobre o criado mudo ao lado da cama. Os seus batimentos se alteraram um pouco chamando a atenção da enfermeira, ele a olhou e então arrancou novamente os marcadores de seu peito recebendo um sinal reprovador dela.

— Eu vou te dar uma nova dose, já está na hora. — Mônica se levantou da poltrona e retirou o frasco de comprimidos do bolso.

— Eu não preciso de remédio. Você não entende que tem alguma coisa errada? — indagou Trajano.

— Você teve um ataque de pânico, então é normal que ainda esteja sentindo algumas reações. A medicação leva um tempo para fazer efeito.

— Medicação é o caralho — replicou Trajano a encarando com uma das sobrancelhas arqueadas ao que ela estagnou com suas palavras.

Mônica desviou o olhar para a jarra de água vazia sobre o criado mudo.

— Eu vou buscar água para você tomar o seu remédio. Me espere aqui, por favor? — pediu ela se retirando do quarto e deixando um suspiro escapar ao que encostou a porta. Trajano era um homem difícil de aturar. Pobre coitada!

Trajano aspirou profundamente, tinha a consciência de que estava insuportável, todavia não conseguia evitar. Parecia que aquele incomodo iria o matar, não aguentaria ficar preso ali por muito tempo. Seus pés tocaram o chão, suas pernas balançaram ansiosamente enquanto tentava se decidir se levantava ou não. Pegou o telefone e discou para um dos seus capangas.

— Preciso de uma equipe aqui em casa de plantão, e preciso de uma para vasculhar esta cidade atrás dos meus filhos — disse firme tentando disfarçar a angústia.

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O forasteiro estava de partida, Bert e Brendon se despediram dele nos degraus da mansão dos Arvoredos. Lens fez questão de deixar um cartão com seu contato nas mãos de Bert dizendo que se precisassem de algo podiam entrar em contato com ele. Então seguiu o seu caminho, e Bert e Brendon fizeram o mesmo.

A limusine estacionou frente ao Stump bar, mas eles não saíram de imediato. Brendon observou o estabelecimento através do vidro obscurecido da janela do veículo, um suspiro escapou de seus lábios e Bert o observou sentindo-se aflito. Brendon mal havia digerido a notícia sobre Tyler, mas ali estavam eles em Parkson.

TLIAC (Frerard)Onde histórias criam vida. Descubra agora