Capítulo 37 - Quarta-feira

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*Logan*

Quando acordei naquela quarta-feira, senti o peso do mundo nas minhas costas. Mal saí da cama e minha mãe entrou feito um furacão no meu quarto, me dando aquele suco verde diurético (que fazia parte das dietas malucas dela, e que eu era obrigado a tomar todos os dias que tinham jogos) e revirando minhas gavetas, procurando pelo que ela chamava de "cueca da sorte".

- Isso é bobagem, e você sabe. — murmurei desanimado e coloquei o copo vazio na cômoda. Sacudi a cabeça sentindo ânsia... Eu realmente odiava aquela porcaria.

- Bobagem é vocês perderem hoje!

- Que diferença faz? Você e o papai nem assistem os jogos, mesmo.

- Sabe o quanto esses jogos serão importantes para o seu futuro?! Eles podem te dar a passagem para uma Universidade fantástica! — ela ignorou o que eu disse e disparou — E depois, você assume a liderança das empresas do seu pai.

Girei os olhos e levantei, caminhando diretamente para o banheiro.

- Mal posso esperar. — murmurei, irônico ao limite.

- Eu também!

E sim, minha mãe não entende ironias.

...

- Vamos, vamos, vamos!!!

- Para a direita, direita! DIREITA NÃO É PRA ESSE LADO, LUKE! DÊ MEIA VOLTA!

- Vocês são o que? Um time de maricas?!

- Passa a bola, passa a bola!

A única coisa que se ouvia, em um raio de três quilômetros, eram os gritos do treinador Connor. Ele sempre surtava em dia de jogos... E olha que esse nem é o ultimo.

Eu não estava tão calmo quanto aparentava. Ser o líder do time tinha seus pós e contras.

Pós: Eu era cobiçado por todas as garotas. Quem saía comigo em um Domingo, na Segunda, já era a menina mais citada na escola; Eu era popular; Me safo de várias encrencas por ser um símbolo para o Colégio.

Contras: Eu gosto de ser popular, mas tem dias que é insuportável não poder andar por um supermercado sem ser cumprimentado; Em qualquer jogo que perdemos, a culpa – sempre – é toda minha.

Então, sabendo disso, peguei pesado no treino. Ensaiei as estratégias, os arremessos e todo o resto. O treino durou toda a manhã e acabou me salvando de aulas muito chatas. Tomei um banho no vestiário, vesti-me e saí para almoçar, estava faminto.

O refeitório estava com poucas pessoas e agradeci mentalmente por isso – conseguiria comer em sossego, sem ninguém para fazer mais pressão psicológica.

Fiz meu prato – infelizmente, não com as coisas que queria, pois o treinador exigia uma alimentação leve nos dias dos jogos – e peguei um suco. Sentei-me em uma mesa sozinho e comecei a comer.

- Oi, bebê. — a voz irritante da Suzanne fez meu tímpano doer. Fazia um bom tempo que ela não falava comigo, mais especificamente desde que assumi meu "namoro" com a Chloé. — Faz um tempo que não nos falamos, né?

- Quero continuar assim.

- Aquela bruaca lá já te mudou?

- O nome dela é Chloé.

- Não interessa! — Suzanne fez voz de criança — Eu estou com saudades, amor... Lembra como costumávamos nos divertir juntos? Principalmente antes dos jogos... Quer relembrar hoje á noite?

- Não.

Ela fez bico.

- Não acredito! Atrás da arquibancada ás oito, espero você! — ela levantou e saiu rebolando, atraindo alguns olhares. Girei os olhos e tomei um gole de suco.

Aluga-se um CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora