Aluga-se um Coração

Capítulo 16 - Espanadores

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Encontrar um emprego não deve ser tão difícil assim. Eu só preciso me focar no que eu quero e procurar direitinho... Qual é, estou na flor da idade e sou muito esperta, não é possível que ninguém queira me contratar!

Cheguei cedo ao Colégio naquela manhã. Coloquei minhas coisas na sala e voltei ao pátio, onde sentei em um banco e continuei a olhar os classificados daquela manhã. Aquele jornal tinha me custado ás últimas moedas da minha carteira, então espero que exista um emprego decente aqui.

- Não, não, não. — murmurei enquanto fazia "X" nos empregos que estavam fora de cogitação. — Hm! — exclamei animada quando achei um para trabalhar em um pet shop. Eu adoro animais, só não gosto do Logan e dos seus amiguinhos, mas fora isso pet é comigo mesmo!

Parei um pouco a sentir uma pontada no meu joelho. Desde que tirei o gesso minha perna anda dolorida, e o fato deu andar todos os dias não tem colaborado muito. O médico disse que o meu processo de recuperação foi mais rápido do que era previsto (o que me deixou animada), mas se eu já tinha me recuperado por que a minha perna ainda doía?

Massageei um pouco o local e continuei a minha busca pelo emprego dos sonhos... Quer dizer, não precisava ser "dos sonhos", contanto que pagasse bem e o salário desce para (pelo menos) me matricular na Universidade, já estava de bom tamanho.

Além da vaga no pet shop, também achei um de secretária e o outro era de entregadora de jornal... Melhor que nada.

Levantei do banco ao ouvir o sinal tocar e mal dei o primeiro passo e me esbarrei em alguém. Quase caí, a sorte foi que consegui me equilibrar na perna que estava boa.

Olhei para cima e dei de cara com o Logan, ótimo, fantástico!

- Tinha que ser! — falamos juntos.

- Olha por onde anda. — ele disse e eu girei os olhos.

- Eu sempre olho pra evitar ter que olhar pra essa sua cara.

- Smith, Parker! — senhora Trunch... Ops (sem piadinhas)! Joanna, a coordenadora, apareceu no fim do corredor gritando por nós dois.

- Ah meu Deus, lá vem. — lamentei-me e segurei o jornal com as duas mãos.

- Para a coordenação. — ela disse assim que chegou perto.

- Acabei de chegar, Joanna. — Logan disse irritado e ajeitou a mochila nas costas.

- Não me interessa, Sr. Parker. Cecília quer os dois lá agora! — ela disse ríspida — E é senhora Joanna!

Logan ignorou-a e passou na frente, andando até a sala da diretora. Segui-o antes que ela começasse a me reclamar – ou apressar –. Assim que chegamos notei que o clima ali não era bom, e que o negocio ia feder nessa sala.

...

Logan é o ser humano mais desprezível da face da terra. É incrível o nojo que sinto dele! Além de ser otário e se prejudicar, ele ainda me leva junto... Olha que bonito! Eu mereço uma coisa dessas, ás vezes penso que ter jogado pedra na cruz em outra vida é pouco pro que eu passo nessa. Primeiro perco minha mala (que no final das contas foi roubada por esse otário), depois durmo no mesmo quarto que a minha arqui-inimiga (que é namorada desse otário), e então depois quebro a minha perna na viajem dos sonhos... Bom, isso não foi culpa do otário, mas mesmo assim! Sou muito azarada, preciso de um banho de sal grosso.

E aqui estamos nós, sozinhos, em uma biblioteca empoeirada do chão ao teto e entupida de livros jogados pela mesa e pelo piso. Ah, qual foi o castigo pela falta de respeito do Logan com o professor de detenção? Nós dois teríamos que limpar toda a biblioteca, e o castigo só termina depois que o lugar estiver brilhando.