Capítulo 69 - Onde Começamos

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"Meu coração está na cidade do amor

Mas está chovendo em Paris

De que adianta um coração de ouro

Sem ninguém para compartilhar isso?

(...)

Mas a vida não é nenhum romance"

*Chloé*

Paris continua do mesmo jeito desde a última vez em que a vi. Enfio as mãos nos bolsos do casaco e, quando respiro, o ar vem frio. Tremo um pouco e observo minha mãe ao meu lado. Ela não para de apontar coisas, tirar inúmeras fotos e comentar sobre os mínimos detalhes que consegue enxergar.

Eu entendo o que ela está sentindo. Deve ser algum tipo de reação imediata à Paris: todo mundo fica completamente encantado e fissurado.

— Se eu soubesse que era tão linda assim, teria vindo antes. — ela diz.

— Espera até ver a Torre Eiffel.

Chegamos hoje de madrugada. Vimos a Torre rapidamente, mas estávamos muito cansadas e optamos por dormir. Agora, descansadas o suficiente para sermos sociáveis, estamos indo até lá.

Não preciso nem dizer o que aconteceu quando ela finalmente enxergou a Torre Eiffel por completa, não é?

— Meu Deus, é enorme! — minha mãe fala. — Chega a assustar!

— Vamos ficar em baixo dela! — sorrio, e puxo minha mãe pelo braço.

Ela me segue e, quando paramos bem no meio da Torre, pede para eu tirar quinhentas fotos dela.

— Estão ficando bonitas?

— Estão lindas, mãe. — rio.

Dou um passo para trás para pegar um ângulo melhor da Torre e da minha mãe, mas sinto algo se chocar com força em mim. O impacto é grande e acabo caindo por cima de alguma coisa. Vejo minha mãe sair da pose e correr até mim com a mão na boca.

Mas eu já dou sorte nesse lugar, viu?

— Chloé! Você está bem querida? — Minha mãe me ajuda a ficar de pé, o que a torna a situação mais constrangedora ainda.

— Désolé! Êtes-vous blessé?

Interrompo minha tentativa de limpar a calça e começo a rir. Eu reconheceria aquele sotaque e aquela voz em qualquer lugar, é obvio.

— Anselme! — digo, e ele arregala os olhos.

— Chloé, meu Deus! — Ri sem acreditar e larga a bicicleta para me dar um abraço. — Eu juro que não faço de propósito!

— Ah, está tudo bem... Meio que já virou um hobby, não é? — pergunto, e ele confirma ainda rindo.

— Então você é o Anselme? — minha mãe pergunta.

— Sim, senhora. — Anselme pega a mão que minha mãe estende, mas a beija ao invés de apertá-la. Ela me olha tipo "Que cavalheiro!". — Pela beleza incomparável, acredito que você seja a mãe da Chloé.

Minha mãe ri toda cheia de si.

— Claro que sim... É um prazer finalmente conhecê-lo, Chloé me falou muito bem de você.

Aluga-se um CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora