Capítulo 13 - Primeiro dia na detenção

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...

- Anda, Chloé! Mais um segundo aqui e eu morro de fome. — Megan disse e me puxou pelo braço.

- Eu estou de detenção. — lamentei-me e ela me soltou. — Você vai ter que ir só.

- Quê?! Por quê?

- Depois te explico, mas foi por causa daquele professor encapetado.

Megan riu e ajeitou sua bolsa no ombro.

- Quantos dias?

- Três. — soltei um suspiro e ela torceu a boca.

- Pelo menos não foi uma suspensão.

Ok, se eu levasse uma suspensão seria mais fácil para a minha mãe saber do ocorrido, mas, por outro lado, eu ficaria em casa ao invés de pagar hora extra nesse Colégio de merda, então...

- Vou indo, a senhora Trunchbull já está de olho em mim. — falei referindo-me á coordenadora do colégio. Não que eu gostasse de colocar apelidos nos outros, mas ela era a cara da malvada de Matilda, sério! Mas, normalmente eu acho que ela se chama Joanna, ou algo assim.

Megan riu e me abraçou.

- Falo com você mais tarde, te amo. — ela acenou e saiu saltitando. Respirei fundo e virei-me, caminhando até a sala de detenção.

Vocês devem estar se perguntando: O que é detenção? O que vocês fazem?

Pois eis que lhes digo: Detenção é o castigo mais chato ever! Te prendem em uma sala (por uma, duas ou três horas – depende do que você fez) e te fazem repensar sobre os seus atos e fazer os exercícios que seriam para casa. Após isso, o professor responsável te libera e você vai morrendo para casa. Fim. É isso.

Mal voltei de Paris (!!!!! Ainda não superei, me julguem) e já estou de detenção. Eu sou, de fato, muito azarada, basicamente esse tipo de coisa só acontece comigo. Olha pra Megan, com ela tudo dá certo! Eu sou um desastre ambulante.

Entrei na sala e havia apenas três pessoas lá dentro, inclusive um menino do segundo B que vivia para detenção. Ele é estranho, não por ser feio nem nada assim, mas pela forma como se veste: roupas pretas, bota de couro desamarrada, vários anéis nos dedos, correntes grandes e lápis de olho. Isso mesmo, lápis de olho. Ás oito da manhã esse garoto chega parecendo que levou dois socos... Megan o acha atraente, já eu o acho sinistro e tenho até medo.

Sentei na frente – apenas para causar boa impressão, eu não estava ali por minha culpa! – e joguei a mochila ao lado da cadeira. Peguei os cadernos na bolsa e meu estojo. Estava completamente distraída quando a porta foi aberta de uma só vez, batendo-se na parede, e fazendo um barulho um tanto quanto alto.

Tinha que ser!

Logan entrou com a cara emburrada e deu uma boa olhada na sala, quando me viu girou os olhos e foi sentar-se no fundo. Olhei-o passar pelo meu lado e ele jogou a mochila no chão, para só então sentar na cadeira. Ele colocou a mão na cabeça e fechou os olhos, mas, acho que sentiu que estava sendo encarado, porque os abriu e olhou diretamente pra mim. Abri a boca mais nada saiu, eu não estava a fim de soltar piadinhas para ele então virei-me para frente e esperei pelo professor entrar.

...

São três e meia e eu quero morrer. O professor nos liberou para ir para casa e, como se minha vida realmente dependesse disso, joguei todas as minhas coisas dentro da bolsa e voei para fora da sala.

Andei pelos corredores vazios do Colégio e senti meu celular vibrar no bolso, era a mamãe.

"Que horas você vai voltar da casa da Megan?"

É, sobre isso... Eu menti para a minha mãe. Se eu contasse a verdade ela não acreditaria, e além da detenção eu ganharia um belo castigo, entãaao...

Respondi-a e disse que já estava indo para casa, o que realmente estou fazendo, mas, indo do colégio para casa, e não da Megan. Joguei o celular na bolsa e esbarrei em alguma coisa.

Não em alguma coisa, mas em alguém.

Logan segurou-me pelo braço e nos afastou novamente. Ele ainda parecia bravo, porém, tinha alguma outra coisa em seu rosto. Algo que eu não consegui identificar o que era.

Ironicamente, ficamos nos encarando e depois de um tempo eu desviei, ajeitando a mochila e tossindo para acabar com aquilo.

- Foi mal. — falei sem me importar e ele segurou a mochila nos ombros.

- Tanto faz. — deu de ombros e voltou a caminhar. Havia uma parte dentro de mim que gritava "deixa isso pra lá Chloé", mas tinha outra – a que não possuía orgulho – que falava que eu deveria me desculpar pelo que disse mais cedo.

- Logan! — gritei-o e saí correndo para alcança-lo. Ele não parou para me esperar, o que eu achei super normal, estranho seria se ele fizesse alguma gentiliza para mim. — Ei, eu só... Hm...

- Diz de uma vez. — ele falou e chegamos ao estacionamento do Colégio.

- Desculpa pelo que eu disse mais cedo. — cuspi aquilo e ele parou para me olhar.

- Sabe o que eu odeio em você, Chloé?

- Vai começar com a sua gross...

- Você fala demais! — ele disse e fez um gesto com a mão, como um pato falando. — Eu nunca te dei o direito para se referir á mim ou a minha família, então da próxima vez guarde suas opiniões para você mesma.

- Por que está sendo tão grosso? — ri irônica — Eu vim me desculpar, até parece que você é um santinho que nunca falou nada sobre mim! Faço das suas palavras as minhas.

- Me deixa em paz. — ele negou com a cabeça e entrou em seu carro, arrancando com ele logo em seguida.

Idiota, estupido, imbecil! Babaca! Otário! Cretino!

Ai que ódio!

Eu o odeio!

Eu deveria ouvir a minha parte orgulhosa com mais frequência, porque falando sério, eu não sou obrigada a ouvir tanto desaforo desse canalha! Ainda me pergunto se o que eu disse foi algo tão grave assim. Ele é filhinho de papai, provavelmente tem a vida perfeita e a família perfeita.

Aposto que isso é só cena dele.


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