Capítulo 66 - Assuntos Pendentes

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💔  

*Chloé*

Meu olhar oscila entre minha mãe e meu pai. Eu sei que errei feio, mas ela precisava contar á ele e pior, deixá-lo vir aqui? Senti-me em uma emboscada, e não havia nenhuma mentira correndo em minha mente que pudesse me livrar deste momento que está prestes a acontecer. Droga!

— Vou deixar vocês conversarem. — minha mãe diz, saindo da cozinha.

Pelo menos não vou precisar ouvir os dois ao mesmo tempo, como era antes.

— Ela contou á você? — digo direta. Talvez se ele me reclamar de uma vez tudo isso acabe antes do que estou imaginando. 

— Ela disparou algumas coisas ao telefone. — ele riu. — Senta aqui um pouco.

— Não quero. — Cruzo os braços.

— Não adianta ficar na defensiva comigo. — meu pai fala. — Prometo que serei rápido.

Solto o ar com frustração e marcho até ele. Ocupo a cadeira ao seu lado na bancada, mas não o encaro. Estou com vergonha porque depois de tanto julgá-lo por seus erros, estou com medo que ele faça o mesmo comigo. 

— Pode aplicar o castigo de uma vez, igual á mamãe fez.

— Eu até iria castigar você, mas então sua mãe disse algo sobre você ter se apaixonado pelo rapaz. 

Aperto minhas mãos em meu colo.

— Eu não menti sobre isso.

Meu pai solta um assobio.

— Namoro de mentira, hein? Na minha época não existia essas coisas.

— Por que você está aqui, pai? — encaro-o.

Ele fica segundos torturantes em silêncio. Encara suas mãos, suspira, mexe no cabelo e volta todo o processo por algum tempo. Quando já estou perdendo a paciência, ele pigarreia e começa a falar:

— Vim para ver como você está. — ele diz. — Sua mãe me contou que tem sido difícil no colégio...

— Nada que eu não possa lidar. — Mentira.

— Ela me contou o que sua colega fez. — explica. — Já falei com meu advogado.

— Não, pai...

— O que ela fez é bullying, Chloé. — ele diz. — Eu vi o panfleto...

— Ah, não... — Enterro minha cabeça nas mãos.

— E concordo com sua mãe. — Prossegue. — Não importa se você esteja errada ou não, — Meu pai ergue minha cabeça para eu encará-lo. — ela não tem o direito de achar que pode te humilhar na frente dos outros.

— Se fizemos isso, a situação só vai piorar. — digo. Minha voz falha, porque já estou tão cansada de tudo isso. — Por que você está se metendo nisso, afinal? Nem mora mais aqui...

— Você é minha filha. — ele fala, de maneira rígida. — Eu posso não ser mais casado com sua mãe, mas nunca me divorciei de você. Nunca! E nem vou. Então você pode continuar com sua birra, pode bater a porta na minha cara e ser grosseira comigo. Eu vou defender sua honra até o fim dos meus dias, porque sei a filha incrível que criei. Pouco me importa se você aceitou namorar alguém de mentira e por dinheiro, ninguém tem o direito de falar mal de você por que...

Não o deixo concluir a frase. Abraço-o fortemente pelo pescoço e deixo as lágrimas caírem com força. Os soluços são fortes e fazem meu corpo chacoalhar. Depois da surpresa, meu pai me abraça de volta e deixa que eu encharque toda sua camisa.

Aluga-se um CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora