Capítulo 23 - Uma ajudinha amiga? Parte 2

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*Logan*

Tirei a camisa do time e entrei no vestiário. Arrancei meus tênis e peguei uma toalha limpa no armário. Segui até os chuveiros e quando estava prestes á tirar o resto da roupa, Luke entrou todo irritadinho.

- Você quer me explicar que merda foi aquela? — ele perguntou irritado e eu girei os olhos, enquanto me encostava á parede.

- Falei o que todos queriam falar, mas, não tem coragem. — gabei-me e ele me passou um olhar furioso.

- Está brincando com a minha cara? Você tem noção do que fez? Suzanne faz parte do nosso grupo, Van Helsing!

Dei risada e joguei a tolha sob o ombro.

- Por que está tão chateado, Luke? Parece até que você é melhor amigo dela...

- Não sou, mas eu pego ela. Depois do que você fez...

- Disse.

- Tanto faz! Acha que ela vai dar alguma bola pra nós?

- Se ela não der, pra mim não faz diferença. — dei de ombros — Já peguei gente muito melhor que a Suzanne...

- Quem é você? — Luke perguntou e eu ri — E não vou nem falar sobre você ter ajudado aquela zé-ninguém!

- Não fala assim dela... — falei e ele riu sarcástico.

- O que?! Por quê? Viraram amiguinhos depois do mico que ela pagou?

- Quer saber, Luke, talvez sim! — abri os braços e torci a boca — Pelo menos ela é menos chata que a Suzanne.

- Ok, você bateu a cabeça em algum lugar? Bebeu? Fumou?

Ri e neguei com a cabeça.

- Vou tomar banho, ganharei muito mais.

...

Ultimo sinal do dia soou e eu recolhi minhas coisas. Joguei a mochila no ombro e peguei as chaves do carro dentro do bolso traseiro da calça. Por onde eu passava, ouvia cochichos, risadas e expressões surpresas. Odeio todo mundo desse Colégio, eles não têm nada melhor para fazer?!

Empurrei as enormes portas e saí daquele inferno. Respirei fundo ao ver a Suzanne logo á frente. Ela estava com cara de quem tinha chorado e eu precisei segurar a minha vontade de rir. Lágrimas de crocodilo...

Acionei o alarme do carro e entrei. Joguei a mochila no banco do passageiro e dei partida. O transito estava tranquilo, e eu fiquei imerso em pensamentos. Eu não me arrependia do que tinha falado á Suzanne, mas, comecei a me questionar se tinha sido um pouco precipitado em ter ajudado a Chloé. Eu posso confessar a mim mesmo que senti pena: Ela caiu toda estabanada no chão e a primeira coisa que as pessoas fizeram foi rir. Ela ia chorar, só pela sua cara dava para deduzir isso, e eu não pensei muito ao levantar e caminhar até ela.

Era como se não fosse o meu eu – o normal – agindo. Obvio que eu estava pensando no meu plano, mas, eu poderia tê-lo começado em um outro momento... Quem sabe quando a Chloé não estivesse precisando de ajuda de verdade?

Suspirei e parei em uma sinaleira. Do nada, uma fina garoa começou a cair timidamente. Fechei as janelas do carro e, assim que o sinal abriu, virei á esquerda. Olhei de relance para o lado e uma garota, bem parecida com a Cleide, andava contra o vento e tomando toda a chuva. Virei o rosto e tentei seguir em frente, mas a curiosidade falou mais alto. Olhei novamente e constatei que era a própria. Girei os olhos e abri o vidro.

- Ei. — chamei e ela me olhou.

- O que foi, Logan? — ela disse e se abraçou, por conta do vento frio.

- Por que está indo andando para casa? — indaguei e ela sorriu irônica.

- Eu não sei, queria tomar uma chuvinha.

- Ok. — disse e fechei o vidro. Acelerei o carro e logo começou a chover bem forte. Olhei pelo retrovisor e vi a Chloé abrir os braços e olhar para o céu, como quem diz "É sério isso?". Parei o carro novamente e ela logo me alcançou, porém, continuou na calçada. — Você não tem um guarda-chuva?

- Eu o esqueci em casa. — ela murmurou. — Pode ir para casa, Logan, eu vou ficar bem.

- Não que eu me preocupe com você. — falei e ela assentiu.

- Idem. Mas não tem ninguém por perto, então não precisamos fingir nada...

- Você tem razão. — eu disse e voltei a acelerar. Eu queria ir para casa, queria mesmo, mas algo estava me prendendo. E eu não sou tão ruim assim...

Parei o carro e abri a porta. Chloé não precisou de explicações, logo ela estava dentro dele.

...

- Eu sei que as minhas chaves estão aqui em algum lugar... — ela disse revirando sua bolsa. Suspirei cansado e desliguei o carro, eu não queria gastar mais gasolina.

- Leve o tempo que precisar.

- Sério?

- Não! Adiante, eu não sou o seu motorista! — disse ríspido e ela girou os olhos.

- Você percebeu que me ajudou duas vezes em um dia? Eu estou meio chocada... — ela disse e eu virei sua bolsa de cabeça para baixo. Chloé grunhiu e começou um protesto, mas eu peguei suas chaves e coloquei em sua mão.

- Aqui, agora cata isso e dá o fora do meu carro. — falei e ela riu, enquanto recolhia suas coisas.

- Estava sendo gentil demais para ser você, se é que me entende.

- Tudo que você faz é me irritar, Chloé! — disse bravo — Sim, eu te salvei de um mico e te dei uma carona! Você não pode ficar calada e viver com isso sem fazer piadinhas?

- Você tem razão... — ela disse sem jeito — Obrigada pela carona. — saiu do carro e correu até a entrada da sua casa.

Ótimo, agora eu estava me sentindo um ogro ignorante.

Eu devo ter mesmo batido a cabeça em algum lugar, não posso estar normal! Desde quando me importo por ser grosseiro com ela?

Preciso de uma cerveja... E de uma mulher.


*Chloé*

- Mãe? — chamei assim que passei pela porta. — Você está em casa?

Nada. Nenhum movimentou ou som... Tirei os sapatos e o casaco molhado. Subi as escadas com pressa e entrei no meu quarto. Eu precisava de um banho bem quente, ou morreria congelada. Tirei a roupa e entrei depressa em baixo do chuveiro.

A água imediatamente me fez relaxar, e eu consegui esquecer do mico que paguei naquele Colégio... Eu estava com tanta, mas tanta raiva da Suzanne, que poderia mata-la! Por outro lado, era meu ultimo ano e eu não merecia passa-lo atrás das grades. Logo eu estarei em São Francisco, e o meu namoro falso com o Logan vai me levar até lá.

Só preciso aguentar mais alguns meses sem ficar louca...


Aluga-se um CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora