-- O que foi? Não está gostando da comida? - Mainha perguntou, não sabia ela que o problema não era a comida.
-- Estou, Mainha, só estou pensando. - Não fazia outra coisa senão pensar. À minha frente, meu pai também compartilhava o mesmo olhar fixo no prato.
-- Não parece, você mal tocou na comida.
Não respondi, apenas continuei olhando aquele prato, como se no fundo dele estivesse a resposta para todas as minhas dúvidas.
O que mais me doía era vê-lo à minha frente, mal tocou a comida durante o jantar, acho que ele estava tão perdido em pensamentos quanto eu. Mas eu sabia o que fazer e faria qualquer coisa para não ver meu pai nem minha família sofrendo.
Meu nome é Juliane, tenho 18 anos e estou cursando o segundo período de medicina em uma universidade pública, lutei muito para chegar aqui, sempre trabalhei e guardei o que pude para este momento. Medicina, durante toda a vida, foi minha única opção, e sabia que não seria fácil, porém, não esperava a reviravolta que minha vida deu neste mês.
Na verdade, ninguém nunca está preparado para uma tragédia, a doença do meu pai acabou virando minha vida de cabeça para baixo, mudando todos os meus planos.
Sou a segunda filha de uma família de cinco filhos, meu pai é o provedor da casa e é comerciante informal no Recife, popularmente conhecido como camelô. Tudo ia bem até meu pai sofrer um infarto e ficar impossibilitado de trabalhar. A renda da minha família agora se resume ao que minha mãe ganha fazendo faxinas e o que eu ganho da bolsa de iniciação científica.
Não sabia mais o que fazer, a situação a cada dia ficava pior, e minha poupança aos poucos estava se esgotando. Só me restava abandonar a universidade para trabalhar e ajudar minha mãe ou continuar a ver minha família sofrendo e passado necessidades.
Tinha outra opção, mas essa era a mais drástica: entrar na prostituição.
Minha beleza ajudaria, por ser uma mulher muito bonita, com 1,70m de altura, cabelos bem pretos, na cintura, olhos verdes, lábios grossos e bem desenhados, pele clara. Não faltaria trabalho, não tenho corpão, mas, com um mês de academia, dá para definir e, aos poucos, modelar.
A decisão foi tomada, iria me transformar numa prostituta de luxo, porém, ainda não havia me preparado, teria que seguir algumas etapas para o plano dar certo e não ser descoberta. Eu tinha um futuro, uma carreira pela frente, não poderia me arriscar, faria tudo no anonimato, viraria um personagem, uma garota com outro nome, outra aparência.
Parece fácil falar que fazer isso é a única saída, e há quem pense que não é, mas temos que ser práticos, não existe trabalho que me pague tão bem em tão pouco tempo.
Fazer o que estou prestes a fazer requer coragem, é um caminho que não tem volta, é uma decisão que vai mudar e marcar minha vida para sempre.
***
O primeiro passo foi achar um horário para encaixar a academia, depois, encontrar um lugar seguro e confiável, pois não iria me prostituir em qualquer esquina. Se era para ser garota de programa, eu seria uma de luxo, com clientes que pagassem bem.
Pesquisei muito e encontrei o lugar ideal, um site com clientes cadastrados que só tinham acesso ao perfil se pagassem uma quantia bem generosa por mês. Era um site de acompanhantes de luxo, com peço fixo de R$500 a hora.
Continua...
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O que há dentro do dragão
RomanceO que você seria capaz de fazer para ajudar sua família? Até onde você iria para não desistir de seus sonhos? Juliane foi capaz de criar uma segunda identidade para não desistir de seus sonhos nem de sua familia, em algumas noites do mês ela é Maria...